"[...] alguém que me ensine a amar!".
Foram as últimas palavras que ela escreveu no seu diário naquele dia, já se passava das 00:30, 00:37 para ser mais exato. Ela precisaria acordar cedo, pois amanhã... Há, amanhã, começaria uma vida diferente, se é que se pode chamar de vida oque aquela garota começaria a encarar no dia seguinte.
Amanhã ela iria para o reformatório, tudo porque um idiota transformou teu sonho em um pesadelo. Antes que pudesse fechar o diário as lágrimas que corriam pelo seu rosto encharcaram a página de seu diário.
" Toc Toc.". Ela deu um pulo da cadeira quando ouviu as batidas, logo fechou o diário e o escondeu.
— Pode entrar, a porta tá aberta— Sua voz antes doce, agora tinha um tom amargo, ela bem que tentou segurar os soluços, mas era em vão, sua tristeza a derrubara.
Dedos redondos e um pouco gordos apontam na porta, suas unhas com o esmalte descascando denunciavam sua desvaidade, então á mulher colocou metade de seu corpo para dentro do quarto, aquela mulher era a mãe da garota triste, uma mulher de mais ou menos 30 anos, estatura média, rechonchuda, olhos redondos cor de castanho, boca carnuda, cabelo preso em um rabo de cavalo mal feito. Ela estava na porta, observando sua filha que não teve coragem de encara-la, seu olho redondo caiu em tristeza, seu olhar era forte, tão forte que foi capaz de segurar ás lágrimas que ela sentirá ardendo dentro de si, mas ela tinha que dar exemplo a sua filha e mostrar ser forte... ou au menos, fingir ser. Ela ficou ali por cerca de 1 minuto e meio, sem dizer uma palavra, olhando fixamente sua filha que se escondia. Então, ela se aproximou, passos lentos e pesados, logo estava do lado da filha que estava de cabeça baixa escondendo as lágrimas, ela se sentou na cama, e ficou por mais cerca de três minutos observando a dor da filha, e isso também doía nela, sério, dor de mãe! Doía muito. Por um instante ela fraqueja-ra e deixou escapor uma lágrimas, acompanhada de um soluço, a garota que se escondia, agora procurava lentamente o olhar dolorido de sua mãe que tentou enxugar a lágrima e disfarçar sua dor, mas era impossível, sua filha estaria num reformatório no dia seguinte.
Quando o olhar da garota se encontraram ao dela e fixaram-se nele, não haveria força no mundo capaz de suportar tamanha dor, seus olhos mais pareciam nascentes d'água, deciam cascatas de seus olhos. Agora era ela que se senti-rá envergonhada ao lado da filha, que já não chorava mais, pelo menos as lágrimas cessaram, mas a dor continuava a mesma, ou pior por ver sua mãe daquele jeito, elas se olharam fixamente por trinta segundos, até que a garota não resistiu e se jogou nos colos de sua mãe, carinho, era tudo oque ela queria naquele momento, um amor de verdade, e ninguém melhor para lhe dar isso que sua mãe.
— Eu te amo, te amo, te amo, te amo...— era só isso que Dona Aura conseguia dizer a sua filha, sua voz era de uma criança, uma criança sofrendo muito.
Aquelas palavras foram tão confortáveis para o coração machucado da garota. Ela não disse uma palavra. Só sentiu o calor de sua mãe. Ali ela ficou por dez minutos, quando estava pegando no sono sua mãe se levantou e saiu sem dizer uma palavra, talvez quisesse chorar sozinha, eu estava com pena ou raiva de algo. Não sei, mas a garota se sentiu tão só, quase que como se até Deus tivesse a esquecido, e a dor era sua única amiga. A garota dormiu.