REVENANT

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Os pequenos braços gordinhos empilhavam peças de um brinquedo de montar bem colorido, o garoto ali tinha o ímpeto de construir um castelo, não era um trabalho fácil, mas o pequeno Nolan não iria desistir e não aceitaria ajuda de seu pai que o assistia com um sorriso enorme no rosto, agradecendo a Deus por aquele presente em sua vida desde que nasceu.

— Eu queria tanto montar também, pena que meu filho não deixa! – O homem deixa sair, mas como um devaneio zombeteiro em voz alta. Ambos estavam na sala de sua casa, Thomas trajava seu uniforme de polícia e tomava uma xícara de café, sentado no tapete onde o filho brincava.

— Você é ruim nisso, papai! – Nolan deixa uma das peças cair.

— Ah, eu sou? Nossa, você é malvado, filho.

— Só um pouquinho.

— Pois já que eu sou ruim, vou ter que prender você! por desacato! – O mais velho está sorrindo, seu filho já tinha quase seis anos e já era esperto nas respostas, logo, Thomas sabia o que viria a seguir:

— Eu chamo a mamãe pra me soltar!

— Mas que abusado! – Thomas afaga a cabeça do garoto que sorri. – Eu te amo, meu garotinho lindo, nunca mude essa ambição em você, ok?

— O que é ambição?

— É essa vontade de querer as coisas, de fazer o que puder para conseguir, você vai muito longe na vida assim, sabia? – As palavras do mais velho entram pelos ouvidos do menor e ele fez uma careta, seguida de um sorriso.

— Entendi... Eu quero ser igual você papai.

— A mim? – Thomas demonstra uma surpresa genuína.

— Quero ser policial! Um bem legal que prenda os malvados!

— Ah, mas vai precisar percorrer um longo caminho! Você acha que consegue, seu malandrão? – Thomas diz pegando o filho nos braços e fazendo cócegas, o menor se esbalda de sorrir.

— Eu consigo! Eu consigo!

A sensação do toque dos dedos do pai e o calor da cena dá lugar ao frio da chuva que começava e aos pingos por todo o seu corpo, um Nolan no final de sua adolescência corria pela noite, as ruas de Forctown parecia erradas para ele e sua mente estava em espiral. A roupa já estava pesada e seus cabelos caíam sobre o rosto, a cada passo, uma sensação estranha apenas aumentava em seu peito e uma angústia se espalhava pelo seu ser.

— E-eu consigo... Eu... Consigo. – Ele deixa sair, seu corpo parecia errado, cada molécula de si, cada fibra parecia estranha. Nolan não sentia o seu coração bater, havia um gosto estranho na boca, diferente de tudo o que sentiu antes, mas não tão ruim, na verdade, muito bom. Seus olhos ardiam e seus pés, que vez ou outra pisavam em poças rasas, perdiam as forças a cada passada, até parar de sentir de vez o chão apenas sob eles, mas também em toda a parte frontal de seu corpo.

Nolan havia caído.

E sendo assim, passado um período de blackout, ele então, desperta eufórico e assustado. Percebeu estar em uma cama confortável em um quarto grande, bastante decorado com pôsteres de esportes e alguns animes. Havia uma estante com vários troféus e outra com vários modelos de carros em miniaturas. Uma poltrona preta rodeada por vários puffs e uma guitarra encostada em um deles.

— Wow... – Ele se senta na cama, sua mente estava em branco, pelo menos nos últimos acontecimentos. A porta se abre e um rapaz adentra, com um sorriso no rosto. Nolan franze o cenho, era Marcus. O mesmo Marcus que o irritava na faculdade no começo, que nutria um ódio por Yuri e todo o grupo, mas que de uma hora pra outra viu sua vida ser mudada para sempre também. O mesmo que sequestrou e ajudou a salvar Yuri de um maluco. Ele parecia genuinamente feliz em ver que Nolan havia acordado.

A Herança Animal 2 (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora