𝐂𝐚𝐩𝐢𝐭𝐮𝐥𝐨 𝟐

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𝐏𝐨𝐯 𝐀𝐥𝐥𝐲𝐬𝐬𝐚:

Assim que pulamos do trem no centro da cidade, o grupo de audaciosos se dirigiu ao prédio que chamamos de Eixo. Entramos e avistamos vários grupos de várias facções diferentes. Vimos os metidos da Erudição, em suas vestes azuis, os sabe-tudo da Franqueza, os carinhosos da amizade, e os altruístas e apáticos da abnegação. Assim que entramos no edifício, recebemos vários olhares curioso e de reprovação das outras facções, mas os audaciosos não dão a mínima para isso.
Ficamos esperando até sermos chamado por ordem. Algum tempo depois, eu ouvi meu nome ser chamado e me dirigi a sala onde seria aplicado o meu teste. Me surpreendi ao ver que quem aplicaria meu teste, seria Tori, uma integrante da audácia. Ela sempre foi muito fechada, então nunca tive muitas trocas com ela.

- Allyssa, pode se sentar. Vou lhe entregar um líquido azul e você vai apagar, mas isso faz parte do teste, fique tranquila. - Tori me deu as instruções com sua voz calma enquanto eu me sentava na cadeira do teste.

- Ok, agora é só esperar fazer efeito? - perguntei ansiosa.

- Isso, logo logo você apaga.

- Ok...- disse já sentindo meus olhos pesarem, e logo em seguida eu apaguei.

Abro os olhos novamente e me vejo em uma sala repleta de espelhos, olho em volta e percebo duas pequenas mesas. Encima de cada uma, há um objeto diferente. Na primeira, há um pedaço de carne, já na segunda, há uma faca. Fico olhando os objetos e ouço uma voz me dizendo:

- Escolha. - diz a voz desconhecida, em um tom sombrio.

Eu analisei os objetos por mais um tempinho e ouvi novamente a voz gritando:

- Escolha antes que seja tarde!

Eu me assustei e rapidamente, acho que por impulso, e talvez um certo costume, peguei a faca em minhas mãos.
Assim que me virei para ver de onde vinha aquela voz misteriosa, eu ouvi um rosnado vindo de trás de onde eu estava. Assim que olhei em direção ao barulho, avistei um enorme cachorro preto, com seus dentes a mostra e em posição de ataque. Assim que vi o animal, pensei em pegar o pedaço de carne para distraí-lo, mas quando olhei em direção ao local das mesas, não havia mais nada lá. Quando pensei em olhar para o animal novamente, ele começou a correr em minha direção.
Eu não sabia o que fazer, então me acalmei, e pensei no que seria mais sábio, pois eu não poderia matar aquele cachorro com as minhas próprias mãos. Então me lembrei de uma conversa que tive com minha mãe quando ainda era pequena. Ela me disse, que assim como as pessoas, os animais se sentem ameaçados quando veem algo maior do que eles, e se esse algo maior for uma pessoa, eles não pensariam duas vezes antes de atacar.
Me lembrando desse diálogo, eu resolvi me abaixar, ficando de joelhos no chão, assim eu ficaria na altura do animal, e não representaria perigo.
Assim que o mesmo se aproximou mais, eu vi que seu ritmo de corrida diminuiu, e quando ele chegou em minha frente, ao invés de me atacar, ele lambeu o meu rosto, como quem pedia por carinho. Eu fiquei instantaneamente aliviada por não ter matado um animal indefeso.
Segundos após esse ocorrido, eu avistei uma menininha de aproximadamente sete anos ao meu lado, ela tinha longos cabelos castanhos, olhos claros e pele clara. A garotinha se parecia muito comigo quando pequena, e logo a menor me perguntou:

- Esse cachorro é seu?

- Na verdade não, não faço ideia de onde ele veio. - respondi a menina com um leve sorriso.

Assim que olhei para o animal novamente, seu olhar estava focado na garotinha, e sua pose de ataque estava de volta. No momento em que a garotinha começou a fugir de medo, o cachorro avançou em sua direção, pronto para atacá-la. Mas eu não poderia deixar isso acontecer com uma criança inocente, então corri em direção a garotinha, e me coloquei em sua frente, segurando seu corpo pequeno em um abraço e apontando a faca na direção do cachorro, para defender a menina do suposto ataque.
Assim que o cachorro chegava perto, eu fechei meus olhos com força e senti meu corpo levantar em um solavanco.

𝐋𝐨𝐬𝐭 𝐆𝐚𝐦𝐞 - 𝐄𝐫𝐢𝐜 𝐂𝐨𝐮𝐥𝐭𝐞𝐫 (𝐃𝐢𝐯𝐞𝐫𝐠𝐞𝐧𝐭𝐞)Onde histórias criam vida. Descubra agora