𝐃𝐎𝐈𝐒

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A nave estava destroçada. Pelos estragos, havia caído provavelmente de um planeta distante da Terra. Ou então havia se envolvido em uma luta feia e a nave já tinha danos antes, que só pioraram com a queda. As naves Galra são resistentes. Pelo menos as novas que Krolia e os membros da lâmina andavam a construir eram, segundo Pidge.

Ao ver aquele cenário, tive que tentar me recompor. Ficar ali parado não iria resolver nada. Rapidamente adentrei a nave, nem sequer me importando com os destroços ou com uma lâmina perto.

— Keith... — A minha voz soou fraca enquanto me ajoelhava a seu lado. Naquele momento tirá-lo da nave era o mais importante, o resto era o resto.

Com cuidado peguei no corpo de Keith e o retirei da nave, tirando os objetos da minha frente para conseguir passar. Era exatamente como no meu pesadelo.

Caminhei com o corpo de Keith para fora da nave e do local onde a nave estava. Agora estávamos a uns metros de distância do local. Deitei Keith no chão com cuidado e comecei a ver os sinais vitais dele. Estavam fracos. Muito fracos.
Aquilo sem dúvida era um mau sinal e eu não conseguia nem pensar no que fazer de tão preocupado que eu estava.

Respirei fundo, e tentei pensar.

Após a morte de Allura, ela havia transferido os poderes para mim. Lembrei-me de que ela uma vez conseguiu me reviver quando me coloquei à frente de um raio para a proteger. Eu só precisava tentar fazer isso.

Imediatamente coloquei as minhas mãos no peito de Keith e fechei os olhos.

— Allura... Por favor. Dá-me o teu poder... — Não sabia se aquela era a maneira certa de começar um poder de cura, mas não tinha opções.

Senti uma energia vir para meu corpo, as minhas marcas começaram a brilhar em um azul brilhante e todo o meu corpo brilhava na mesma cor. Um poder de cura apareceu em minhas mãos. Esperava que aquilo desse certo, seja lá o que eu estivesse a fazer.

— Vá lá... Acorda, mullet! — Disse eu, tremendo e sentindo umas lágrimas escorrerem dos meus olhos, não vendo nenhuma reação vinda do corpo de Keith. Estava a tentar concentrar-me, mas não sabia se estava a fazer um bom trabalho. Tive essa confirmação quando senti uma leve mexida. Abri os meus olhos levemente e vi o corpo de Keith mexer.

Após longos minutos, os olhos roxos de Keith abriram-se lentamente. O seu olhar parecia distante e confuso. Não o culpava, provavelmente nem sequer sabia onde estava ou o que aconteceu. A cabeça dele moveu-se levemente para a minha direção, mas eu estava mais focado em curar o resto dos seus ferimentos.

— Lance...? — Ouvi-o dizer o meu nome. Por uma fração de segundo desconcentrei-me e a energia curativa que havia ganho desapareceu, junto com o brilho das minhas marcas. Não o havia curado completamente, mas pelo menos os olhos dele abriram.

— Keith! — A minha voz soou aliviada ao ver ele acordado e as minhas bochechas haviam ficado molhadas. A voz dele ainda estava fraca, mas era normal. — Seu idiota!

— Onde... O que aconteceu? — Ele tentou-se se sentar, mas obviamente não conseguiu. Ainda estava fraco, eu não havia conseguido o curar completamente e, por algum motivo, senti que não conseguia voltar a acessar aquele poder.

— Isso tenho eu de perguntar! — Respondi. — Vi a tua nave a cair aqui. E tu estavas inconsciente e a sangrar, estavas quase morto!

O olhar dele divagou enquanto me ouvia. Parecia que ele não estava a lembrar-se do que havia acontecido antes de colapsar. — Estou... Na Terra então?

Assenti. — Sim... Mais precisamente perto da Fazenda e da minha casa. — Olhei para ele.

Ele tentou se sentar novamente, mas desta vez lá conseguiu se equilibrar. Pôs a mão na cabeça e olhou para mim de volta. Não sabia o que ele estava a tentar dizer com o olhar, mas percebi que ele havia se lembrado de qualquer coisa.

Locksmith || KlanceOnde histórias criam vida. Descubra agora