Capítulo 11 - Bunda de bêbado não tem dono, mas a do Deku tem

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Tirar a roupa do Katsuki e botar na máquina de lavar - de uma forma não muito delicada, confesso - foi a primeira coisa que eu fiz depois de ler a mensagem do Todoroki. Me senti bem melhor já sem todas aquelas roupas pesadas - e nem estou me referindo ao tecido.

Katsuki tem um cheiro forte e característico. Mesmo com as suas roupas já longe do meu corpo, eu podia sentir aquele aroma específico impregnado na minha pele também.

Revirei os olhos.

Se eu fosse o Izuku apaixonado de antes, eu estaria cobrindo meu nariz com as roupas dele e chorando ao som de It Must Have Been Love do Roxette – não me orgulho em dizer que foi exatamente o que eu fiz na noite em que terminamos, quando achei algumas roupas dele esquecidas no varal. Porém, o Izuku apaixonado de hoje já não tem mais estoque de lágrimas para jorrar – mentira, daqui a pouco tô chorando de novo -, então, como agora sou um ser humano equilibrado - mais ou menos, mais pra menos -, só aceito minha realidade infeliz e vou comer um pastel enquanto penso se queimo as roupas dele ou se as uso pra fazer uma caminha pros cachorros de rua - e aqui eu confirmo o quão equilibrado e emocionalmente estável eu sou.

Tomei um banho - o cheiro do Katsuki já estava me causando náuseas, isso para não falar o contrário - e vesti uma bermuda verde folgada e uma camisa preta um pouco oversized, que as mangas desciam até os meus cotovelos.

Depois desse look perfeito para fazer uma social com os mendigos do meu bairro, avisei para Uraraka que iria dar uma passada no apê do Shoto. Ela não perguntou nada, já que ela sabia que ele queria falar comigo e tudo mais. Apenas acenou com a mão, me olhou com os olhos brilhando em uma mistura de ansiedade com curiosidade e me disse para contar tudo depois. Mandei um dedo do meio pra ela e saí.

Se fosse há uma semana, eu preferiria enfiar minha cara no microondas a ter que aparecer na frente do Todoroki de um jeito tão nada charmoso. Entretanto, de alguma forma, agora eu simplesmente não ligo mais. Não estou dizendo que meu interesse pelo Todoroki morreu - afinal, se tem alguém que pode me tirar da barra que é gostar do Katsuki, esse alguém é ele -, mas o dia já tinha sido muito exaustivo e deprimente, o que me fez chegar num ponto em que eu já tava só cagando pra tudo - afinal, eu percebi que ainda estava apaixonado pelo meu ex escroto, tem como ficar pior?

Dei dois toques fracos na porta e Shoto não demorou a atender.

Ele usava uma calça de moletom azul-marinho e uma camisa branca que não era colada, mas dava uma certa delineada em seus músculos. Os cabelos bicolores estavam bagunçados e ele me fitava, com seu olho azul e o outro castanho, de um jeito que me fazia arrepiar.

Tinha me esquecido do quão lindo ele é.

- O-oi. - Pigarreei. - A Uraraka disse que-

- Sim, eu sei. Quer entrar? - Disse em seu típico tom calmo, porém firme, e abriu uma passagem para mim.

Pedi licença - sei que já éramos amigos o suficiente para não precisar de tais formalidades, mas de repente eu fiquei nervoso - e entrei.

O que será que ele queria falar comigo?

- Quer beber alguma coisa?

- Não, valeu. - Parei no meio da sala, minhas mãos juntas atrás do meu corpo indicando meu nervosismo.

- Fui te ver na enfermaria, mas você estava dormindo.

- Uraraka me falou.

Me virei de frente para Shoto. Ele estava com as costas escoradas contra a porta, as mãos afundadas nos bolsos da calça. E, a julgar pelo seu olhar intenso sobre mim, senti como se eu fosse uma presa caindo na armadilha do caçador.

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