Pesadelo Vívido

13 2 0
                                    

Abri os olhos, percebendo que meu corpo estava em exaustão, não podendo nem arrastar se quisesse, como se estivesse presa no chão. Respirei fundo pra que pudesse encarar o que estava acima de mim; o céu estava escuro, talvez faltasse poucas horas para o amanhecer, mas isso era de longe o menor problema do que estava diante de mim, um espelho enorme, cuja altura era quase indescritível, mas se eu me esforçar te diria que ele estava preso por correntes agarrados as estrelas.
Meu corpo não era difícil de se ver, como se a lua fosse uma lanterna que eu não havia pedido para ser acesa. A primeira coisa na qual reparei foi como aquela figura parecia melancólica, com a pele pálida, cabelos negros bagunçados sobre a grama, as olheiras profundas por tudo aquilo que havia se tornado.
Desejei por um segundo deslizar o dedos nos fios de cabelo o colocando perto da face, deixando que as pontas ficassem ao lado dos meus seios, mas aquilo não tornaria-me mais bonita.
Deixei que meus olhos rastejassem mais uma vez diante o espelho, eu não havia perdido peso, mas me sentia mais fraca.
Não estava diferente do que sempre fui, senti minha cabeça doer quando tentei me mover, passando a língua entre os lábios enquanto meus olhos marejavam. O gosto era de arrependimento tinto engarrafado.

"Um dia fui amada"
Mas aquilo não tinha poder nenhum agora. Encarando meus olhos no reflexo, senti que o espelho se abaixava cada vez mais.

"Eu não quero continuar viva"
Era a frase que ecoava na minha mente sempre que as lágrimas escorriam, lágrimas que eram gordas e quentes como fervura.

Minhas mãos começaram a tremer, finquei os dedos na grama alta, segurando as folhas como se aquilo fizesse toda dor passar. O ar não parecia mais existir, meu coração palpitava ninguém vai vir me salvar.

O espelho começou a rachar, e ali estava minha penitência, orava para que o espelho se partisse e me tirasse a vida com um placa grotesca no peito, mas como das outras vezes aquilo nunca passou de uma rachadura imaginária.

Não havia nada que pudesse ou quisesse me punir, a dor era minha, os erros também. Seria luxúria da minha parte desejar que algo ou alguém acabasse aquilo que comecei, todos os trovões, terremotos, incêndios.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Mar 01 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Pesadelo VívidoOnde histórias criam vida. Descubra agora