capítulo 09

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Sabado.

Garden City.


Mayle Connelly.

∆∆

Eu já tinha chorado tanto que a cada cinco segundos eu soluçava 

Era estranho para mim esse sentimento, esse medo. Eu nunca senti medo de perder alguém. Isso era estranho pelo fato de não saber se eu sentia tristeza ou raiva, pois ela havia me abandonado, e mais uma vez eu estou aqui, preocupada e amedrontada ao lado de Roger.

Roger me disse que os médicos iriam me deixar entrar para vê-la, e desde então não consegui dormir. Quatro horas da manhã e eu ainda não preguei os olhos, a desconfiança por Roger está bem ao meu lado, o medo de que os médicos tenham esquecido de me chamar para vê-la.

Estava tudo acumulado.

Me ajeitei na cadeira olhando para Roger querendo ou não eu tinha que cuidar dele minha mãe nunca me perdoaria se eu deixasse algo acontecer com ele, então meus olhos sempre olham para seus machucados, sua perna engessada e vários machucados espalhados pelo corpo. 

Ele se move e vira a cabeça na minha direção, seus olhos azuis me encararam e eu rapidamente viro o rosto para encarar a cortina fechada. Sentir a presença de Roger me irrita.

— Você não dormiu nem um minuto, Maylinha — Roger diz com voz baixa e suave. Ele não parece o mesmo homem de antes.

— E nem vou. — murmuro ainda sem me virar, e escuto ele soltar um longo suspiro.

— Acho que já vou ter alta, meus machucados podem ser cuidados em casa — Ele diz com mais animação na voz desta vez.

— Ótimo, vou ficar aqui e esperar minha mãe melhorar. 

— Mas Maylinha, eu não posso ficar sozinho. — ele insiste.

Reviro os olhos. 

Eu nunca seria a cuidadora dele.

— Pague alguém, Roger. Minha prioridade é minha mãe — Levanto-me da cadeira inquieta.

 Não quero mais ficar dentro dessa suposta toquinha com ele.

— Sua mãe não iria gostar que eu pagasse alguém, e a maioria das cuidadoras são mulheres. — ele vira o corpo para a parede, provocando minha revolta.

Decido não gastar saliva, é melhor ignorar. Arreganho a cortina e saio sem olhar os outros pacientes. Abro a porta e dou de cara com um médico careca, segurando uma pasta com um crachá escrito "Roberto".

— Olá, você é... — ele olha para a pasta antes de terminar a frase. — Mayle connelly 

— Sim, sou eu. — respondo, já esperando notícias sobre minha mãe.

— Tânia Connelly, é sua mãe? — o médico pergunta.

— Sim, como ela está? — perguntei, a ansiedade dentro de mim estava me consumindo.

— Eu não posso dizer nada sem o consentimento de Roger, desculpe. — Ele passou por mim e entrou na sala, indo até Roger e me deixando sem nenhuma notícia.

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