Capítulo 19

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Uma semana.

Esse era o tempo que eu dormia no sofá de dois lugares do hospital e minhas costas reclamavam todos os dias ao levantar por ter passado horas encolhido.

Uma semana que eu não ia mais para a escola, porque sabia que caminhar por aqueles corredores, com todos me olhando de forma estranha por causa do ocorrido na quadra, iria me destruir em vários níveis.

Uma semana sem Louis.

Uma semana vendo o homem diante de mim respirar por aparelhos.

Meu pai.

Ele tinha ido para uma pequena cidade no interior do país, a algumas horas de carro daqui, e passado dias e mais dias trancado em um quarto de hotel bebendo whisky e qualquer outra coisa com álcool que encontrasse. Uma noite ele saiu para beber em um bar de dois andares que fornecia uma vista incrível da cidade à noite. Estava tão fora de si que rolou dois andares de escada.

Fiquei sabendo disso tudo pela policial que tinha me telefonado para avisar que meu pai estava em coma.

Em coma!

Olhando-o ali, com os cabelos bagunçados, a barba mal feita e o pulmão subindo e descendo graças a aparelhos, senti raiva.

Pura raiva.

Raiva dele por simplesmente ter ir embora.

Raiva de mim mesmo por ter deixado minha vida cair em um poço sem fundo de uma hora para outra e não ter nenhuma corda para me ajudar a sair dali.

Saí do quarto, que tinha virado quase minha casa naquela semana, e me joguei em um dos bancos de espera do corredor branco e vazio do hospital.

Baixei o rosto entre os braços e então chorei.

Mesmo com a falta de carinho, a ausência e a incompreensão, ele era meu pai, a última parte da minha família que restava. Eu tinha perdido minha mãe muito cedo, não tinha irmãos nem avós e a única pessoa que eu poderia confiar e amar agora me odiava.

Então chorei.

Aquilo era o que eu mais tinha feito naquela semana, por todos os motivos que consumiam minha alma.

De repente, ouvi passos apressados e leves pelo corredor junto com uma risada gostosa e infantil. Não olhei para ter certeza, mantendo o rosto escondido, mas parecia ser uma criança.

Percebi seus passos pararem perto de mim, o riso sumir e uma vozinha conhecida sussurrar:

- Hazzy? Você está chorando?

Ergui o rosto.

Fizzy me olhava com seus grandes olhos azuis arregalados, os cabelos castanhos e finos presos por laçinhos coloridos e o rosto coberto de maquiagem borrada: batom vermelho e sombra verde escura espalhada quase até as bochechas muito vermelhas de blush. Ela parecia ter caído em um pote de maquiagem e estava parecendo uma pequena palhaça.

Sequei os olhos nas costas da mão e estendi meus braços para ela. A menininha pulou nos meus braços imediatamente e se aconchegou no meu colo.

- Um cisco caiu no meu olho - Falei e tentei abrir um sorriso confiante. - E você, mocinha, o que faz aqui sozinha e ainda mais toda colorida assim?

Ela riu.

- Mamãe me trouxe para brincar com as meninas carecas.

Meu queixo caiu e uma pontada de dor passou pelo meu coração. A ala das crianças com câncer.

Fizz pulou do meu colo, puxando meu braço, saltitante e animada:

- Vem comigo, Hazzy! Nós já maquiamos todas as enfermeiras!

Como não te amar? (Larry Stylinson AU)Onde histórias criam vida. Descubra agora