Art Deco

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Alane Dias

Quando Marcus me falou sobre uma social, não imaginei que fosse de fato uma festa. A cobertura estava reservada para eventos como aquele, completamente lotada, uma música alta preenchia o lugar e pessoas bebiam, dançavam e riam. Era totalmente diferente do que estava esperando, porém, tal fato me animou. Não estava com disposição alguma para festas desanimadas e chatas. Meu objetivo ali não era diversão, porém, aproveitaria ao máximo, precisava de um pouco de música e álcool.

Caminhamos para um lado mais afastado, onde a música não era tão alta e Marcus me apresentou para alguns engravatados, muito bem educados e não tão asquerosos como outros que encontrara desde que chegara no local.

Sentia alguns olhares sobre mim e o efeito que me causava era delicioso, sempre gostara de sentir-me bem e notar o quanto apreciavam o que viam. Estava trajando um terno preto, bem alinhado ao meu corpo, feito sob medida para valorizar cada curva, não possuía muitas, porém, as usava da melhor  forma. Por baixo do blazer, uma tomara-que-caia branca, justa à minha cintura e claro, os saltos. Diferente do que costumava usar, meus cabelos estavam lisos e soltos. Meu rosto bem marcado pela maquiagem forte, o negro destacando os meus olhos e o vermelho realçando meus lábios.

Meu parceiro vibrou ao me encontrar, saltitou como uma gazela, dizendo o quão impecável estava e que ele seria o "pica de ouro" da festa por poder se exibir comigo. Não podia negar o quanto ele era divertido longe dos familiares, me arrancava risos fácies, porém, seu bom humor acabava por se tornar irritante. Feliz demais para o meu gosto. Não que eu não gostasse de felicidade, mas nada abalava seu humor. Eu mesma perdera a paciência nos encontros de sua família e ele se mantinha sempre lá, com o sorriso no rosto, dizendo amém a tudo. Passivo demais.

– Você ainda não me contou como foi com os Soldati, Bella! – Ele sussurrou para mim enquanto pegava duas taças da bandeja do garçom que transitava pelo local.

– Sem novidades, Marcus. Que curiosidade! Algum interesse no senhor Soldati? – Ele revirou os olhos e fez uma careta como se estivesse ofendido.

– Evandro é meu amigo! E não faz meu tipo, prefiro os loiros, você sabe. – Sorriu galanteador como se me fizesse algum cortejo, recuperando seu ar másculo, tentando não se esquecer de onde estava. Ri da situação em que o mesmo se encontrava, não aguentava mais aconselhá-lo para sair do armário. Não devia nada à ninguém, era dono de si, nunca entenderia o motivo de querer viver de tal forma.

Me aproximei, apoiando uma das mãos em seu ombro e com a outra ajeitei sua gravata, beijei-lhe o canto dos lábios e sorri. Ele sabia que eu não costumava agir com tanta generosidade e riu baixo.

– O que está querendo, hm? – Perguntou-me diretamente e eu ri, balançando a cabeça negativamente.

– Nada, meu bem. Apenas estou carinhosa hoje. Senti saudades! – Menti. Na verdade, havia visto Yasmin e Evandro adentrarem o local, evitei o contato visual e dediquei minha atenção à Marcus, ousando a tocá-lo de maneira íntima. Pensar na possibilidade de deixar Brunet desconfortável me apeteceu, eu nunca havia agido de tal forma, porém não resisti.

Senti seus olhos me queimarem a pele, não precisava olhar na sua direção para ter certeza que me fitava. Marcus olhou por cima do meu ombro e sorriu, fazendo um breve aceno com a cabeça.

– Ei, Marcus! – Evandro disse ao se aproximar, obrigando-me a virar-se para ele e sua esposa. O rapaz não conteve a surpresa ao me ver e seu sorriso enfraqueceu, tornando o meu cínico. Fitei Brunet e lhe sorri largamente, aproximando-me para cumprimentá-la cordialmente com dois beijos no rosto.

Evandro não disfarçava seu espanto, talvez achasse improvável a possibilidade de Marcus levar-me para a festa da empresa, ou então estava apenas desconfortável pelo fato ocorrido de manhã. Gentilmente ele arrastou Marcus para um canto e eu sorri em agradecimento, podendo assim ficar um instante à sós com fucking Brunet.

Shades of Cool (Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora