O Pequeno Tritão

Prólogo

Você acredita em sereias? Bom, se a resposta for sim, você vai se encantar com essa linda história onde um corajoso tritão vai salvar e se apaixonar por um príncipe humano. Mas eu já estou falando demais, vamos começar essa história de uma vez.

O Reino Subaquático

No fundo do mar, onde os humanos jamais ousaram explorar, lá é a morada do povo do mar, onde as mais belas criaturas místicas vivem. Na parte mais profunda está um lindo castelo de coral decorado com conchas e pérolas cintilantes. 
Neste castelo vivia a rainha do mar Maressa, com sua longa cauda na cor turquesa decorada com doze ostras. Após a morte do rei, ela governava com o apoio de sua sogra Corália, a sereia mais velha daquele reino. 
Inteligente e amorosa, a velha sereia cuidava de seus netos, três belas sereias. Delphine, a primogênita, que tinha uma linda cauda num tom rosa, assim como seus longos cabelos. 
Sirena, a segunda mais velha, que tinha uma cauda na cor violeta, e Ondina, que tinha longos cabelos ondulados e cauda alaranjada. Por último, mas não menos importante, Pearl, o filho mais novo, que tinha cabelos ruivos e uma linda cauda esverdeada com um degrade que ia do roxo para o rosa conforme ele nadava. 
O jovem tritão estava prestes a completar a maior idade, onde ele finalmente se sentará no trono real como o novo rei dos sete mares.
Durante o dia, Pearl era ensinado a como governar o reino enquanto suas irmãs ficavam na parte de fora do castelo no jardim real, onde cada uma das princesas tinha o seu próprio terreno para cuidar e moldar da forma que elas quisessem.
O pequeno tritão também possuía um terreno no jardim, onde ele passava a maior parte do seu tempo quando não estava nas aulas.
Diferente do jardim de suas irmãs, o jardim do tritão era decorado com objetos dos humanos que caíam no mar e combinavam perfeitamente com as lindas flores na cor rosa avermelhada como grande sol na superfície. No centro do seu jardim ficava uma linda estátua de um príncipe humano com quem o tritão conversava.

— Você não cansa de conversar com essa estátua, meu pequeno irmão?— Perguntou Delphine enquanto ajeitava as flores rosas do seu jardim.

— Você sabe que não, Del um dia eu vou conhecer um príncipe humano como este e nós vamos dançar sob a luz do luar.— Respondeu o tritão colocando uma tiara de flores aquáticas na estátua.

— Você e os seus sonhos com humanos.— Disse Ondina sentada no seu jardim, penteando o seu longo cabelo ondulado que brilhava como o sol.

— Os humanos são tão estranhos, eles vivem escondendo aquilo que eles chamam de...— Dizia Sirena, tentado se lembrar da palavra até que...— Pés!— Disse o tritão empolgado. — Isso mesmo, pés.— Completou a sereia de cauda violeta.

— Os príncipes daqui são muito mais belos que os príncipes humanos.— Disse Ondina.

— Eles são comuns, assim como as outras princesas daqui.— Disse Pearl.

— Esta chamando as suas irmãs de comuns também?— Indagou Sirena, mexendo a sua longa barbatana lilás, fazendo milhares de bolhas atingirem o rosto do pequeno tritão.

— Ei, para com isso.— Disse Pearl rindo.— É claro que não, vocês são as sereias mais especiais deste reino.— Completou ele.

— Acho bom mesmo.— Disse Sirena, fazendo um sorriso de canto.

O pequeno tritão nada até o jardim de sua irmã Delphine.

— Me conte de novo sobre o casal humano que você viu quando subiu à superfície.— Disse Pearl, se sentando em um coral cérebro que ficava no centro do jardim de Delphine.

— Mas eu já te contei essa história um milhão de vezes.— Disse Delphine enquanto cuidava do coral de seu jardim, mas ao ver Pearl fazendo biquinho, ela decide contar novamente a história.

Quando Delphine subiu à superfície, ela se deparou com um jovem casal de mãos dadas na enseada, ela se aproximou e ficou escondida atrás de uma grande pedra. Ela assistiu ao casal dançar na areia. Depois da dança, o rapaz se ajoelhou, pedindo a jovem garota em casamento após a garota dizer sim o rapaz pega a garota no colo e a beija. Logo depois, o rapaz com a garota em seus braços sai correndo em direção ao mar, temendo ser vista, a sereia mergulha novamente no mar.

— Sempre me pergunto o porquê deles encostarem os lábios.— Disse o tritão enquanto tocava nos próprios lábios.— Será que um dia eu farei o mesmo com alguém?— Se perguntava o tritão.

As horas se passam no jardim e chega a hora de todos se reunirem no grande quarto real para ouvir as histórias sobre os humanos que a velha sereia contava para os seus netos até eles dormirem.
Para Pearl, essa era a melhor parte do dia, o pequeno tritão escutava todas as histórias com um brilho nos seus lindos olhos esverdeados como a sua cauda.
Quanto mais ele ouvia, mais ansioso ele ficava para subir à superfície e ver todas aquelas maravilhas que sua avó e irmãs contavam com os seus próprios olhos.
Assim que a velha sereia terminou de contar as histórias sobre o mundo humano, o pequeno tritão pede para sua avó continuar a contar, porém, a velha sereia diz:

— Paciência, meu neto, lembre-se, você ainda tem muitos anos pela frente, amanhã eu continuo.

Neste momento, as irmãs do pequeno tritão decidem ir até a superfície para admirar a grande lua que iluminava o vasto oceano.
Chateado, Pearl observava da grande janela de corais as suas irmãs nadarem em sincronia até a superfície.

— Isso não é justo! Por que eu tenho idade suficiente para assumir o trono, mas não tenho para ir à superfície?— Indagou o jovem tritão enquanto cruzava os seus braços com escamas cintilantes.

— Em breve também será a sua vez, meu pequeno tritão, o seu décimo oitavo aniversário está chegando.— Disse a sua velha avó.

Neste momento, os guardas reais anunciam a volta da rainha Maressa ao castelo após nadar pelos sete mares.
Rapidamente, Pearl nada até o salão principal do castelo para receber a sua mãe. A rainha não passava muito tempo com os seus filhos desde a morte do rei dos mares.
O tritão queria convencer a sua mãe de passar o trono real para Delphine, já que a sereia era a primogênita.

— Bem-vinda de volta, mamãe, será que a senhoria teria um tempo para me ouvir?— Perguntou Pearl, tentando manter a postura de príncipe.

— Tem que ser agora? Estou tão exausta.— Disse a rainha.

— Eu prometo que vou ser breve... você sabe que eu não concordo em assumir o trono sendo o caçula da família...

— Já tivemos essa conversa antes, você não tem escolha, a regra é clara: o filho homem deve assumir o posto de rei.— Disse a Rainha, interrompendo o jovem tritão.

— Isso não é justo com a Delphine, você sabe que o sonho dela é ser rainha e eu quero ser outra coisa...— Disse Pearl.

— Essa é a última vez que eu te digo isso, você será rei gostando ou não, este é o seu destino!— Disse a rainha num tom alto e firme.— Agora vá para o seu quarto, já está tarde e amanhã você tem aula.— Completou Maressa, deixando o jovem tritão sozinho no salão principal.

Desolado, o pequeno tritão nada até o seu jardim. Ele queria chorar, mas sereias não tinham lágrimas e tudo que ele podia fazer era sofrer a sua dor.

— Eu sei que ela só quer o meu bem, mas ela não me compreende, tudo que eu quero é poder conhecer o seu mundo, ser parte dele.— Disse o tritão com a cabeça encostada sob a base da linda do seu jardim.

Pearl acaba adormecendo em seu jardim, alguns minutos se passam e o pequeno tritão desperta com o chamado de suas irmãs.

— O que você está fazendo aqui, meu pequeno irmão?— Perguntou Delphine.

— Espera, nem precisa dizer, você discutiu com a mamãe devido ao posto de rei.— Disse Ondina.

— Eu só queria que ela deixasse a gente seguir os nossos corações.— Disse o pequeno tritão.

— Mamãe nunca vai mudar, ela ama seguir as regras.— Disse Sirena.

— É melhor irmos para o nosso quarto antes que a vovó nos dê uma bronca.— Disse Delphine.

Antes de ir, o pequeno tritão deseja boa noite para a estátua, acariciando o seu rosto.
Enquanto nadavam, as três sereias contavam como tinha sido a visita à superfície para o tritão enquanto ele sonhava com o dia em que ele estaria junto delas lá em cima.