Capítulo Vinte e Nove

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Fernando entra em casa, caminha elegantemente pela sala arrasta o seu trolley, pela varanda cabisbaixa sério como sempre, pensativo talvez como nunca, os olhos de seu pai, brilham como lantejoulas, provavelmente com lágrimas, que escondia atrás dos seus óculos de sol. Senta-se cansado da viagem, na poltrona da sala.

— Oh, meu filho. — Chama-o a sua mãe.

Dona Júlia sai da cozinha, para se atirar nos braços de seu filho muito amado, dando-lhe beijos nas faces. A jovem magra e alta entrega o seu cavalo nos estábulos, em seguida move-se com os olhos fixos no solo lentamente, pensa em como seria bom se seu irmão estivesse em casa, mas isso será impossível... quando vê o carro verde alface parado junto à mansão. Rita, por sua vez, fecha violentamente os seus olhos, numa tentativa de aclarar a sua visão, em seguida abre-os e verifica que não é apenas o seu desejo que fala mais alto, mas a realidade. O seu querido irmão está de volta a casa, se bem que tem um inconveniente ele traz a Esther, mas seja lá o que for, o importante é que está de regresso. Sobe as escadas apressadamente e corre pela varanda até à porta. Tira rapidamente o boné e sente o coração a saltar na garganta, a respiração ofegante:

— Fernando? — inquire surpreendida por seu irmão permanecer sentado na sala.

Corre para ele de braços abertos. O senhor levanta-se para abraçar a sua irmã mais nova, a sua predileta, com quem ele lhe confidencia os seus sentimentos mais profundos da sua alma.

— Então — abraça – o — ainda bem que voltaste, Nando.

— Também é bom ver-te, pulga — cumprimenta a irmão

Ainda que o jovem licenciado se esforce por não demonstrar a sua dor, Rita percebe sempre o que ele lhe esconde. Até pela maneira que seu querido irmão a abraça, é um abraço frouxo.

*

Estranhamente, a pastora sente-se muito feliz vivaz como sempre, com uma enorme energia para tudo, embora o seu coração batesse mais forte, não o entendia, despacha-se a lavar a loiça, levanta a mesa do jantar, sacode as migalhas fora da janela, a seguir guarda os restos no frigorífico.

— Filha, é melhor ficar para amanhã — declara a senhora com preocupação.

— Não, vós — pausa — sinto-me bem.

*

A rapariga acorda a meio da noite, encara o teto escuro, já não sabe o que pensar nem o que sentir em relação a Vasco, só que sente algo diferente e novo no ar. Levanta-se, sente-se arrepiada, veste o seu roupão e deambula pela casa a horas mortas. Sai de seu cómodo:

"Qualquer pessoa pode ter uma fama." Medita até podia concordar com o Senhor padre Lucas que qualquer um pode ter uma fama, basta o povo querer, e inventarem difamações, só para denegrir a nossa imagem, "Ok. Trata-se de Vasco, que nunca fez nada certo."

Então, Inês senta-se na sala havia um mas, por trás da sua insónia e se ele agora quisesse alguma coisa? A moça preocupa-se com aquele, não estaria disponível para um envolvimento amoroso, no entanto, tudo leva a crer que sim.

Entretanto, o homem musculado sorri integrado com a proposta indecorosa de Úrsula, uma vez que não quer nenhum envolvimento com ninguém, já tem preocupações que lhe cheguem, apesar de que Santiago lhe parece um ótimo partido para sua irmã, logo; não quer criar conflito na família Trigo, nem ele está disposto a ter de voltar a trabalhar em Aljustrel, para sustentar uma possível família.

Se bem, que Inês seria uma boa mãe para seu filho, 'isto claro, se eu quisesse' o pior 'é que não quero, ou não posso voltar a ser o antigo Vasco quando se casou com Laura... para esquecer de uma vez por todas a minha doença'.

Alto dos Vendavais - Volume I - Os Ricos Também ChoramOnde histórias criam vida. Descubra agora