43. Dia da independência

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Apesar da noite boa e tranquila de ontem, a manhã seguinte já começou com muita correria e pessoas em cima de mim. Hoje mais do que nunca os olhares estariam sobre mim, era o dia da independência, um dos dias mais importantes do ano e eu como único herdeiro estaria bem ao lado do rei, como seu mascote. Sentando na poltrona eu observo os funcionários trazendo minha roupa e logo me levanto para me vestir.

Com cuidado eles me ajudam a vestir o fino terno preto, que era totalmente desenhado. O silêncio se mantinha no cômodo, era deprimente, mas eu já estava acostumado. E eu preferia que se mantivesse assim, até minha mãe entrar.

— Podem sair. - Ela ordena.

Imediatamente os funcionários saem e fecham a porta, me deixando a sós com ela.

— Como está se sentindo hoje, hum? - Pergunta me olhando com um sorriso no rosto.

— Quer uma resposta do príncipe Phillipe ou do Phillipe? - Respondo enquanto abotoo as mangas.

— Do meu filho. - Afirma.

— Não estou sentindo nada. - Respondo sinceramente.

— Você nunca sente nada. - Suspira. - Sempre a mesma resposta.

— Esse é o problema. - Assinto.

— Você sempre foi assim, oscilava seu comportamento desde criança, uma hora tão alegre, outra hora tão distante... - Arruma minha gravata. - Meu pequeno menino intenso em emoção e zero coração. Capaz de iluminar todos a sua volta e depois apenas querer ficar sozinho.

Ela falava com atenção, fazia um tempo desde a última vez que a vi falar com tanta propriedade de mim, como se realmente me conhecesse e prestasse atenção. Eu não sabia explicar mas por alguns segundos era reconfortante, o que chegava a ser irônico já que eu sabia que assim que saímos daqui, ela vai começar a me dar ordens e ficar de olho em mim.

— O que quer dizer? - A olho confuso.

— Você sempre fez isso, atraia as pessoas com sua luz, e depois se sentia sufocado. - Passa a mão em meu rosto. - Faz isso principalmente com as garotas, mas um dia terá que se casar.

— Não quero entrar nesse assunto. - Me afasto. - Não precisa me lembrar a cada segundo que eu não tenho pra onde correr.

— Não me incomodo com suas aventuras, aproveite enquanto pode, mas seja discreto e nada de escândalos. - Parecia soprar sua manipulação em meu ouvido.

— Não se preocupe com isso. - Me mantenho sério, olhando no espelho.

— Essa sua frieza emocional é sua maior força como rei, nunca dê o controle do seu coração a ninguém! - Segura meu rosto e olha no fundo de meus olhos.

Em outras palavras ela estava dizendo, "nunca se apaixone, isso te torna fraco" e eu confesso que por um lado concordava com ela. Enquanto George era vivo, o vi se apaixonar uma ou duas vezes, e eu sempre observava a maneira impulsiva que ele agia, eram amores da adolescência, mas já podíamos sentir um gostinho amargo.

— Um dia tudo isso fará sentido pra você, e vai me agradecer. - Coloca um broche de ouro em meu peito.

 - Coloca um broche de ouro em meu peito

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Legados - Meu Eterno Shelby IIOnde histórias criam vida. Descubra agora