Estar em casa era ótimo, mas a falta da pequena borboleta já cobrava o seu preço.
Não nos vimos no final de semana, porque ela já tinha compromisso com seus amigos, então não pude me despedir como desejava. E agora, depois de ter passado três dias incríveis ao lado dela, saber que nos restaria apenas um telefonema não confortava nenhum pouco.
A sensação de que uma parte me faltava era esquisita demais, tinha de admitir. No entanto, era como me sentia naquele momento.
Podia não entender a razão de um vazio me dominar, de um desejo insano de tê-la ao meu lado apitar em minha mente. Mas sabia que a coisinha pequena havia se tornado importante neste curto período em que nos conhecíamos.
Por outro lado, estava perto da pessoa mais importante da minha vida e nada no mundo valia mais do que isso. Dona Clara me apertava com força em seus braços, matando a nossa saudade.
Eu suspirei em deleite, sentindo-me como na infância, quando estava triste e seu abraço vinha para me acalmar. Era a melhor sensação do mundo.
O que fez prolongar nosso contato, entretanto, foi o medo. O sentimento me assombrava, lembrando-me constantemente que nada disso duraria para sempre.
E tudo bem, sei que todos vamos morrer um dia, só que dói mais quando se sabe que sua hora está a cada dia mais próxima. Não estou pronto para viver sem ela, para vê-la fechando os olhos e dormindo pela eternidade.
Mamãe é tudo o que eu tenho.
Precisei ser forte por nós dois quando papai se foi, não sei se consigo me manter firme desta vez. Ela sempre esteve ao meu lado me dando forças, como farei sem sua presença?
— Senti a sua falta, dona Clara — disse em um sussurro, aspirando o cheiro de flores que vinha dela.
Mamãe riu baixinho, se afastando e fitando bem o meu rosto enquanto o segurava em suas mãos com ternura.
— Não vai mesmo perder essa mania, meu bebezinho? — Apertou as minhas bochechas. Eu ri, não contendo a diversão com sua reprimenda. — Para você é mamãe, Pepeu.
— Você anda aprendendo muito com o seu filho agregado. Não era desse jeito, dona Clara.
Ela deu um tapa em meu braço, balançando a cabeça em negativa.
— Por sorte eu te amo muito, meu filho. — Mamãe tornou a me abraçar. — Fiquei morrendo de saudade também. Me conta como foi lá.
Soltei um longo suspiro, a expressão triste querendo se espalhar por meu rosto. A impedi, sentando-me no sofá e dando dois tapinhas para que minha mãe fizesse o mesmo.
Não queria começar contando da Tati, pois precisava prepará-la para isso, então fui mais sucinto e disse o básico.
— A Cami foi uma fofa como sempre e me auxiliou muito bem durante a minha estadia. Ela te mandou um beijo.
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Obra do Tempo - Série Obras Livro 3
Romance+18| Fake dating| Strangers to friends to lovers| Slow burn| Gravidez inesperada TATIANE é apaixonada por seu melhor amigo desde a adolescência, e quando finalmente cria coragem para se declarar, se depara com uma verdade que a fere muito: ele a vê...