Ser escritor me faz viajar por lugares que eu nunca imaginei. Quando eu escrevo, consigo me levar para uma praia deserta, para uma festa lotada de pessoas, para ruas movimentadas, para becos vazios. Consigo imaginar constelações de estrelas se formando diante dos meus olhos, posso ver uma pipa no céu e acima dela um avião. As sensações são palpáveis, os sentimentos são reais, mas a sensação de pertencer a alguém, isso não tem como, isso somente o Akk consegue me dar.
Nesse exato momento Akk está deitado ao meu lado, ele passou o dia fotografando e quando chegou ouvi ele caminhando na cozinha por um longo tempo. Quando sai do escritório eu vi porque, ele estava fazendo a janta, deixou pronto para que eu só esquentasse. Ele dificilmente entra no meu escritório sem eu chamar, assim como eu não entro no dele, se estamos nesses lugares estamos trabalhando, e meio que foi uma regra criada sem ninguém dizer nada, apenas de forma silenciosa aceitamos isso.
Estou trabalhando em um novo livro, o prazo para a entrega dos primeiros capítulos esta se aproximando, e cada vez que ele volta da revisão eu tenho tanta coisas pra arrumar, tenho passado dias e noites no escritório, escrevendo, lendo, escrevendo, relendo, e não tenho dedicado quase ou nenhum tempo a Akk, e mesmo que ele não reclame disso sei que ele se sente deixado de lado.
- Eu amo você. - Beijo a bochecha dele e deito de frente pra ele assim como faço todas as noites. Daqui algum tempo ele vai me abraçar e me puxar pra ele, e nesse exato momento eu vou sentir que eu pertenço a ele, que ele é o meu lar.
Os dias passam voando. A nossa rotina segue uma constante. Acordamos, tomamos café da manhã juntos e cada um vai fazer as suas coisas. As vezes conseguimos jantar juntos, conversar sobre tudo e sobre nada, ter um tempo de qualidade. As nossas noites livres não tem batido, Akk tem eventos aos finais de semana, então eu acabo ficando sozinho.
- Não tem problema, quando você se organizar me avise e fizemos as fotos. Está tudo bem. Certo, Obrigada. Até mais. - Akk estava no telefone quando entrei na cozinha.
- Algum problema? - Perguntei parado na porta.
- Oi Theo. Não, na verdade o cliente de hoje precisou desmarcar pois teve alguns problemas na loja e estava preocupado que eu fosse ficar chateado ou algo assim. - Isso só podia significar uma coisa, estaríamos os dois livres no mesmo dia.
- Já que seu compromisso de hoje foi desmarcado e eu não preciso escrever, podíamos ver um filme juntos, o que acha? - Eu sabia que eu iria dormir nos primeiros minutos, mas Akk amava ver filmes e eu queria fazer algo por ele.
- Ok, mas você faz a pipoca. - Ele disse rindo quando passou por mim me depositou um selinho nos meus lábios. - Eu vou tomar banho, e se quiser pode escolher o filme, você vai dormir mesmo. - Disse rindo.
Eu amo a forma como Akk me conhece e me aceita. Desde sempre ele foi assim, nunca me julgou ou me condenou por algo. Nunca se aproximou com intenções ruins, ele sempre cuidou de mim melhor que eu mesmo. Por isso que eu estou escrevendo um livro sobre ele. Na verdade é sobre a nossa história, mas ele é o ponto central de tudo, ele é a pessoa que mais lutou por esse relacionamento, e merece isso. Eu tenho escrito esse livro a alguns meses, nele além da nossa história tem algumas fotos que ele tirou ao longo do tempo. Principalmente fotos nossas. Tem algumas fotos dele que eu tirei, mesmo ele dizendo que não gosta de fotos, cada vez que vê uma câmera apontada pra ele, ele sorri largo.
Preciso que meu livro fique pronto até o seu aniversário. Ele terá um evento na galeria para celebrar e eu quero entregar lá pra ele, nesse dia.
Subo as escadas correndo, com a intenção de aumentar o nosso tempo de qualidade juntos. Quando entro no banheiro Akk está sorrindo na banheira como se soubesse que eu estava vindo. Me desfaço das minhas roupas e entro na banheira com ele, colo as minhas costas no seu peito como se eu dependesse desse toque para respirar.
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VIAGENS FOTOGRAFICAS
RomanceIsso contém um pouco de tudo. Serão pequenas histórias baseadas em fotos. As vezes com personagens, as vezes com os atores, mas sempre historias fictícias, criadas pelas vozes das minha cabeça.