Nove.

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Paulo encarava Verônica, Verônica encarava as pessoas passando para lá e para cá pela janela da padaria onde estavam. O homem esperava uma resposta, que tardava a vir de Verô.

- Verônica!
- Eu não sei, Paulo! As coisas não funcionam assim. - A morena se forçou a olhar para o homem em sua frente.
- Pensa nisso, por favor! - Ele insistiu.

Verô passou os olhos pela tela de seu celular, prestando atenção na hora, mais preocupada com seu trabalho do que com as súplicas de Paulo aquela hora da manhã.

- Você não pode decidir se separar e depois voltar atrás, Paulo! Eu não vivo a minha vida esperando você tomar suas decisões. Aliás, nada mudou, por que isso agora? - Verônica soou firme.

Paulo colocou sua mão nas mãos de Verô, em cima da mesa, e de maneira instintiva, a morena puxou as mãos para si, cortando o contato.

- Eu vou me atrasar pro trabalho, a gente se fala depois. - Ela disse se levantando, sem esperar que o homem concluísse o assunto.

Deixou a padaria um tanto quanto irritada. Seria muito absurdo acreditar que após meses fazendo Verônica sofrer, Paulo a conseguiria de volta assim, do nada. Os conselhos de Carvana ecoavam em sua mente, ela sabia que o padrinho estava certo, Paulo queria algo que Verônica jamais seria, e foi difícil perceber em meio ao sofrimento, que sim, ela gostava de poder ser quem era, gostava de poder trabalhar sem se sentir culpada, gostava da ideia de finalmente seguir o que sonhava e não o que Paulo queria.

A escrivã foi direto a sala de Carvana, que sorriu ao ver a afilhada.

- Bom dia, Ninica! - Ele disse dando um abraço em Verônica. - Ta com uma carinha boa.

Verô sorriu, retribuindo o abraço.

Sabia bem o motivo de sua cara boa, uma excelente noite de sono, sem a visita da delegada do diabo, apenas sua mente calma, a deixando dormir em paz.

- Bom dia, dindo! - Verô disse, se soltando do abraço.

A morena tratou de preparar um café pra Carvana, enquanto conversam sobre o caso.

- Prata tem a identificação da segunda vítima. - O homem disse, tendo cem por cento da atenção de Verô pra si. - Vamos entrar em contato com a família e quem sabe daí, sair dessa estagnação.

- Por que o namorado da segunda vítima não foi interrogado? - Verônica perguntou.

- Anita não achou necessário. Ele tem álibi forte.

Verônica revirou os olhos.

- Ah pelo amor de Deus, como não é necessário? Carvana, pode existir algo, ele pode saber de algo útil. - Verô entregou o café ao padrinho.

- Eu sei, Verô, mas ela é a delegada e porra, eu não posso ficar passando por cima dela o tempo todo, deixa a Anita fazer do jeito dela!

- O jeito dela ta errado, caralho! - Verônica disse irritada.

- O jeito de quem, escrivã? - Anita entrou na sala, sem sequer bater na porta, encarando a morena com cinismo.

- Assunto nosso! - Verô fechou a cara.

- Ótimo, trate dos seus assuntos mais tarde. - Anita disse com frieza. - Pega suas coisas que nós vamos sair!

Verônica encarou Carvana, enquanto Anita deixava a sala.

- Vai, vai, vai! - Ele disse sem muita paciência.

Verônica suspirou, ela podia sentir que teria mais um dia daqueles. A escrivã pegou suas coisas rapidamente e seguiu a delegada para fora da delegacia.

CRAWLING - VeronitaOnde histórias criam vida. Descubra agora