Paulo encarava Verônica, Verônica encarava as pessoas passando para lá e para cá pela janela da padaria onde estavam. O homem esperava uma resposta, que tardava a vir de Verô.
- Verônica!
- Eu não sei, Paulo! As coisas não funcionam assim. - A morena se forçou a olhar para o homem em sua frente.
- Pensa nisso, por favor! - Ele insistiu.Verô passou os olhos pela tela de seu celular, prestando atenção na hora, mais preocupada com seu trabalho do que com as súplicas de Paulo aquela hora da manhã.
- Você não pode decidir se separar e depois voltar atrás, Paulo! Eu não vivo a minha vida esperando você tomar suas decisões. Aliás, nada mudou, por que isso agora? - Verônica soou firme.
Paulo colocou sua mão nas mãos de Verô, em cima da mesa, e de maneira instintiva, a morena puxou as mãos para si, cortando o contato.
- Eu vou me atrasar pro trabalho, a gente se fala depois. - Ela disse se levantando, sem esperar que o homem concluísse o assunto.
Deixou a padaria um tanto quanto irritada. Seria muito absurdo acreditar que após meses fazendo Verônica sofrer, Paulo a conseguiria de volta assim, do nada. Os conselhos de Carvana ecoavam em sua mente, ela sabia que o padrinho estava certo, Paulo queria algo que Verônica jamais seria, e foi difícil perceber em meio ao sofrimento, que sim, ela gostava de poder ser quem era, gostava de poder trabalhar sem se sentir culpada, gostava da ideia de finalmente seguir o que sonhava e não o que Paulo queria.
A escrivã foi direto a sala de Carvana, que sorriu ao ver a afilhada.
- Bom dia, Ninica! - Ele disse dando um abraço em Verônica. - Ta com uma carinha boa.
Verô sorriu, retribuindo o abraço.
Sabia bem o motivo de sua cara boa, uma excelente noite de sono, sem a visita da delegada do diabo, apenas sua mente calma, a deixando dormir em paz.
- Bom dia, dindo! - Verô disse, se soltando do abraço.
A morena tratou de preparar um café pra Carvana, enquanto conversam sobre o caso.
- Prata tem a identificação da segunda vítima. - O homem disse, tendo cem por cento da atenção de Verô pra si. - Vamos entrar em contato com a família e quem sabe daí, sair dessa estagnação.
- Por que o namorado da segunda vítima não foi interrogado? - Verônica perguntou.
- Anita não achou necessário. Ele tem álibi forte.
Verônica revirou os olhos.
- Ah pelo amor de Deus, como não é necessário? Carvana, pode existir algo, ele pode saber de algo útil. - Verô entregou o café ao padrinho.
- Eu sei, Verô, mas ela é a delegada e porra, eu não posso ficar passando por cima dela o tempo todo, deixa a Anita fazer do jeito dela!
- O jeito dela ta errado, caralho! - Verônica disse irritada.
- O jeito de quem, escrivã? - Anita entrou na sala, sem sequer bater na porta, encarando a morena com cinismo.
- Assunto nosso! - Verô fechou a cara.
- Ótimo, trate dos seus assuntos mais tarde. - Anita disse com frieza. - Pega suas coisas que nós vamos sair!
Verônica encarou Carvana, enquanto Anita deixava a sala.
- Vai, vai, vai! - Ele disse sem muita paciência.
Verônica suspirou, ela podia sentir que teria mais um dia daqueles. A escrivã pegou suas coisas rapidamente e seguiu a delegada para fora da delegacia.
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CRAWLING - Veronita
RomanceA escrivã Vêronica Torres e a delegada Anita Berlinger enfrentam uma batalha entre o ódio e a atração enquanto investigam uma série de crimes brutais que está apavorando a cidade de São Paulo. Confrontadas com seus próprios sentimentos conflitantes...