Capitulo III- Olhos de lua

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    Todos eles dormiam perto da fogueira, o plano era revezar para ficarem acordados mas todos falharam. Marcy dormia ao lado de Dot e Anthony ao lado de Mike.

    Mike ainda estava acordado, não tinha facilidade pra dormir sem seu bichinho de pelúcia, mas já havia tirado alguns cochilos. Mas devia ser umas 3 da manhã, ele encarava o céu, não dava para ver as estrelas, só as folhas das árvores que estavam amareladas pela luz da fogueira.

    - Quack!

    Mike olhou para o lado, o pato que ele conversava mais cedo, que ele havia batizado de Sr. Osvaldo Brickernilew, entre as árvores. Ele verificou pra ver se todos estavam dormindo e se levantou, indo até o pato.

    - Senhor, não pode ficar aqui até tarde. E não podemos fazer barulho. Vem, vamos dormir.

     Mas o Pato não o escutou e saiu correndo para o meio do mato, Mike o seguiu, só parou quando viu outra criança, ela tinha um lampião com vaga-lumes azuis. Era uma garota de cabelos escuros e curtos. O pato foi até ela e ela simplesmente deu um carinho.

    - An, oi.- Mike disse saindo de um arbusto.

    - Ah, oi. O pato é seu?- Ela parecia normal, usava um vestido simples, parecia ter a idade dele.

    - É... Meu nome é Mike, e o seu?

    - Pode me chamar de Rose.

    - Gosta de rosas?

    - Há há! Muito engraçado.- Ela disse se sentando numa pedra perto do rio, era o único lugar que dava pra ver o céu, as árvores não eram tão densas, então ela ficou olhando as estrelas- Por que está acordado?

    - Não consegui dormir.- Mike disse se sentando ao lado dela- minha irmã quase morreu hoje.

    - Tá com medinho?

    - Que?! Não! Não tenho medo de almas ou... seja lá o que era aquilo.

    - ... Eu vi na hora.

    - Sabe porque aquele bicho atacou a gente?

    - Ela era uma nativa da região. Há muitos anos atrás, o marido deu aquele colar quando tiveram o primeiro filho, ele mesmo fez. A esposa amava, cuidava como se fosse a própria vida, assim como amava o marido e os filhos.

    - E então?

    - O bisavô dos seus amigos chegou aqui, ele e mais um exército. Tipo colonizadores, mas não tentaram conversar ou algo do tipo. Eles prefeririam matar ou escravizar a população que tinha aqui. Mataram os filhos daquela mulher na frente dela, o marido tentou lutar e foi morto também. Ela não tinha mais nada, só o colar, que também roubaram e depois...

    - Depois o que?...

    - A mataram. Mas antes, prenderam seus pulsos na cadeira, colocaram água quente em seus olhos e só então a estrangularam... mas ela morreu com ódio pois tiraram tudo dela. Não poderia recuperar nem os filhos ou o marido, mas poderia recuperar o colar, que era como a dignidade, os gritos que ela dá são os mesmos da hora que a cegaram. Ela não vê nada além de verde pois seria isso que a libertária...

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