ELA está deitada no pequeno sofá da varanda,as pernas separadas feito os homens que descansam após o trabalho,as madeixas ruivas estão soltas e raspam o chão,Ivy está lendo alguma coisa e a cor do vestido me salta os olhos: rosa vibrante e delicado,como o entardecer.Quando estou próxima o suficiente,Island escuta o estalar das folhas e apoia os sapatos no chão.
Por momento acredito que vou incomodá-la e penso em retornar para casa,mas a vejo erguer as sobrancelhas e levantar do sofá mais rápido,largando o livro na mesa.
– Ana? – ela abre um sorriso largo – Ah sim é você mesma!
Island desce os degraus da varanda,estamos próximas agora, então posso observar os detalhes: mangas curtas que desnudam quase todo o braço repleto de sardas, há pequenos ramos bordados no decote em formato de canoa,uma costura simples,mas singela.
As maçãs do rosto de Ivy coram enquanto percebo que as sobrancelhas cresceram acima dos olhos revigorados.
– Sim – liberto um riso tímido – por enquanto não descobri uma sócia.
Ela franze o cenho,então ri mais alto.
– Eu disse essa frase quando nos conhecemos! Por acaso foi proposital?
– Obviamente. – assinto,bem humorada – mesmo que na ocasião você tenha dito de forma maldosa.
– Céus – Ivy continua rindo – eu não a conhecia.
Ao subirmos os degraus da varanda,sinto o amparo gentil de Island em minhas costas,ponho a cesta na mesa redonda com as cadeiras,longe do sofá e do curioso livro na outra extremidade.
– Estou seriamente preocupada que me conheça de verdade – brinco – garanto que não é interessante como usar vestidos de cores diferentes ou ler livros na varanda e..
Ivy está em silêncio,vidrada pelos arredores do meu rosto,suas íris percorrem do começo até o final dos cachos.
– Eu nunca a vi de cabelo solto. – ela sussurra,estranho como Island parece realmente fascinada.
– Ah – desvio os olhos por um instante – eu estava caminhando e...a brisa estava tão fresca,mas meus grampos apertavam demais,eu precisava soltá-los, então foi o que fiz, finalmente sozinha na trilha e... – abro um sorriso tímido – parece bobo agora dito em voz alta.
– Não,de forma nenhuma! É incrível,como você se sentiu?
Island passa os dedos pelo meu braço,é uma simpatia,um conforto,mas sofro de redemoinhos que agitam o âmago.
– Me senti livre.. – encaro suas íris douradas – ..e bonita.
- Bonita não,a senhora é a mulher mais linda que já conheci.
Ivy parece repreender as próprias palavras enquanto abaixa a cabeça,todo o seu rosto ruboriza até a ponta das orelhas.
Solto uma risada feliz e nervosa,sentindo folhas secas adentrarem num furacão descontrolado dentro do corpo.
– Eu não coro feito você,igual a pimentas – brinco – mas se pudesse, acredite que eu estaria. Obrigada.
O rosto de Island cresce em brilho.
– Como você é gentil,achei que havia sido inconveniente.. – ela apoia um lado do corpo no calcanhar direito – ..eu escondo tantas verdades que ao saírem,é impossível de conter.
– Ivy.. – o impulso para segurar sua mão ganha poder depois de incessantes tentativas de reprimi-lo – você não foi nem um pouco inconveniente,suas palavras são fortes,é a imperatriz das grandes expressões,certa vez você me disse que eu era deslumbrante,veja que exagero!
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Ivy
Storie d'amoreDepois das montanhas e da floresta esquecida,a pacata e religiosa vila dos Prudentes atravessa um outono marcado pela guerra. Apesar do conflito territorial que acontece nas fronteiras,uma jovem mulher de reputação controversa está de mudança para...