29º Capítulo {Livro Quatro}

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— Não acham que estamos nos precipitando? — argumento nervosamente, olhando de Javier para Valliéry.

Os dois fizeram questão de cumprir com seus planos, portanto vieram me acordar ao menor sinal de luminosidade no céu.

O sol ameaça surgir a qualquer momento e ambos têm pressa em recolher os pertences necessários para que se faça possível uma fuga rápida.

— Mas foste tu que quisestes ir embora — relembra-me Javier. — Teríamos ido ontem mesmo se não fosse a sensatez de vosso guarda — conclui, depositando uma mão amigável sobre o ombro de Dente.

Este, mantendo-se próximo a nós, apenas vigia com olhos atentos na direção da entrada do salão.

Ambiente luxuoso que fica abaixo de meus aposentos e onde ele permaneceu apostos a noite toda.

Pelo que sei, os demais membros da guarda já foram enviados até os estábulos, para aprontarem os cavalos, e se tudo prossegue nos conformes; mamãe, papai, Elena e Madalenne estão agora nos aguardando debaixo do sereno.

— Ora! Posso ter exagerado — afirmo, sentindo-me retrair. — Nós saímos atropelando os acontecimentos.

Fora o fato de que preciso ficar aqui, isso pode realmente ter acontecido.

Ao parar para refletir sobre o assunto, percebi que não houve nada tão grave durante aquele encontro no salão principal. Nada que justificasse logicamente aquela minha vontade de desaparecer deste castelo.

Estava diante de uma dama que apenas agiu diferente de seus modos costumeiros.

— O que a marquesa fez demais? — prossigo insistente. — Apenas se passou em suas gargalhadas e na forma como tratou meu luto, mas poderiam ser causas de seu nervosismo. Eu mesma estava abalada. Foi a morte do oficial, foram os gritos de Desiderata, foram aquelas cercas estranhas no gramado. Tudo se misturou dentro de mim e meus nervos queriam atravessar-me de dentro para fora.

Receio ter descontado tudo no primeiro alvo disponível ao enxergar defeitos na pobre mulher. Quis um motivo para ir, então, talvez, tenha inventado um.

— Desiderata? — questiona Javier, franzindo a testa.

— É minha criada — esclareço de pronto.

— Oh, que bom! — ele exclama sorridente. — Então minha carta de recomendação lhe surtiu o efeito desejado. Fico feliz por ela. É uma grande mulher.

Deus do céu! É mesmo! Tinha até me esquecido que Desiderata mencionou possuir recomendações do próprio Javier.

Então ela não mentiu.

— A conhece há muito tempo? — indago curiosa.

— Viveu boa parte de vida na corte de Navarra. Mudou-se com o irmão logo após a terrível perda que sofreu — confidencia-me o príncipe com um semblante comovido.

À Espera da Coroa - LIVRO 4 - CIR.Onde histórias criam vida. Descubra agora