Capítulo 35 ( R )

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Neil acordou com a visão da forma relaxada de Andrew, sua máscara habitual de indiferença substituída pelo pacífico sono. Neil não se moveu por um longo momento, admirando a vista.

Era inevitável que o corpo de Andrew reagisse aos olhos fixos nele, seus instintos de sobrevivência despertando para arrancá-lo da inconsciência. Ele abriu os olhos e imediatamente encontrou os de Neil na escuridão. Levou um momento para o reconhecimento brilhar em seu olhar, para ele lembrar que estava no quarto de Neil, na casa de Abby.

Neil o observou enquanto ele se levantava da desconfortável poltrona, provavelmente com o pescoço dolorido onde havia sido dobrado contra a almofada. Ele rolou os ombros para trás, ergueu os braços acima da cabeça e esticou os músculos das costas. O olhar de Neil caiu instantaneamente para a delicada faixa de pele que ousava aparecer acima de sua cintura – pele branca leitosa que Neil desejava desesperadamente tocar.

Andrew se aproximou de Neil cautelosamente, incerto da versão que estaria encontrando desta vez. Neil quase riu com o pensamento.

"Bom dia", Neil sussurrou, incapaz - e sem vontade - de quebrar o frágil silêncio que os envolvia. Ele não tinha certeza que horas eram com as cortinas bloqueando completamente a luz e a porta fechada do quarto obscurecendo qualquer sinal de luz do dia.

"Acho que é tarde", Andrew respondeu como se pudesse ouvir o monólogo interno de Neil. Ele apenas murmurou em resposta. "Como você está se sentindo?"

Ele lutou contra a vontade de dizer que estava bem, sabendo que seria uma mentira. Sentia-se drenado emocionalmente e fisicamente, sem saber como separar a verdadeira dor da guerra de emoções que o envolvia.

"Já estive melhor", admitiu, embora relutantemente. "Não tenho certeza de quanto mais dessa merda consigo suportar."

Andrew franziu a testa para ele ao se sentar na beira do colchão. Neil se aconchegou mais no travesseiro e deixou o braço de Andrew repousar sobre suas pernas acima das cobertas.

"Não haverá mais nada para você aguentar", declarou Andrew. Ele sabia que Andrew acreditava nisso e que ele também deveria acreditar, mas havia um sentimento incômodo em sua mente, um sussurro de algo que insinuava que isso estava longe de ser o fim.

"Por que você não dormiu comigo na cama?", Neil perguntou bocejando.

"Não queria correr o risco de te machucar, caso acordasse com um pesadelo", Andrew admitiu. Neil apreciou a vulnerabilidade confortável que ele revelou, significava que ele sentia que o conhecimento estava seguro com Neil.

"Durmo melhor quando você está comigo", Neil sussurrou em resposta.

A mão de Andrew deslizou ao longo de sua coxa, onde ele apertou o músculo tenso por baixo das camadas de cobertor.

"Eu também", disse Andrew, apertando levemente. O peito de Neil se contraiu, o coração batendo ferozmente contra o osso do peito. Estaria ele demasiado enamorado por este homem, perguntou-se a si mesmo. "Deixe-me chamar o Wymack, a Abby disse que queria verificar seus curativos."

Com isso, ele se levantou e se dirigiu à porta. Pareceu incrivelmente frio pelos três minutos que Andrew esteve fora. Ele voltou com Abby, com os braços completamente carregados, em seus calcanhares. Seu pai demorou um pouco mais para segui-los.

Todos se aglomeraram no pequeno quarto de hóspedes de Abby, roubando qualquer senso de privacidade. Abby não encontrava o olhar dele enquanto espalhava seus suprimentos em seu colo e pernas estendidas. Ela foi precisa e organizada na forma como colocou tudo, distraindo-se das emoções que Neil sabia que ela não queria mostrar na frente dele. Ela nunca quis que ele a visse se desmoronar; Neil apreciava o esforço, independentemente.

Raised on Little Light  - Maqicien [PT-BR]Onde histórias criam vida. Descubra agora