O que tinha de ser | Dimaury

4. Diga que você me adora, que você lamenta e chora

"Nunca mais quero o seu beijo, mas meu último desejo você não pode negar. Se alguma pessoa amiga pedir que você lhe diga, se você me quer ou não, diga que você me adora, que você lamenta e chora."  Último Desejo/ Maria Bethânia

| AMAURY POV

| 1 semana depois

Fazia 1 semana que tudo entre a gente tinha mudado, só nos falávamos sobre os personagens, nada além disso, eu não fazia ideia de como a vida dele estava e ele parecia não se interessar pela minha. Eu entendia o recado dele, de que era para eu recuar qualquer investida, aquele amor só era real pra mim.

A última mensagem que mandei pra ele, foi pedindo desculpa pelo beijo e nunca tive resposta, daquele dia em diante, éramos apenas Kelvin e Ramiro. Como se Diego e Amaury jamais tivessem existido (e eles realmente só existiram na minha cabeça.

Essa situação me tirava a paz, nunca fui de guardar nada e muito menos de medir palavras, mas sabia que precisava dar um tempo pra ele, se eu quisesse manter nossa relação profissional funcionando. Se eu ia conseguir? Não sei!

Estava no camarim, já pronto e apenas esperando que as gravações começassem. Ele tinha começado a chegar em cima da hora durante esses últimos dias e eu sabia que era pra evitar ficar sozinho comigo naquela sala.

      - Desculpa o atraso, vou me trocar rapidinho - chegou apressado já falando com a equipe de figurino, sem me encarar.

      - Vou pegar um café e já volto, Zé - arrumei uma desculpa pra sair da sala, não precisava ver ele se trocando na minha frente

Voltei em 5 minutos, quando ele já estava pronto e sozinho, ativando em mim o espírito falador.

      - Vai existir um momento em que você volte a me encarar e falar comigo? - me sentei no sofá de frente pra ele

      - Estou te encarando todos os dias em cena - deu de ombros sem me encarar, como se não se importasse

      - A gente se resume a isso, então? - seguia encarando seu rosto

      - Colegas de trabalho? - ri sarcástico

      - Ah Diego, essa foi ótima! - continuei rindo - Mas, se você quer resumir a isso, tudo bem! Eu que não vou ficar de otário, te esperando ter coragem de assumir que me ama também e está morrendo de vontade de me beijar até que a gente acorde de um pós sexo na minha cama. - despejei com vontade em cima dele e sai do camarim, deixando ele sozinho com a própria consciência.

Hoje eu sairia pra beber e dar uma liberada nessa tensão que havia se instaurado no meu corpo desde o dia que roubei aquele beijo dele. Lembrar do seu olhar perdido num misto de medo e luxúria tinha tirado meu sono por todos aqueles dias, mas não tiraria mais. Se ele não quer, não sou eu que vou forçar!

Sai do Projac junto com Paulinho, Jonathan e Charles a caminho do aniversário de um dos produtores da novela, que seria em um condomínio do Recreio, relativamente próximo a onde estávamos. Decidimos todos irmos de uber, porque já sabíamos que seria uma festa para beber e descarregar um pouco do cansaço que a novela vinha causando em todos.

      - Uma caipirinha de cachaça, por favor - assenti para o garçom 

      - O mesmo pra mim, por favor - um desconhecido se aproximou, sorrindo pra mim após fazer seu pedido - O calor pede uma caipirinha, né? - sorriu malicioso

      - Com certeza, esquenta por dentro e por fora - sorri também, retribuindo o flerte

      - Carlos! - estendeu a mão e mordeu os lábios