Sinceramente, não queria perder a paciência. Ansiava, verdadeiramente, pela serenidade de deitar na cama e flutuar como se estivesse imerso em um conto de fadas, onde a paz reinava soberana. No entanto, tal utopia se desfaz ao confrontar a presença inegável de Dylan, uma barreira sólida em meu caminho para a tranquilidade.
- Então não ajuda se for para ficar jogando na cara depois, droga! - digo, já angustiada com tanta insistência de sua parte.
Temos feito um acordo, e nem isso ele se dá ao trabalho de seguir. Poderíamos ser apenas bons colegas que se falam por educação, no entanto, infelizmente, o rapaz continua tratando a minha vida igual aos seus campeonatos idiotas. O seu erro é ser competitivo demais.
- Não é bem isso que eu queria falar - ele balança a cabeça negativamente, avançando um passo à frente.
O seu semblante pensativo se ergueu diante dos meus olhos, transparecendo uma película brilhante em suas pupilas, parecidas as de um cachorro abandonado. Não vou cair nessa. Repito para mim mesma diversas vezes, a fim de manter a postura.
- Mas falou - digo, cruzando os braços enquanto aguardo a sua desculpa.
- Eu apenas estou com a cabeça fervendo - Dylan respira fundo, fixando os seus olhos no chão, e presumo que seja pela vergonha que ainda resta dentro de si.
- Então vai esfria-la em outro lugar, não precisa descontar em mim. - ergo a mão ao rumo da sua moto, que se encontra em cima da calçada.
- Ela está quente por sua culpa. - ele toma coragem e começa a me encarar novamente. Não creio em suas palavras - Se realmente não gosta de mim, então por que diabos retribuiu aquele beijo?
- Ah, meu Deus! Você veio atrás de que? De uma declaração de amor? Quer que eu fale "Oh, Dylan! Você realmente é o amor da minha vida" - tentei ao máximo não falar o que penso, mas nessa situação foi impossível.
- Eu não vim atrás disso, por ao contrário, vim lhe ajudar com o dever de matemática porque sei que precisa de pontos - a sua respiração é profunda e pesada.
Sim, eu preciso de pontos mesmo tendo melhorado em matemática justamente por passar tempo demais dormindo na aula do professor nos primeiros meses.
- Temos um acordo, e você não está seguindo - volto a tocar no assunto, com a intenção dele se tocar e vazar o mais rápido possivel para a sua casa, antes mesmo da Emma que está presa la no fundo dos meus sentimentos se render as suas carícias.
- Eu nem queria fazer esse acordo idiota. - o seu avanço me deu arrepios de deleite, causando um alvoroço na minha pele que por algum motivo chama a sua.
Hoje pela manhã, a mente se entregou à imaginação vívida de Liam, inserido nesse cenário, com sua gentileza habitual enquanto ele me puxava delicadamente para um beijo, um beijo capaz de fazer com que todos os outros beijos, mesmo os mais profundos e apaixonados que Dylan já me concedera, caíssem profundamente na insignificância.
No entanto, o que a noite entrega é o de sempre, Dylan se metendo onde definitivamente não foi chamado. E o mais chato é que o seu rosto se entra a centímetros do meu, fazendo o corpo ter boas recordações de uma noite anterior, daqueles lábios, do seu cheiro e de suas mãos salientes.
- Você gosta de mim? - questiono, umedecendo a garganta e me afastando ao instante que os nossos narizes quase se encostam.
- O que você acha? - as suas sobrancelhas tentam se unir à medida que sua boca segue a minha, porém, paro a sua movimentação, pousando a mão entre seus peitorais.
- Então por que não me contou antes? Por que semanas atrás ficava me zoando? - franzo o cenho, implorando por uma resposta imediata.
- Eu... - ele começa a pensar novamente, sem fitar os meus olhos. E como eu esperava, não obtenho respostas.
- Você gosta da adrenalina que isso lhe causa. Gosta de competir. Gosta de ganhar. E não de mim, Dylan - e essas são as últimas palavras que aguentei lhe falar enquanto admirava a sua figura incrédula.
- Emma... - não espero o mesmo se explicar e rapidamente entro em casa e fecho a porta, dando uma pequena aliviada nas costas. Eu estava em uma tensão tão grande... Que céus!
Agora eu posso puxar o oxigênio em paz depois de ter soltado tudo que grudava no peito. Creio que depois dessa, ele caia na real e finalmente me deixe em paz. Entretanto, algo do meu corpo acelerou forte quando o rapaz insinuou que gostava de mim. Eu queria que fosse real. Que não estivesse me iludindo como havia feito diversas vezes.
- E ai, como foi? - a minha mãe me causa um pequeno susto quando aparece no meu campo de visão.
- Foi legal, o Liam é uma pessoa muito simpática - digo ao mesmo tempo que concerto a minha posição de uma derrotada pensativa.
- É, eu também acho isso dele. - responde, mexendo na xícara de chá em sua mão. - E esse caderno?
- Ah! É por que eu esqueci na escola - falo de um modo delicado para não receber uma bronca - E o Dylan veio deixar.
- Ele é um querido, é atencioso desde criança - a mulher sorri - Eu jurava que algum dia vocês iriam namorar. Andavam pra cima e pra baixo, grudadinhos, eram tão fofinhos.
Nego lentamente a cabeça e saio sem falar alguma palavra. Estou completamente exausta. A noite foi muito longa.
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Se tiver 35 comentários de perfis diferentes, eu posto mais um cap amanhã. Boa noite florzinhas!!🌸❤️ Não esqueça de notar!!
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Não Somos Irmãos
Novela JuvenilEmma, aos 10 anos de idade, nutre sentimentos pelo filho da melhor amiga de sua mãe. Porém, o mesmo a rejeita na época, por considera-la uma irmã. Eles crescem no meio de muitas brigas e confusões, até que Emma começa a sair e conhecer outros garot...