Sob o prateado reflexo da lua, em meio à solidão da noite, eu me encontro montado na moto, enquanto a angústia se espalha fortemente em meu peito, disseminando a fúria por cada célula do meu corpo. E o mais doloroso de tudo é reconhecer algumas verdades nas palavras de Emma. Por que esse tremor incessante nas mãos agora? Por que ela tem o poder de mexer tanto comigo? Por que essa torrente de ciúmes que me assola? Por que sinto que estou sendo roubado sendo roubado?
Se eu ao menos pudesse falar... Se eu estivesse me explicado melhor, talvez a conversa não teria terminado daquele jeito. Ah! Como a vontade de cala-la com a minha boca na sua era alta naquele momento. Porém, me contive o bastante para não forçar nada.
A saudade do tempo que Emma tinha tempo apenas para mim abraça o meu coração com o fito de causar uma parada cardíaca.
Nesse instante, eu me sinto um completa idiota. A pessoa mais besta do mundo. Eu fiquei horas naquele parquinho em frente a sua casa, apenas observando algumas crianças se divertirem enquanto lembrava da gente. Do nosso primeiro beijo e das malditas falas comentadas. Queria poder voltar no tempo só dessa vez, e não erraria mais.
E quando a ruiva chegou completamente deslumbrante com aquele vestido que aperfeiçoa as suas curvas, por um momento, o chão tremeu e até mesmo a lua se escondeu atrás das nuvens para não presenciar uma cena tão bizarra quanto aquela. Sério mesmo que fiquei horas sentados naquele banco concretado para ver isso? Liam encostar a mão na cintura da Emma e acaricia-la?
Não consegui e tive que interromper. Não poderia simplestemente ter passado tanto tempo esperando para no final olhar ela agarrando o pescoço de outra pessoa.
O vento frio da noite percorre por todo o corpo e só se encerra ao instante que entro na garagem da casa e deixo a moto. Imediatamente, entro na residência sem querer conversar com alguém, e é por isso que subo para o meu quarto e tranco a porta quando chego nele.
— Filho? — minha mãe chama a medida que bate na porta. Não respondo. E me jogo na cama, batendo as costas na parede.
A única coisa que não desejo nesse momento é me verem nessa situação. Completamente derrotado. E derrotado não é nada parecido comigo.
— Dylan! — ela exclama, na tentativa de me fazer abrir a porta para a sua entrada
— Eu não quero conversar! — respondo alto e decidido.
Com um suspiro suave, envolvo-me na melodia da nostalgia enquanto meus dedos deslizam pelos fios dos meus fones. Em um movimento terno, alcanço uma caixa oculta sob a cama, onde repousam tesouros de memórias preciosas, cada uma um fragmento de tempo congelado em sentimentos e sorrisos.
***
Esperei a quinta chamada do despertado para assim me levantar, pois em finais de semanas me permito a prolongar mais o horário para se levantar. Sem muita demora, capturo o meu celular e vejo ligações perdidas de Luiz. Aquele imbecil. Ainda tenho receio da sua atitude em um dia anterior.
Ligo para ele e o mesmo esbanja felicidade, acho que nem se tivesse ganhado muita grana em algum cassino estaria tão feliz como se encontra agora, até mesmo por que grana é algo que não falta para a sua família.
Luiz: Você não vai acreditar no que aconteceu!
Eu: E o que foi que aconteceu Luiz para você está acordado logo a essa hora? — questiono ainda me espreguiçando e me livrando de um short que durmo.
Luiz: Sabe com quem eu tenho um encontro hoje? — ele questiona.
Eu: Com a Louise? — Apenas foi a última menina que ele ficou e a única que ainda o vejo falar.
Luiz: Como você acertou de primeira?
Eu: A pergunta é como você conseguiu.
Luiz: Bem... Os conselhos da Anny não são tão ruins, você deveria ir falar com ela para resolver esse seu lance com a sua irmãzinha.
Eu: Eu não preciso de ninguém para me dizer o que fazer.
Luiz: E é por isso que ainda não. Sabe quem eu vi lá?
Eu: Não tenho o menor interesse nisso. — puxo a toalha e à enrolo no meu tronco.
Luiz: O filho da diretora, mas a pergunta que fica é, se é para reconquistar a Morgan ou conquistar a Emma.
Eu: Nem toca nesse assunto.
Luiz: A ruivinha não quer mais você? Cara, eu tenho contatos de várias gatinhas, se você quiser.
Eu: Não, Luiz.
Luiz: Não consegue transar com outra enquanto ela tá sua cabeça, né? Acredita que aconteceu isso comigo também?
Eu: Você está mesmo a fim da Louise.
Luiz: Vamos ver onde dar.
Eu: E não tem receio em de algum modo pisar na bola e ela nunca mais querer falar com você?
Luiz: Credo! Eu não estava pensando nisso até agora, Dylan! Caralho...
Eu: Foi mal, cara. Apenas estava com isso na cabeça.
Luiz: Vou ter que desligar, tenho que preparar tudo para hoje.
Até o Luiz está com uma garota? E eu estou aqui, desde quando ele está assim, tão perdido em alguém?
Saio do quarto e entro no banheiro, onde tomo um banho quente para aliviar toda a tensão sofrida ontem. E quando termino de me limpar, abro a porta e a minha mãe já está na porta, com a mão na cintura.
— Precisamos conversar, Dylan — ela fala de um modo rígido.
— Eu não quero — nego a cabeça.
— Vamos conversar mesmo assim! — ela gesticula na direção do sofá.
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Não Somos Irmãos
Novela JuvenilEmma, aos 10 anos de idade, nutre sentimentos pelo filho da melhor amiga de sua mãe. Porém, o mesmo a rejeita na época, por considera-la uma irmã. Eles crescem no meio de muitas brigas e confusões, até que Emma começa a sair e conhecer outros garot...