Kakyoin e Polnareff estão em silêncio, embora o colega francês seja conhecido por sua natureza barulhenta. Ele decidiu guardar seus comentários ácidos para mais tarde. O olhar confiante do ruivo está fixo na porta da sala, onde apenas os dois amigos estão presentes há algum tempo. Entre os lábios de Polnareff um suspiro desapontado escorre, mas nenhuma surpresa. Já aguardava pela atual situação.
“Falta pouco para o encerramento das aulas, vamos chutar o balde e afundar na cachaça, Kak. A gente tentou.”
“Mais dois minutos.” Sua voz não está animada como inicialmente, desviando as íris lilás rapidamente ao chão. Contudo, ainda lhe sobra esperança e não vai ceder diante uma rara chance.
Ambos aguardam mais; a cada segundo decorrido, o coração de Kakyoin começa a apertar no peito. Por mais que tente não demonstrar o pânico interno, o nariz de Polnareff notou o cheiro angustiado pairando no ar.
O colégio promove intensamente seus maravilhosos clubes e também a criação de novos, caso realmente tenham boas propostas. Kakyoin adorava participar do clube de artes, com Rohan sendo um ótimo artista e se inspirando em suas obras. Além disso, ele ouvia atentamente as dicas, evoluindo com sucesso em suas pinturas. Mas, não conseguia concentrar diante tanta discriminação e desdém pela sua classe, ômega, o que não esperava ocorrer dentro de um colégio bastante diversificado entre as três classes. Bullying ‘leve’ e até espancamento, não duvida da existência de casos de estupro, assédio físico e verbal são constantes, mesmo que os ômegas sequer estejam perto do cio. Os hormônios suaves os denunciam como vagalumes em uma noite escura.
Kakyoin remoeu por dias a ideia de um clube voltado para ômegas. Ele quer denunciar o tratamento diferente dado aos betas e, especialmente, aos alfas, proporcionar um espaço seguro e confortável, alertar sobre os perigos dos medicamentos cruéis que delimitam a exposição dos traços naturais dos ômegas. Muitos outros motivos também.
Inesperadamente a porta da sala foi aberta, assustando Polnareff que quase caiu da cadeira. Inconscientemente um sorriso tomou o rosto de Kakyoin, feliz por não ter desistido.
“An… É aqui o clube de ômegas, né?” Mista indagou coçando a nuca, um pouco envergonhado. Ele não é tão aberto sobre sua classe, apesar de não fazer questão de esconder.
"Sim!" Kakyoin não conseguiu conter sua empolgação, esquecendo-se de um grande detalhe: o clube ainda não é oficial, e existem dois requisitos obrigatórios. Primeiro, precisam, no mínimo, de três membros e, segundo, do auxílio de um professor que não esteja ocupado com outra atividade. “Entre, por gentileza.”
Mista aceitou a oferta, fechando a porta antes de se sentar próximo deles. A sala é uma comum de aula, até serem oficiais não podem fazer qualquer coisa, ainda assim, parece menos sufocante comparado ao lado de fora. Mista supôs que fosse pela fragrância doce vinda do ruivo, nem precisava cheirar para notar sua alegria, Polnareff também não exala ruim, embora seja muito contido.
“Achei que fosse participar do clube do Giorno.” Polnareff comentou curioso, não por menos, o moreno e o loiro sempre estão juntos. Praticamente colados.
“Sabe… Hmm… Eu e Giogio não estamos nos picando muito bem.” Respondeu hesitante sem os encarar, nervoso e suando frio.
“Que pena, eu gostava que fossem um casal.” O francês apoiou o rosto sobre a mão, tentando ficar o mais confortável possível nas cadeiras, até apoiando os pés na mesa de outra.
“O q-quê?! A gente não era um casal! Só porque sou ômega e ele alfa, não significa que estamos juntos!” Mesmo com seu dito, humilhantemente as bochechas rapidamente coram, um carmesim intenso.
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Clubes
FanfictionO colégio promove intensamente seus maravilhosos clubes e também a criação de novos, caso realmente tenham boas propostas. Kakyoin adorava participar do clube de artes, com Rohan sendo um ótimo artista e se inspirando em suas obras. Além disso, ele...