"Família não é sangue, é coração e alma"
Pov Terror (Diego)
Flashback on
Essa manhã está diferente, está mais cinzenta e... Quieta? O morro não é quieto, é animado e barulhento, pode ser pela madrugada chuvosa, mas algo está estranho de mais.
- FOI VOCÊ?- ouço minha tia entrar gritando em casa e desço de vagar para ouvir
- Do que está falando?- escuto meu pai falando...Eu conheço esse tom de voz, ele está bêbado
- Você o matou não foi? VOCE MATOU O GREGO! - aquilo foi como uma horas de tortura em apenas 5 segundos, a dor... não, não, não, meu padrinho não, ele era tudo para mim, era mais meu pai do que meu próprio pai!
- sim, o matei, ele tinha tudo! Uma mulher perfeita, uma filha perfeita, uma comunidade perfeita até soldados leais!
Ouvir aquelas palavras, ouvir que meu "pai" havia matado ele por inveja, ver que eu perdi parte de mim, perdi quem mais me criou e ensinou valores...
- NÃO - única palavra que saiu de mim, é cai no chão
Flashback off
Lembro que não comi, não bebi, não dormi por semanas, o cobra fez minha tia sumir do morro, tia Laura e Maria Luisa também sumiram, cobra assumiu o morro mas lógico que não servia para o negócio, ele tratava a todos mal, cortou a verba para as cestas básicas, criou mais inimigos do que aliados, ou seja toda semana tinha invasão, as crianças não brincavam mais na rua por medo de bala perdida.
Quando tudo aconteceu eu tinha apenas nove anos, então não podia fazer nada, mas os anos foram passando, o cobra cada vez afundava mais o morro junto com ele, ele só sabia beber, se drogar e me espancar.
Eu cresci com ódio nos olhos, prometi que vingaria meu padrinho e traria de volta minha madrinha. E assim eu fiz, com dezoito anos eu planejei a invasão com dois morros rivais, entrei atirando junto com eles, mas já estava avisado a cabeça do cobra era minha.
Eu lembro do olhar de ódio e decepção dele, mas nada vencia o meu ódio por ele, atirei, 8 vezes, assim como ele fez com meu padrinho.
Aos poucos e com muita luta fiz o morro se levantar de novo, amo eles, amo ver as crianças brincando na rua de novo, tenho mais aliados do que inimigos, construi um campinho para as crianças e reativei a verba para as cestas básicas, construi um postinho aqui dentro também.
Nesse momento estava descendo o morro cumprimentando as pessoas, cinco anos, faz cinco anos que o morro voltou a ter cor, e barulho após nove anos em silêncio e manhãs cinzentas.
Tia Laura e Maria Luisa sumiram do mapa, eu até fui atrás delas quando consegui o morro, mas não deixaram nem rastro... tia Laura é realmente Boa
-Fala viado- GB chega ao meu lado me cumprimentando
- Boa cuzão- comprimento de volta
GB e LC são meus amigos de infância, nos conhecemos com 7 anos, era eu, eles, e a Maria luisa para cima e para baixo.
- se liga, pararam nossa carga de novo
- caralho de novo?! -encaro ele
- não sabemos se é os cana ou alguém fudendo com a gente
- inferno, hoje tenho aquele baile lá para ir, não vou poder, mas na próxima carga quem vai buscar sou eu
- o que vai fazer nesse bailezinho ai afinal?
- não sei, mas o chefe o CV está querendo me encontrar lá
-fica ligeiro em
- relaxa, vou resolver uma parada na boca e já vou subir para me arrumar, vou pegar o jatinho, é lá nos EUA essa porra
-ta internacional agora em cuzão- rimos e entramos na boca
- Nada, é só para não ser pego, tá ligado que os manos são espertos
