Capítulo 22

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Eu me sentia a pessoa mais estranha da face da terra

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Eu me sentia a pessoa mais estranha da face da terra. E não era porque estava casada com o cara que mais odeio no mundo, mas sim porque hoje revivi coisas que não deveria estar revivendo.

Lembro perfeitamente da primeira vez que nos beijamos. Camilla havia inventado uma festa do pijama das garotas, mas eu escapei em algum momento da noite e encontrei Christopher no telhado de casa, observando o céu em silêncio. Eu pulei a janela do seu quarto e me juntei a ele, fazendo o mesmo.

Não lembro quanto tempo conversamos, mas ele contou uma piada besta e nos encaramos. A intensidade daquele olhar, o brilho em seus olhos castanhos, seu sorriso que ia sumindo aos poucos, tudo parecia perfeito. E ficou mais ainda quando seus lábios tocaram os meus pela primeira vez.

Óbvio que eu já tinha beijado outros garotos antes dele, mas nenhum outro me fez sentir daquela forma, como se eu estivesse tocando o céu. E fazia sentido, até porque nunca antes havia me apaixonado por alguém daquela forma.

Por que estou lembrando desse momento? Simplesmente porque hoje, quando nos beijamos, eu voltei para esse dia.

Seu gosto era o mesmo, sua boca continuava macia, e seu beijo, infelizmente, ainda era o melhor que eu já havia provado. E eu me odiava por isso.

Não que eu esteja sentindo alguma coisa por ele, longe disso, mas a nostalgia é algo que mexe comigo, principalmente quando as coisas acabavam da pior forma.

Nós nunca falamos sobre o que aconteceu. Ele nunca me pediu desculpas, mesmo sabendo o quanto havia me machucado. E talvez porque Christopher era egocêntrico demais para assumir que tinha errado com alguém. E esse é o principal motivo para odiá-lo.

Entrei no carro com Santiago em meus braços depois de me despedir de todo mundo. Ele conversou um pouco comigo, subiu em meu colo e dormiu com a cabeça em meu peito.

Beijei sua cabeça e acariciei seus cabelos escuros e lisos, como os de Camilla e Mariana. Christopher era o único da família que havia nascido loiro, como Alexandra. Mas, de alguma forma, eles eram parecidos.

Naquele momento, sentindo o cheiro de bebê que Santiago ainda tinha, senti que havia feito a coisa certa. Eu podia estar colocando minha felicidade em risco, mas se fosse para ver o sorriso daquela criança todos os dias, tudo bem.

Christopher chegou alguns minutos depois, sentando-se ao meu lado e indicando ao motorista que ele poderia começar a corrida.

Percebi que ele me olhou rapidamente e depois desceu o olhar para Santiago, sorrindo de canto e passando as mãos em seus cabelos. Aconcheguei a cabeça no banco, e percebi novamente Christopher me encarar, mas não o olhei.

— Fizemos a coisa certa! — Seu tom de voz demonstrava segurança, e eu assenti, ainda olhando para frente.

— Eu sei. — Respondi séria, sem esboçar nada e sem criar uma nova conversa, cortando aquele momento e trazendo o silêncio consigo.

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