Onna no Chikara: Kunoichis em Ação

Prólogo

No Vale do Fim, situado além dos acontecimentos atuais, um novo horizonte de eventos se desdobra.

Em um vale repleto de mistérios e belezas antigas, o fim da densa floresta deu lugar a uma vista de tirar o fôlego. Diante dos olhos de Sakura, uma majestosa cachoeira erguia-se como um muro de água, cortando a paisagem entre duas estátuas colossais que se erguiam como guardiões de eras passadas. O rugido da água preenchia o ar com uma força viva, quase tangível. Por um momento, a beleza do Vale do Fim a capturou por completo, anestesiando a mente de uma forma que esqueceu o motivo de sua jornada até ali.

Mas então, a crua realidade atingiu Sakura como um trovão. Ao desviar o olhar da majestade da natureza para o solo pedregoso à frente, seu coração parou. Lá, jazia Naruto, imóvel. Um terror sufocante queimou em seu peito, descendo até o estômago em fagulhas geladas de desespero.

A poucos passos dele, Sasuke permanecia imponente, como uma daquelas estátuas. A distância entre eles era curta, mas o abismo de incertezas parecia intransponível. O Uchiha havia finalizado o confronto? A possibilidade acendeu um pavor selvagem em Sakura, fazendo suas pernas tremerem incontrolavelmente, não sabendo se era frio da chuva impiedosa que molhava seus cabelos rosados ou o frio do medo que a dominava.

Neji, que estava ao lado de Sakura, fechou os punhos com uma determinação sombria, enquanto observava Naruto. A angústia que o apertava por dentro era mais cortante que o vento gelado que varria o vale. Sem hesitar, ele avançou em direção a Sasuke, as gotas de chuva se misturando à dor dos ferimentos que marcavam seu corpo. Mas a dor física era nada comparada ao peso em seu coração; um peso que ele estava decidido a enfrentar naquele momento decisivo.

"Por muito tempo, me senti como um pássaro preso, com as asas cortadas, carregando a escuridão de erros passados. Mas Naruto, foi a luz da sua determinação que abriu a gaiola, iluminando meu caminho através da escuridão. Você me deu esperança quando eu já tinha desistido de mim mesmo. Agora, chegou a hora de devolver o favor, com toda a força que possuo. Por você, eu enfrento o que vier, porque você me ensinou que até o destino está nas nossas mãos para mudar."

[...]

Atualmente, antes de Sasuke deixar a vila

Sakura encontrava-se ao lado da cama de Sasuke, seu corpo levemente curvado sobre um banquinho de madeira que parecia absorver a tensão do quarto. Desde o fatídico encontro de Sasuke com Itachi, que deixou marcas profundas e invisíveis na mente do Uchiha, Sakura fez daquele quarto de hospital um santuário de esperança e desespero misturados. Todos os dias, como um ritual, ela trazia uma flor branca, um símbolo de pureza e renovação, e a acomodava ao lado da cama em um vaso de vidro, substituindo as que perdiam sua vida, num ciclo de renovação que refletia seu próprio desejo de mudança.

Desde o reencontro com o irmão, Sasuke permanecera imóvel, um shinobi caído em um abismo de pesadelos, sem dar sinais de retorno ao mundo dos vivos. Já se passaram mais de vinte dias - cada um pesando mais no coração de Sakura do que o último. A inércia do Uchiha espelhava a impotência que Sakura sentia por dentro, uma agonia que a mantinha acordada à noite, revirando-se em busca de um descanso que não vinha.

Sua esperança residia na lendária Tsunade, a Sannin das lesmas, que agora era uma promessa distante trazida por Naruto e Jiraiya. E a sua contribuição nisso tudo? Nenhuma. Enquanto torcia para que eles tivessem sucesso em sua busca, Sakura se via presa em um ciclo de autocrítica e dúvidas, lamentando não ser forte o suficiente para proteger aqueles a quem amava, nem mesmo para ajudar Sasuke a se libertar do abismo em que havia caído.

"Naruto tem o Rasengan, Sasuke o Chidori... E eu?", ela se questionava, uma reflexão que a consumia. A dúvida sobre seu valor e força a corroía por dentro, uma luta interna que a deixava à beira do desespero.