A pequena vila Ventura contava com poucos moradores, tendo os campos da realeza a maior parcela deles. Os campos estavam verdes e viçosos e as plantações davam indícios de grandes colheitas que se fariam. O sol era ameno e a chuva trazia a quantia ideal de água para os cultivos.
A seis meses do ano sétimo, a campina começou a secar, as ovelhas não podiam mais pastar perto e os pastores cada vez mais distantes buscavam seu alimento. Do dia para noite, toda relva e planta se secaram; como se um fogo as tivesse consumido, as árvores se tornaram galhos secos sem vida.
O povo não sabia o que fazer e o murmúrio era crescente de que apenas a vide junto a antiga estrada do paço real vivia. Às portas do castelo todos protestavam pelo alimento que a grande seca lhes tirara, o rei teria que dar conta de seu futuro ou então aquele seria o último dia de seu reinado.
─ Onde está o administrador do armazém real? Chame-o aqui, pois temos que dar comida a essa gente. -perturbava-se o rei.
─ Não se preocupe soberano, não será desta vez que a grande árvore tirará vossa coroa. - respondeu o velho conselheiro.
Assim como o rei tinha ordenado, a uma quantia módica, as pessoas compraram comida para estocar em suas casas. Muitos preferiram sair do reino e procurar em terras distantes além do vale a possibilidade de recomeçar, pois grandes perspectivas não havia ali.
A mente de Esseno não se tranquilizava e com razão, pois, em poucos meses seu fraco reino poderia ser tomado. Naquela tarde, numa audiência pública com o rei, foram lidos os balanços da coroa. E por fim uma nota com as expectativas da corte dizia "O tesouro real diminui a cada dia e nossa dívida está praticamente impagável. Nossos servos nos abandonaram. A seca fez até com que os magos e sábios do reino desacreditassem de sua legitimidade".
Profundamente irritado com tudo o que ouvira, pediu para que Mestre Palma dissolvesse o Conselho dos magos e que destituísse todos os sábios que recebiam da coroa. A nobreza se dividiu. Os nobres das terras mais longínquas que tinham sido mais prejudicados pela seca, buscavam uma maneira de destroná-lo. Os dias cada vez mais se aproximavam e Palma pediu ao rei que partisse antes que uma guerra começasse.
─ Rei Esseno, é iminente que uma guerra comece. Hoje recebi uma carta avisando da chegada de um embaixador de um reino estranho! - preocupava-se o velho sábio.
─ Estamos desamparados, nossa mágica já não nos protege dos inimigos além do vale.
─ Que reino é esse? E por que se atemoriza tanto? - Inquiriu o rei.
─ Ele virá de uma cidade-estado chamada Estho. -concluiu o sábio.
Diante os últimos acontecimentos o rei parecia não se abater tanto, mas de súbito lembrou-se de seu último sonho e disse de repente:
─ Tive um sonho muito estranho. Neste sonho, sou espectador de uma cena intrigante. Aos pés de minha inimiga eis que aparece uma jovem dama vestindo púrpura, suas vestes lembram a realeza. Fico admirado, pois ela traz consigo um brasão que não conheço. Tirando seu capuz, ela deixa cair seus cabelos negros, estendendo suas mãos para o céu ela invoca a Bela do caminho dizendo as seguintes palavras 'Sou sua serva e tu és a minha ama, não há inimigos que resistam as chamas. Mostre-se e atenda a meu chamado'. - o rei fez uma breve pausa e continuou - As duas conversam e o céu se carrega de nuvens, os raios fazem com eu tema pela vida da bela moça, mas ela não tem receio algum pela figura do mal com quem fala. Antes que ela vá, entrega um livro e um galho seco à Bela do caminho, como se os devorasse a árvore volta ao seu descanso...
"Este é o brasão do sonho!" - Pensava o rei contemplando a mensagem.
─ Ora, meu rei! Suponho que ela não virá em missão de paz, antes, creio que se trata de um reconhecimento para uma futura peleja. - analisava Mestre Palma.
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O sonhador, a velha árvore e o rei
FantasyVentura é uma pequena cidade no Vale Almíscar, um lugar onde muitas coisas podem acontecer dependendo de sua crença. Esseno era um jovem rei e isso era um peso demasiado para sua consciência. Nesse reino não tão distante assim, uma velha árvore míst...