𝐷𝐼𝐴 7

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"Aprendi a viver sozinha, a jogar por conta própria, e sobrevivi".


Baxian Argos conduziu Morana por um salão subterrâneo de pedra preta, iluminado apenas pelo fogo que crepitava nas lareiras em forma de bocas com presas que rugiam. Na frente dessas lareiras descansavam drakis de vários tons, vampiros bebendo taças de sangue e daemonakis em ternos digitando em laptops. De forma estranha, aquele lugar era... normal. Como um clube particular.

Na verdade era mesmo uma espécie de clube particular. Morana sabia que a sede de qualquer Casa estava sempre aberta a todos os membros. Alguns optavam por residir ali, sobretudo os trabalhadores responsáveis pelos trâmites diários da Casa. Mas alguns vinham apenas para passear, para se encontrar ou descansar. Eles lançavam apenas um olhar para Baxian e mal notavam a presença de Morana, como se não fossem interessantes o bastante, mesmo que não pertencessem a essa Casa. Alguns nem lhes davam um olhar, como se não fossem novidade ou interessantes o bastante.

Morana seguiu Baxian pelo longo corredor e depois por um conjunto de portas duplas de madeira preta esculpidas com o símbolo da Casa, uma caveira com chifres. Não sabia dizer o que esperava. Uma câmara do conselho, um escritório chique à altura de Hypaxia, a líder de toda essa Casa... Mas não esperava o elegante bar de ônix, iluminado com uma luz azul profunda, como o coração de uma chama. Um quarteto de jazz tocava em um pequeno palco sob um arco na parte de trás do espaço, as várias mesas altas — todas adornadas com vidros daquela luz azul — viradas na direção da música. Mas Argos foi direto para o bar de vidro obsidiano com bancos dourados.

Uma draki fêmea de escamas douradas, usando um vestido preto transparente, trabalhava no bar e acenou com a cabeça em direção a Baxian, como se reconhecesse sua presença. O macho assentiu de maneira discreta enquanto se sentava e batia no banco ao lado dele, dizendo a Morana:

— Senta.

Morana olhou confusa para o metamorfo, mas o obedeceu mesmo assim. Ainda não sabia ir contra sua natureza obediente.

Um momento depois, a bartender deslizou um copo escuro na direção dele, com fumaça saindo de dentro. Baxian virou o copo, a fumaça escapando de sua boca enquanto dizia:

— Pode pedir o que quiser e ela fará — a draki ofereceu outro copo contendo a mesma coisa para o macho. Ele girou o líquido uma vez antes de bebericar outra vez. — Acredite, qualquer coisa mesmo.

Morana olhou para o copo escuro entre os dedos dele, o líquido âmbar que parecia e cheirava a uísque, apesar de nunca ter visto uísque exalando fumaça.

— Chama fumashow — falou Baxian devagar, como se soubesse que ela nunca tinha visto uma coisa assim antes. — Uísque, gengibre ralado e um pouco de magia de draki para deixar tudo mais chique.

— Eu vou querer só uma água gelada. Obrigada.

Morana observou a draki pegar um copo com as bordas quadradas e despejar dentro a metade de uma garrafa de água, em seguida, balançou os dedos e a água ficou ainda mais gelada. Agradeceu a fêmea quando pegou o copo meio cristalizado e tomou um gole. Era a água mais gelada que já tinha bebido. Havia até mesmo alguns poucos cristais de gelo entre o líquido. Bebeu mais um gole e devolveu o copo para o balcão quando se virou para Baxian, perguntando:

— Hypaxia vai se encontrar conosco aqui? — e, porque sabia como a fêmea era ocupada, disse: — Se ela estiver em algum compromisso eu posso voltar outra hora. Aposto que ela não...

— Hypaxia está terminando uma coisa no laboratório, por isso estamos esperando — ele disse, tomando outro gole de sua bebida, tranquilamente. Ele olhou para o relógio no alto da parede. — Dê três minutos e então podemos descer até lá.

✓ 𝑵𝒐𝒃𝒐𝒅𝒚'𝒔 𝑫𝒂𝒖𝒈𝒉𝒕𝒆𝒓 | (𝐶𝐶𝐼𝑇𝑌 𝑎𝑓𝑡𝑒𝑟 𝐻𝑂𝐹𝐴𝑆)Onde histórias criam vida. Descubra agora