Aposta Indecente

Capítulo 1

Sejam bem vindos e aproveitem essa deliciosa Aposta Indecente!

O dia, como de costume, estava nublado. Suaves raios de sol escapavam por entre as densas nuvens de Londres e tocavam meu rosto. O despertador marcava 05h56 e embora tivesse mais quatro minutos de sono, teria que me levantar em breve para iniciar a comum rotina de café-metrô-faculdade-trabalho.

Retirei o edredom e calcei minhas pantufas, o início da manhã, sem sombra de dúvidas, era a pior hora do dia, principalmente porque o chuveiro quente estava quebrado e o frio do outono já estava batendo na porta.

- Cassidy, termina logo esse banho porque não quero perder o metrô de novo e só passa um a cada trinta minutos! - Bati insistentemente na porta do banho - A primeira aula é do Sr. Robinson e você sabe como ele é com atrasos!

Enquanto aguardava minha amiga terminar o banho botei água para esquentar e pus duas torradas para fazer, arrumei brevemente a mesa e retornei ao quarto para separar uma boa segunda pele, um moletom cinza, um par de tênis, calças jeans e um gorro de crochê que ganhei de presente da minha avó.

O café estava quentinho e saboroso, mas perdeu todo o sabor quando olhei o relógio e só tinha 10 minutos para chegar no metrô, levantei de subido e calcei os tênis correndo.

- CASSIE! VAMOS NO ATRASAR! - porque inferno Cassidy demora tanto se arrumando?

- Já estou pronta, apressadinha. - ela chegou na cozinha arrumada como de costume e só podia estar de olho em algum novo crush.

Cassidy era uma pessoa excepcional, tinha um carisma que encantava qualquer um ao seu redor, além de ter olhos cor de safira que, sinceramente, são sua melhor característica física. Mas, sério, era meio desmioladinha, e acho que é um dos motivos de gostar tanto dela.

- Vamos, o metrô não vai esperar a gente! - falei abrindo a porta do apartamento alugado que ficava em Woolwich, distante a quase duas horas de Oxford.

O metrô estava lotado de estudantes e pessoas indo para o trabalho, a aula começaria as 09h e bioquímica celular não era uma das minhas cadeiras favoritas, na verdade, o respiro daquela aula era a beleza de Alexander Walker, com seus cabelos escuros, ombros largos, sorriso encantador e profundos olhos castanhos.

Mesmo que ele não se recorde, me lembro vividamente dele, de sua beleza e sua gentileza, foram anos observando-o de longe. Alex estudou na mesma escola fundamental que eu e embora ele soubesse da minha existência, nunca fomos próximos, principalmente depois do segundo semestre da faculdade, quando ele começou a namorar uma garota descendente de coreano chamada Kim Nabi. E não, ele não cursa bioquímica, mas biomedicina, por isso que temos alguma cadeiras em comum.

Bom, independente disso, nunca consegui superar meu primeiro e avassalador amor, não quando ele o alimentou todos os dias durante anos, sendo simpático e gentil, mesmo que todos os outros "amiguinhos" rissem do meu excesso de peso na infância e adolescência. E foi graças a isso que desenvolvi transtorno alimentar, passando a comer compulsivamente quando ansiosa ou estressada e, logo em seguida, vomitando tudo.

- Srta. Hayes! Estou falando com você, garota! - desviei a atenção para o Sr. Robinson, que estava com as mãos na cintura me observando.

- Pois não, Sr. Robinson? - questionei ao tempo que senti minha face enrubescer com toda a atenção que trouxe para mim.

- Estava perguntando se você estaria disponível para fazer uma pesquisa científica com o Sr. Walker, mas dado seu total desinteresse nessa aula, agora não é mais uma pergunta e sim uma imposição. - Olhei para Alexander e, sinceramente, eu estou ferrada! - Quero que os dois apresentem ao final do semestre uma aula sobre a atuação enzimática da catalase - o professor virou-se novamente para o quadro, virando-se de volta em seguida. - Aproveite e acrescente na apresentação de vocês dois uma simulação da ação da catalase na batata.