Love

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O dia amanheceu pintado em tons de amarelo, ou talvez fossem os olhos de Alane a enxergar tudo na gama de sua cor favorita. A felicidade que retumbava em seu peito era desconhecida, de certo modo, sentia-se livre. Liberdade sempre esteve presente em sua vida, mas era diferente. Tudo era diferente. Estar conhecendo partes novas de si, provando sabores desconhecidos... A alegria deixara de ser o caos de noites intermináveis, para se abrigar em manhãs amarelinhas como aquela.

Sentia-se jovem, como se não possuísse toda uma carga de vivência, podia sentir suas orbes brilhantes, possuindo o encanto ingênuo e a esperança quase lúdica. Tentava manter os pés no chão, mas sua mente insistia em flutuar, divagar até a dona de seus anseios. Entre risos, refletiu sobre os últimos acontecimentos. Eram únicas, teve certeza. O primeiro dia de uma nova liberdade, o qual marcaria seu pertencimento; não somente à Yasmin, mas ao início de uma fase, a renovação de uma vida, um novo momento, passos vagarosos que daria dentro de um terreno que pouco conhecia, mas muito desejava explorar.

Fazia alguns minutos que esperava por Luna num restaurante que a outra escolhera, estava ansiosa para saber do que se tratava e também para compartilhar o rumo que sua vida estava tomando. O sorriso fora vasto ao vislumbrar a amiga adentrar o local, chamando atenção com seu macacão vermelho, tal fato fez Alane rir baixinho.

– Alane! – Exclamou ao se aproximar.

– Lu... – Levantou-se para abraçá-la.

Ver Luna depois da última conversa que haviam tido, a deixava nostálgica. Talvez os conselhos que dela ouvira, tivessem invadido sorrateiramente seu coração. Compreendia melhor suas palavras sobre amor e liberdade, sobre o anseio e a aventura de viver a dois.

– Por que está sorrindo assim pra mim? – Questionou ao sentar-se.

– Estou grata, Luna. – Respondeu com sinceridade, a fazendo estreitar os olhos.

– Explique com clareza, morena. – Cruzou os braços, aguardando uma resposta completa. Alane quis rolar os olhos, mas não conseguia nada além de sorrir.

– Minha vida está mudando, meu bem... De uma forma que não imaginei. Agora sou apenas Alane, uma mulher apaixonada e com um leque de possibilidades para desbravar. Compreende que larguei minha profissão? – Gargalhou de modo contagiante, embalando a outra em seu riso.

– Tenho noção do motivo pelo qual o fez, mas espero que não seja somente por isso. Amores vêm e vão, caminhos se cruzam e se distanciam com a mesma facilidade. Não quero vê-la criar algo tão extraordinário a ponto de perder-se. – Luna acreditava no amor, o tinha vivido em sua maior intensidade e pelo mesmo motivo carregava a certeza de que não se pode criar um foco, viver em função de sentimentalidades.

– Não vou negar que ela tem sido o foco dos meus pensamentos, vontades e anseios. Entretanto, estou agindo de acordo com a minha vontade. Senti essa necessidade de explorar caminhos desconhecidos, de me desfazer e refazer. Se der certo com Yasmin, serei extremamente feliz. Caso isso não ocorra, continuarei em busca da felicidade, afinal, ela está dentro de mim. Não vou me perder, meu bem... Talvez eu mergulhe nesta sentimentalidade e me sinta totalmente perdida, mas de maneira gostosa. Não há possibilidade de algo tão intenso e recíproco tomar outro rumo. – Explicitou, sentindo-se tão aliviada ao ouvir aquelas palavras de sua própria voz. Possuía a certeza de que fariam dar certo, mas também a calmaria de que se manteria sóbria caso algo não ocorresse como deseja. Intimamente sentiu receio, um pequeno medo sobre em teoria ser mais fácil, mas guardou no mais profundo de sua alma. De todas as crenças que possuía, a força de um pensamento positivo predominava seu ser.

Luna que ouvia com atenção as palavras de sua amiga, estendeu a mão sobre a mesa para alcançar a dela, afagando com carinho seus dedos enquanto juntamente divagava em toda vontade que Alane abrigava. Torceu silenciosamente para que o caminho do casal não fosse tortuoso.

Shades of Cool (Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora