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    Subi as escadas sem nem ao menos perguntar qual era o quarto de Melanie, não que fosse difícil de adivinhar. Uma das portas do corredor está pintada com um desenho de grafite da banda The Doors. Se esse não for o quarto dela, então eu estou maluco.

    Dei três batidas na porta rezando para que ela atendesse. Como resposta ouvi um “Vai embora!”.

— Mel, sou eu — ouvi a chave virando na tranca duas vezes e a porta foi aberta. Melanie me puxou para dentro do quarto e trancou a porta novamente.

    Seu quarto é espetacular, extremamente diferente do restante da casa, bem como ela havia dito. Muitos pôsteres de bandas e artistas diferentes acima da cabeceira, uma escrivaninha bagunçada e o guarda roupa no outro canto. Tem um carpete branco de ponto a ponta no chao chão quarto.

    O que mais me chamou a atenção foi o pequeno armário com portas de vidro próximo da janela, tem muitos discos de vinil e CDs. Há também um rádio e um toca discos em cima.

    Sua cama está bagunçada também, os travesseiro amontoados no canto da parede junto com a coberta e uma Melanie aborrecida sentada com os olhos inchados do tanto chorar.

— Quem tem o quarto bagunçado agora? — perguntei de forma descontraída para tentar animá-la um pouco.

— Me desculpe pelo o que minha mãe disse, estou morrendo de vergonha. Ela também fez isso com o Matt.

— Acho que ela não quer que você termine a vida sozinha. Claro que isso não quer dizer que ela tenha que ficar procurando um namorado para você — me sentei ao seu lado e logo Melanie apoiou a cabeça em meu ombro — Não precisa ficar se desculpando, está tudo bem. Aliás, você não terminou de jantar, quer que eu vá pegar seu prato para você?

— Poderia me fazer esse favor? Ainda estou morrendo de fome. 

    Depois que Melanie terminou de comer seu jantar, ainda fiquei mais algum tempo com ela no quarto conversando enquanto o rádio tocava uma música baixinha.

    Ficamos deitados sobre o carpete, cada um com um travesseiro, sem notar a hora passando. Que raiva que eu sinto por estar gostando de ficar perto dela, eu normalmente rezo para que os meus sentimentos não se aflorem.

— Mel, posso te fazer uma pergunta íntima? Não tem nada a ver com você e sim com o seu irmão.

— À vontade, ela não vai ouvir mesmo.

— Eu só escuto você chamando ele de irmã. Qual é o lance?

— A Lily está passando por um processo de mudança de gênero, então não é para qualquer um que ela se apresenta como mulher. Ela tem medo da reação das pessoas, é meio anormal para as pessoas ainda.

— Eu entendo a sua irmã, é complicado ser nós mesmos com tanta gente burra por aí.

— Eu te acho super maneiro — vi Melanie sorrir — As pessoas deveriam guardar mais esse preconceito e dar uma chance para te conhecer. Você é inteligente, gentil, bonito e forte… fisicamente também. Eu sei que tem um bando de safada que você já pegou que não liga para como você é, mas não é delas que eu estou falando. Acho que você entendeu o que eu quero dizer.

— Só entendi a parte que você me enche de elogios — Melanie levantou as sobrancelhas, descrente com o que eu disse — É brincadeira! Eu entendi o que sim — Melanie soltou um bocejo e me dei conta que poderia estar bem tarde — Mel, acho que já passou da hora de você ir para a cama, está morrendo de sono.

— É… — nos levantamos relutante e Melanie fez um bico — Nao queria que você fosse, agora vamos nos ver só na segunda-feira, amanhã eu vou ficar fora o dia todo.

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