Emma
Enquanto a estrela que nos ilumina, brilhava na imensidão azul lá fora, o ar passivo e os barulhos de sacolas e pessoas tagarelas pairavam no cômodo gigantesco. Grupos de adolescentes riam a caminho do cinema à medida que as crianças abusavam dos pais para brincarem nos brinquedos. Lembro-me como se fosse ontem, a minha mãe me colocando no cavalinho e me segurando no carrossel, mesmo após um dia tão cansativo no plantão.
Amava como ela sempre sorri, e o quanto é dócil com todas as pessoas, até mesmo as que não gostam dela. A mulher com toda certeza é a minha inspiração, no entanto, tenho que progredir quando o assunto é paciência e não guardar rancor.
Ultimamente eu estou completamente eufórica, cada fibra do corpo mergulha em um mar de fúria no instante que aquelas covinhas entram no meu campo de visão, querendo abusar de um sentimento antigo e indefeso que infelizmente prevalece no peito. E eu tenho a impressão que com o passar do tempo, perco ainda mais o coração e as decisões da mente dominam a boca, expelindo todos os pensamentos, sendo eles bons ou não.
Percorro a vista pelas vitrines reluzentes, e fixo em um par de tênis que por um momento pensei que iriam flutuar e chegarem até mim. Eles eram lindo. Eram da cor do ceu quando está bonito para chover, aqueles azuis acinzentados me chamaram atenção de um modo inexplicável. Não sou consumista, pelo contrário, já rebati muitas vezes nos momentos que minha mãe me enchia de compras.
- Louise, aqueles sapa... - sou interrompida com um no meu pulso.
- Ali, vamos sentar, ali - ela apontou para uma praça de alimentação. - Minha barriga já está roncando - então a garota passa a mão ao redor do umbigo.
- Depois vamos naquela loja - disse à medida que acompanhava.
- Está bem - a menina confirmou com a cabeça e no segundo seguinte tentou unir as sobrancelhas enquanto virava a cara para mim. - Emma, está querendo comprar mais alguma coisa? - cerrou os olhos, inclinando a cabeça - Ah safadinha, está querendo arrasar no acampamento. Por acaso o filho da diretora tem algo a ver com isso, hein? - um dos seus assuntos favoritos é a minha vida amorosa, mesmo sendo bem entediante.
- E você? Comprou um look novo só para sair com o idiota do Luiz - coloquei a mão na boca, tampando uma pequena gargalhada.
- Como você sabe que eu vou sair com ele? - o seu semblante fez um ponto de interrogação gigantesco - Aquele imbecil não sabe ficar de boca calada - sussurrou ao minuto que revira as suas coisas na sacola.
- Eu apenas deduzi - dessa vez sou eu quem fico com uma pontuação no rosto. - Como você tem coragem? Era uma inimiga dele... - dou uma pausa na caminhada, cruzando os braços. Estou completamente perplexa.
A garota foi a maior rival do Luiz por vários anos, não o suportava, igual a mim, pois aquele cara é um ridículo. Um atleta afobadinho que só sabe falar em mulheres, e em quantas pode pegar em uma noite. Ou pior, pontuar quem são os cornos do colegial, uma vez que as namoradas dos caras dão em cima dele.
Babaca, assim como todo atleta!
- Olha... - respira profundamente - É o meu corpo - joga as mãos, demonstrando que não tem argumento plausível para justificar. - Não sei por que, mas dentro de mim tem uma vontade enorme de beijar ele... Naquela festa eu gostei muito de seus amassos...- relaxa os ombros - É isso! Estou fazendo pelo sexo! Sexo casual! Você nunca sentiu essa atração tão forte que por um momento esquece o que a pessoa realmente é, e só quer desfrutar do corpo dela?
Neguei com a cabeça, mesmo sabendo que não era verdade. Só Deus sabe o que passa pela minha cabeça quando a respiração quente de Dylan se espalha pelo decote da minha roupa, e o quanto sórdidos eles são. Porém, o meu caso não pode ser apenas atração... Ou seria? Tem alguma possibilidade de ter vontade apenas de um sexo causal?
***
As mãos da mulher bateram na porta ao instante que a sua boca chamou pela a amiga. Queria ter ficado em casa assistindo algum filme, conversando com Louise por um vídeo chamada ou compondo no telhado. No entanto, sou arrastada para a casa de Alice contra minha vontade.
Rostos foram abertos em sorrisos largos durante a abertura da porta. A amiga da minha mãe me puxa para um abraço e elogia o meu traje apenas por educação.
- O jantar já está na mesa - Alice notifica, dando espaço na entrada para a nossa passagem.
Caminhamos até a sala de jantar com as atualizações da vida adulta sendo discutidas pelas mulheres, como estava ocorrendo os plantões, e como é difícil ser dona de casa por que sempre tem alguma coisa para arrumar.
No cômodo revestido por cores passivas que acalmam até a alma, a única fonte de atenção era o jarro de flor pousado no centro da mesa ou talvez o garoto de cabelos arrumados e completamente limpo, que ao levantar o seu olhar, fez uma pequena onda de eletricidade percorrer o meu corpo. Sexo casual. Foi isso que passou como um feche na mente.
- Vamos nos sentar - gesticulou a dona da casa em direção aos assentos.
Escolhi uma cadeira que não ficasse tão perto de Dylan, mas que também não possibilitasse que os nossos olhos se encontrassem frequentemente.
Por longos segundos os assuntos que percorriam eram sobre as últimas notícias do bairro. Papo chato, que me fazia bufar, não me interessava nenhum pouco sobre as construções de novas praças e o quanto está perigoso andar pela rua de noite. Então, o que me restou foi se esquivar do olhar de Dylan quando ele me notava olhando para ele.
Não sei por que. Não sei por que diabos a natureza chama tanto assim!
Sexo causal. Estou a fim disso? É apenas atração acumulada por décadas? É por isso que o meu corpo vibra tanto quando as pontas de seus dedos percorrendo as minhas costas?
O rapaz continua comendo tranquilamente a macarronada, e quando me nota, lambe o garfo. Senhor! Quando me tornei tão calorosa assim?
Será se consigo ficar nesse limite? Tenho os mesmos sintomas de Louise...
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Gente, ontem a energia faltou, e não deu para postar.Capítulo dedicado a essa pessoinha querida Leoni___❤️😊. Amo cada comentário de vcs, amores!!
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Não Somos Irmãos
Teen FictionEmma, aos 10 anos de idade, nutre sentimentos pelo filho da melhor amiga de sua mãe. Porém, o mesmo a rejeita na época, por considera-la uma irmã. Eles crescem no meio de muitas brigas e confusões, até que Emma começa a sair e conhecer outros garot...