cherry one.

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— vamos lá, você sabe, rosie. repassamos isso anteontem!

as bochechas de roseanne coraram em vergonha, porque realmente fazia pouquíssimo tempo desde que estudara a matéria. e ela tinha uma ótima professora particular, por isso, seus dedos rasparam a folha e assim ela escondeu o rosto entre os próprios braços apoiados na mesa.

— eu não sei. — resmungou abafado. lisa riu.

— presente perfeito contínuo, é facil. veja, “eu tenho viajado por dois meses.” — o lápis da morena sublinhou as palavras na folha. — em inglês, você usa o verbo “has been” e o gerúndio “-ing”, para expressar a ideia de que já passou algum tempo desde que uma ação começou.

— então fica... ''i have been traveling for two months"? — roseanne pronunciou com um pouco de dificuldade e um sotaque acentuado.

— isso mesmo! — a mão de lisa acariciou o topo da cabeça da loira como se faz com uma criança.

— acho que foi sorte.

— ou uma boa professora. agora escreva aí.

rosie contornou com o lápis, escrevendo a resposta certa na linha. com isso, finalizaram a última questão do dever que a mais velha havia passado especialmente para ajudá-la.

— está se saindo bem, apenas precisa confiar mais em seus instintos, e nos meus ensinamentos, é claro.

— você fala como se fosse um mestre, buda ou algo assim.

lalisa sorriu mostrando os dentes daquela vez, com o seu nariz franzido, atraindo os olhos de sua aluna que não puderam esconder o brilho naquele momento.

— sou o seu! e por hoje é só, né? — se levantou da cadeira, juntando os materiais.

roseanne gostava que estudassem ao ar livre, no jardim, já que sua casa enorme a permitia se dar esse luxo. o verde em volta do pequeno espaço rústico e o som dos passarinhos ajudavam na concentração, ela não gostava de estudar mas gostava de estar com lisa naquele lugar.

— espera. — tocou na mão da sua professora, por impulso.

num vislumbre de olhar, notou como se parecia vantajosa e mediam-se até mesmo alguns poucos vasos aparentes que sobressaltavam a pele. seus dedos meio calejados, provavelmente pelo violão que tocava. desvencilhou-se do toque, repentina.

— desculpe. é que, você não quer tomar um café? comer algo? estávamos tão concentradas que eu me esqueci disso.

inventou uma mentira na hora, talvez se enrolasse ganhasse mais alguns minutos.

— oh, é mesmo. — manteve-se curta, mas sempre charmosa, e acenou em concordância. — eu aceito, estou com saudade do seu capuccino.

— vamos à cozinha.

o sorriso de roseanne se mostrou digno de vencedora. manoban era uma mulher bem reservada e não se demorava muito nas aulas, apesar de muito simpática. ela gostava de sua aluna especialmente pela sua aura boa e as paralelas conversas profundas que acabavam tendo em meio às aulas, mas não havia pensado em nada mais do que isso afinal ela era tão jovem. seria mesmo divagar atoa, certo?

— aqui. — serviu o capuccino com creme e alguns biscoitos de leite quentinhos, para ambas.

— obrigado. — exalou o aroma deleitoso do café, fechando os olhos para isso. — hoje foi um dia produtivo, né?

— sim, você merece uma recompensa por sua paciência.

— que nada, você não me deu trabalho. merece recompensa mais do que eu por ter aprendido rápido!

— a mamãe sempre faz esses biscoitos quando você vem. — comentou, dando uma mordida na massa leve.

— ela não pode descobrir sobre nada que eu gosto, isso é fofo.

quem sabe ela não deveria me dar de presente à você também, pensou.

roseanne apenas sorriu docemente e continuou comendo, vez ou outra espiando a professora por canto dos olhos. ela era tão naturalmente graciosa, como se não se esforçasse para encantar as pessoas. até mesmo a mãe dela gostava da companhia de lisa, por pura primeira impressão. ela era educada e gentil, completamente o tipo de pessoa com quem a loira gostaria de namorar um dia. infelizmente, por ser mais nova, não teria muita chance. pensava assim. ela entendia isso, só não queria aceitar.

— aliás, eu tenho algo para você.

— para mim? — as orbes se iluminaram.

— uhum, você me contou da outra vez. eu vi e lembrei de ti.

a mais velha contou pouco antes de puxar uma escultura em formato de uma árvore cerejeira, era banhada à detalhes e tinha um suporte retangular bem onde terminava o tronco. ela sabia como sua aluna gostava de cerejas e dessa árvore em especial, já que a tela do seu computador era uma fotografia dela e não parava de falar sobre isso em qualquer oportunidade.

— lisa.. — uma voz chorosa soou, acompanhada de um beiço. — muito obrigada!

— feliz aniversário, rosie. próximo mês nós poderemos vê-las de perto.

inesperadamente, o toque de manoban a acolheu. os braços longos envolveram o corpo miúdo, deslizando as mãos pelo suéter de lã rosa em meio ao abraço desajeitado, e o rosto da loira se esfregou ao peito da mais alta aproveitando aquele acontecimento raro. os dedos de roseanne se cravaram em meio ao tecido grosso do moletom de lisa como se não quisesse soltá-la, inspirando seu cheiro reconfortante.

— até a próxima aula, certo? — sussurrou, afastando-se aos poucos.

manoban não se desfez do toque por vontade própria. seu verdadeiro motivo era que, ou ela se afastava, ou a menor sentiria o  vergonhoso bombeio desenfreado que seu coração fazia. engoliu à seco, o pomo de adão em seu pescoço subiu e desceu lentamente de maneira que não pôde disfarçar o receio.

— até... — sussurrou a menina, após o beijo leve que seus lábios glosados pintaram na bochecha quente da professora.

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cherry glue 🍒  [chae+lisa]Onde histórias criam vida. Descubra agora