capítulo 9

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Rebecca estacionou o carro em frente à cafeteria. Já tinha recebido uma mensagem de Irin avisando que já estava aberto. Entrou e deu de cara com Noey e Nop conversando, enquanto Irin atendia alguém no balcão.

- Bom dia - passou pelos amigos e abriu a portinha que ficava no final do balcão.

- Nos conte como foi o papo de ontem com a sua garota - a baixinha falou assim que entregou o pedido do cliente.

- Nem um bom dia primeiro? - Rebecca perguntou e foi até a bancada, pegou seu avental de cintura e o amarrou - Quantas vezes eu vou ter que repetir que ela não é minha garota?

- Quantas vezes quiser, e mesmo assim a gente não vai deixar de dizer que a garota é sua - Nop falou, dando de ombros, e Noey concordou com a cabeça várias vezes.

- Falamos sobre o livro que ela estava lendo. Depois, falamos sobre a vida pessoal dela - ela se aproximou da cafeteira e serviu um café a si mesma - Ela só tem 20 anos e já passou por tantas coisas…

- Você não vai nos contar o que ela te disse, não é mesmo? - Noey perguntou, e Rebecca apenas concordou com a cabeça.

- Ela confiou em mim para contar sua história. Não cabe a mim sair falando algo que diz respeito somente a ela - tomou um gole do café..

- Descobriu ao menos se ela é casada?

- Ela mora sozinha com o filho, ela não é casada - falou, respondendo à pergunta de Irin, que estava escorada no balcão e mexia uma colher dentro de uma xícara.

- Vai que é tua, Armstrong - Nop quase gritou e recebeu um olhar em repreensão.

- E a Heidi? - Noey perguntou - Onde ela fica nisso tudo?

- Eu e a Heidi não temos nada sério, e não estamos mais ficando também…

Todos olharam em direção a Rebecca e ela apenas deu de ombros e focou os olhos em um caderno de anotações da cafeteria. Ela anotava alguma coisa no mesmo.

- Então, se você quiser algo sério com alguém, ela não vai achar ruim? - a baixinha perguntou.

- Ela falou que não - Rebecca franziu as sobrancelhas, olhando alguns números no caderno - Falou que gostava de ficar comigo, mas que o amor que tem por mim é apenas de amiga…

- Então, coloca um ponto final nisso logo de vez - Nop apontou o indicador em direção a Rebecca - Se vai querer algo com minha ouvinte favorita, você tem que estar totalmente livre…

- Acho que ela é hétero - Rebecca falou e fez uma pequena careta em desgosto.

- Quem é hétero perto de você? - as duas mulheres falaram ao mesmo tempo, o que causou risadas em todos.

- Vocês são terríveis - sorriu e revirou os olhos - Mas se ela for mesmo, quero pelo menos a amizade dela, me aproximar do filho dela. Eu gostei dele.

- A Armstrong toda mãe já - Nop fez beicinho e uma cara fofa.

- Nasci pra ver a Rebecca sendo chamada de mamãe - Noey fez a mesma cara do Nop.

- Já considero uma família super linda a de vocês - Irin fingiu limpar uma lágrima no seu olho direito.

- Depois eu que sou emocionada - negou com a cabeça e guardou o caderno dentro da gaveta do balcão.

{-}

Freen corria atrás de seu filho, que estava com o lençol da cama em sua cabeça. Ela parou quando ouviu o celular tocando e foi procurar o mesmo dentro do quarto. Atendeu a ligação de vídeo e foi em direção à sala.

- Que cara de acabada é essa? Parece até que passou um furacão aí na sua casa - Nam falou, rindo.

- Um furacão chamado Matheo - o pequeno passou correndo perto dela, e ela puxou o lençol de sua cabeça. Ele começou a rir e voltou a correr - Ele está ligado no 220, já pulou em cima da cama, já bagunçou os ursinhos dele. A casa tá parecendo que passou um furacão aqui dentro.

- Talvez eu consiga aparecer aí hoje à tarde, e eu te ajudo nessa bagunça - Heng falou - Mas e a conversa de ontem com a mulher que vai provar que você não é hétero?

Freen ergueu as duas sobrancelhas e semicerrou os olhos quando ouviu a risada alta e escandalosa de sua amiga.

- Conversamos sobre livros, fizemos uma “brincadeira” - fez aspas com apenas os dedos de uma mão - De perguntas e respostas, e eu acabei falando sobre minha vida pra ela…

- Tipo, tudo? - ela concordou com a cabeça, e Nam arregalou os olhos - Tudo mesmo?

- Quase tudo, ou tudo… eu não sei onde estava com a cabeça quando falei da minha vida para uma pessoa que eu acabei de conhecer - ela suspirou e se encostou no sofá.

- Se você falou, foi simplesmente por se sentir à vontade com ela. Eu não vejo problema nenhum nisso - a loira deu de ombros.

- Eu também não vejo problema - Heng disse, dando de ombros - É bom saber que você se abriu com mais alguém…

- Se abriu - Nam repetiu e começou a rir desesperadamente - Me desculpa, gente, eu não tenho maturidade. Só penso coisas erradas, que ódio…

- Meu Deus, eu vou até desligar essa ligação depois disso - se levantou do sofá e foi procurar o filho - Que mulher da mente podre…

Ela ainda pode ouvir as risadas de seus amigos e a loira implorando para que ela não desligasse. Mesmo assim, ela desligou. Encontrou Matheo sentado no chão com a chupeta na boca e tentando tirar um pouco de seu cabelo dos olhos. Estavam grandes demais, e ela precisava aparar um pouco.

Depois de dar um banho demorado em seu filho, Freen o deitou apenas de fralda em cima da cama e lhe entregou uma mamadeira com suco de laranja. O mesmo retirou a chupeta da boca e passou a beber o suco na mamadeira. Freen se jogou na cama e puxou seu celular. Entrou no Twitter e viu que o locutor Nop tinha feito um novo Tweet, pedindo para os ouvintes deixarem seus pedidos de música ali.

“Toca, ‘Total Eclipse of the Heart’ - Bonnie Tyler” foi o comentário que ela fez no Tweet.

𝑲𝒊𝒔𝒔 𝒎𝒆Onde histórias criam vida. Descubra agora