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- Posso estourar um champanhe para a mais nova contratada do dia?

Cheryl estava realmente animada do outro lado da linha, tanto que podia ver seu sorriso de orelha a orelha se tentasse.

- Sim, pode.

Estava naquele momento olhando o movimento da rua pela janela, no tão solitário apartamento. O sol estava começando a cair.

- Estou feliz por você, Nid, de verdade. Sabia que logo acharia alguma coisa.

- Estou aliviada, você nem faz ideia.

Dei um suspiro, por mais que coisas boas estivessem nesse momento na mente, outras um tanto conturbadoras davam alô.

- Tem alguma coisa acontecendo?

Cheryl me conhecia bem demais, não ia conseguir omitir coisas dela, ainda mais depois do meu suspiro um tanto exasperado.

- Eu conheci duas garotas, e ambas atiçaram minha curiosidade.

- Como assim?

- Eu não sei explicar, é como se fosse uma força invisível que me atraiu na direção delas - Ainda não tinha entendido o motivo de sentir aquilo - Eu sinto isso, é algo que não consigo ignorar. Talvez eu esteja tempo demais sem usufruir da minha profissão que estou vendo coisas em todos agora.

Não acreditava naquela teoria, nem pensar, a intuição nunca falhava.

- Me fale um pouco delas...

- Uma é uma garota de vinte e três anos que trombei e quase derrubei ela no chão, ela é tão... Pura e Meiga, Cheryl - Silêncio, a ruiva estava apenas me deixando falar - Eu vi ela ontem a noite na praça tocando violão, a gente conversou e eu me afeiçoei a ela de alguma maneira.

- Afeiçoou no tipo - Ela travou brevemente - Romântico?

- O quê, não, por Cristo, eu amo a Wednesday - Me desesperei por ela pensar aquilo- É que essa garota, ela, me parece esperar a morte. Não sai de casa, diz que não gosta de se afeiçoar a ninguém. É como se ela só estivesse esperando algo acontecer.

- Acha que ela pode estar doente?

- Confesso que pensei nisso, mas não quis ler a mente dela, não achei certo.

- E a outra garota?

Violet, a adolescente que estava com medo de descobrir a história. Como pode ter conhecido a menina de manhã e já está afeiçoada a ela? Isso era impossível.

- A outra é uma adolescente da escola que vou começar a trabalhar, conheci ela por um acaso quando uma briga estava acontecendo e ela estava no meio - Cheryl tentou, mas não conseguiu esconder o riso - Ela meteu uma bituca de cigarro na testa da outra adolescente.

- Acho que já entendi o motivo de você ter se interessado nessa menina - Ri com seu tom sugestivo - Uma mini Enid?

- Quase isso.

- Mas porque ela te chamou tanta atenção? Tirando o fato dela ter arrumado confusão.

- Cheryl, eu posso estar muito equivocada na minha análise e me arrepender amargamente dela - Sai da frente da janela e fui até a cozinha em busca de água - Mas essa menina sofre algo em casa.

- Problemas familiares?

- Pelo que a garçonete me disse quando levei ela para comer um lanche...

- Calma ai, você levou ela para lanchar?

- Sim, isso foi logo após eu tê-la ajudado fugir da sala da diretora e ter dividido um cigarro com ela.

- ENID! - O grito do outro lado da linha me fez afastar o celular da orelha - Você poderia ser presa por isso.

SilenceOnde histórias criam vida. Descubra agora