• 𝐷𝑎𝑣𝑖𝑑 𝐵𝑙𝑎𝑘𝑒 •

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Desde que o dia havia começado um incômodo estava instalado no meu interior, um revirar de estômago que me fazia pensar se o dia seria uma merda, ou se era apenas alguma coisa que poderia ter comido no dia anterior.

Mas no fundo eu sabia. Sempre que aquela sensação se instalava dentro de mim, alguma coisa iria acontecer e normalmente essa coisa era sempre ruim.

Sempre senti isso, aprendi a entender que o meu corpo me avisava de certa forma.

Mas eu não dei ouvidos aos meus instintos dessa vez.

Os momentos estavam cada vez mais difíceis com as tentativas de atingir Noel através da Lea ou com ameaças, e isso estava me deixando com as emoções a flor dá pele.

A garota se tornou muito especial para mim, como a minha irmã mais nova e assim como eu faria por Noel, também faria por ela em protege-los até meu último resquício de força.

Quando estávamos na casa do Elijah e vi os corpos falecidos das diversas mulheres penduradas, me causou um gatilho insano. Era como se o inferno da minha vida antiga estivesse presente de novo. Me doeu o coração, me deixou possesso e com ainda mais vontade de achar o desgraçado.

Talvez com o sentimento de raiva e o gosto por vingança terem atingido um nível mais alto do que eu pretendia, me fez esquecer completamente aqueles pressentimentos e desconfortos. Não me deixou raciocinar, me fez agir pela emoção.

Eu precisava mudar isso...

Elijah estava realmente vivo, mas não estava se movimentando sozinho e o que mais me irritava era o fato de ele nunca aparecer para nos enfrentar, covarde!

Adentramos juntos a floresta, só não esperava que seríamos pegos de surpresa. Noel foi derrubado por um homem com a altura ainda mais do que a minha e a dele, fora os músculos extremamente fortes e pesados.

Saco a minha arma para atirar no brutamontes mas sou surpreendido por outro me segurando e fazendo o tiro ir para outro lado.

Naquele momento tudo ao meu redor se esvai e só foco no homem há minha frente. Meu irmão sabia se defender melhor do que ninguém então não tinha que me preocupar com ele, pelo menos por enquanto.

Ele era grande em todos os sentidos, apesar de forte eu não chegava nem perto da estatura do desgraçado, mas eu estava precisando dissipar meu ódio.

Me desvencilho do aperto e mantenho distância até tê-lo vindo para cima de mim. Tento desviar mas sou recebido com um soco certeiro em minha costela, no mesmo momento devolvo o soco em seu maxilar fazendo ambos recuarmos.

A sensação de latejante se faz presente no local do meu corpo acertado, mas não era nada comparado a raiva que eu estava sentindo, o sangue quente.

Vou para cima dele e o mesmo faz a mesma coisa, socos são depositados em diversas partes do corpo e rosto. Chutes acertados nas partes mais sensíveis.

Pela força e tamanho dele acabo caindo no chão, sendo recebido com socos de sua mão pesada sem piedade. Eu sentia o gosto metálico se formar na minha boca, meu rosto doendo, meu corpo latejando.

Derrepente sinto algo perfurando exatamente no meu deltóide, o objeto pontiagudo crava em minha pele me fazendo soltar um grito pela dor insuportável com a profundidade que havia atingido.

Desgraçado!

Me contorço assim que ele havia saído de cima de mim, as imagens do meu passado sombrio passavam na minha cabeça como lembranças malditas. O filho da puta perfurou bem encima da minha cicatriz feita pela minha mãe!

Me forço a não permitir que aquelas malditas memórias me fizessem ficar sem a concentração necessária. Me levanto e seguro no cabo do canivete o puxando de uma vez, o sangue escorre por minha pele até estar pingando dos meus dedos e molhando a terra com as gotículas.

O canto da minha boca estava com um corte aberto pelos socos e um lado da minha bochecha dormente. Agora era a minha vez.

O deixo vir para cima de mim e seguro seu braço quando ele faz menção em me acertar com outro soco, com o canivete na minha outra mão cravo na parte inferior de seu braço fazendo passar para o outro lado da sua pele, tendo seu grito ecoando pela floresta.

Pego impulso me virando e dando um mortal de costas, acertando meu pé em sua cabeça com força o fazendo cair no chão de barriga para baixo.

Seguro em seu casaco o virando com brutalidade para ficar de barriga para cima, seu rosto e roupas sujos com a terra da floresta.

__Seu merda, quem te mandou? -fico por cima dele tirando o canivete de seu braço, deixando o buraco feito jorrar sangue.

__Eu vou morrer sem abrir a minha boca. Mais de nós irão vir e vocês vão morrer. -solta uma risada e dou um soco em seu rosto o fazendo cuspir sangue.

__Quem foi?!

__Acha mesmo que vou falar?! -ri me olhando- Você não passa de um cachorrinho que segue os passos do Noel, você não é ninguém e só está vivo por conta do seu amiguinho. Sinceramente, você deveria ter morrido quando ela... -não permito que ele acabe a frase já sabendo o que ele falaria e cravo o canivete em sua cabeça por uma, duas, três, quatro, cinco vezes até ter o seu sangue em meu rosto e em minhas mãos e ele já sem vida.

Volto a consciência, minha respiração alterada e ainda sinto meu sangue escorrendo pelo meu braço. Minha visão estava quase turva.

Noel!

Me levanto deixando o corpo estirado e sem vida no mesmo lugar. Observo as pegadas e a terra pisoteada enquanto sigo até ver um pequeno barranco e de lá ver meu irmão batendo a cabeça do brutamontes na pedra dentro do lago. Ele estava sem controle.

Desço o barranco sentindo meu corpo doer e provavelmente com um osso quebrado pela dor agonizante que se estendia cada vez mais após o sangue esfriar, me permitindo realmente sentir dor agora.

Entro no lago e envolvo meus braços entorno dele com força ignorando o ferimento repuxar, o puxo comigo até cairmos sentados ainda dentro do lago. O seguro sentado entre as minhas pernas e canto em seu ouvido uma música que era especial e definia nós dois.

Eu sabia que sua verdadeira calmaria em meio aos momentos de descontrole era a Lea, mas eu precisava acalma-lo de alguma maneira, e aquela era a única de ele voltar a racionalidade.

__Tudo bem, irmão. Tudo bem... -murmuro após breves minutos de silêncio. Minhas forças estavam quase se dissipando, eu necessitava de um médico.

Noel se afasta e se levanta finalmente me olhando, seu olhar me varre parando exatamente no meu ferimento e em meu estado físico.

__Merda, David! -Rasga um pedaço da camisa e envolve no meu ferimento dando um nó apertado que me faz puxar o ar pelos dentes.

Um bip em nosso aparelho de comunicação nos tira a atenção, era Setty.

__Aonde vocês estão? -sua voz transmitia um tanto de desespero.

__Ainda estamos na floresta, o que aconteceu? -noel diz enquanto me ajuda a levantar.

__Vocês precisam sair daí, estou vigiando as ruas próximas e tem quatro van's indo na direção da mansão. Provavelmente descobriram que vocês estão aí, não duvido que tenha sido uma armadilha. Eu já pedi para alguns homens irem com vocês se acontecer alguma perseguição. Saiam daí!

Noel e eu trocamos olhares e juntos começamos a seguir a mesma trilha em que havíamos entrado o mais rápido possível, ou melhor, que minha dor me permitia.

𝑆𝑒𝑗𝑎 𝑚𝑖𝑛ℎ𝑎, 𝑎𝑚𝑜𝑟!Onde histórias criam vida. Descubra agora