𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 1

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𝐂𝐎𝐑𝐓𝐄 𝐏𝐑𝐈𝐌𝐀𝐕𝐄𝐑𝐈𝐋

⎯⎯  ׁ۪𑁍 ׁ۪ ⎯⎯

Uma linda mulher com cabelos loiros brilhantes estava sentada em um banco de metal pintado de branco, uma almofada bordada apoiava suas costas contra o metal gelado enquanto ela se sentava contra ele.

O vestido branco num tom perolado caía sobre a grama verde e um par de pés cobertos descalços surgiam entre o tecido. 

Um jogo de chá de porcelana estava sob a mesa a sua frente, uma fragrância floral e ácida de jasmim e limão flutuava no ar junto ao cheiro de rosas, um prato com uma fatia de torta de morango com creme de baunilha estava descansando sobre a mesa sem ser tocado.

Ao lado da bela fêmea havia uma mulher baixinha e robusta com cabelos castanhos presos e de olhos castanhos com pele de casca de árvore. A feérica inferior estava em silêncio ao lado da bela dama, vestindo um conjunto branco e preto comumente usado pelas empregadas da corte.

No silêncio do jardim onde apenas o cantar dos pássaros era possível de se ouvir um som de passos apressados soou pela porta de madeira entreaberta atrás da fêmea de cabelos loiros.

Uma batida soou contra a madeira e então o silêncio reinou novamente.

Alguns segundos se passaram quando uma voz melodiosa e baixa entoou pelo jardim.

— Entre. — Um sussurro, uma ordem, e nada mais.

Com um baixo guincho a porta foi aberta e uma serva vestida com o mesmo conjunto de roupas pretas e brancas igual a feérica robusta ao seu lado entrou no jardim com passos cautelosos.

Com a cabeça abaixada e os cabelos pretos presos em um coque baixo a feérica se curvou em frente a loira.

— Senhorita, o quarto filho da madame Caelia acaba de nascer. — Falou a feérica num tom respeitoso e levemente trêmulo. Sem ousar-se olhar para a fêmea sentada à sua frente.

Um medo silencioso espreitava no jardim, uma fina camada de tensão invisível cobria todo o ambiente que de relance parecia harmonioso.

— Oh. — Um suspiro foi sua única resposta.

Uma mão fina e esbelta se ergueu lentamente em direção a um garfo de prata ao lado do pedaço de torta.

A serva de cabeça baixa estremeceu, um soluço aterrorizado escapou por seus lábios quando ela deu um passo para trás por reflexo. A feérica instantaneamente se arrependeu.

Um baque soou, a serva de cabelos pretos se ajoelhou em frente a bela feérica loira, com a cabeça fortemente pressionada contra a grama úmida e os ombros finos tremendo lamentavelmente.

A fêmea robusta ao lado da dama de branco fechou os olhos silenciosamente, rezando para que a Mãe tivesse piedade daquela pobre serva.

— Hmm? — Um zumbido questionativo baixo soou pela garganta da bela feérica que segurava o garfo de prata em sua mão.

Um som úmido e enjoativo encheu o ar silencioso.

As pontas do garfo estavam fortemente cravadas numa substância vermelha brilhante. 

Um som agudo soou, uma crise incontrolável de soluço surgiu no jardim junto a um som baixo e choroso da tentativa de suprimir o som.

A feérica loira levou o garfo machado de vermelho brilhante até os lábios rosados, abrindo levemente e deixando uma língua unida deslizar nos afiados espetos de prata do talher.

𝐂𝐨𝐫𝐭𝐞 𝐝𝐞 𝐌𝐞𝐧𝐭𝐢𝐫𝐚𝐬 𝐞 𝐌𝐚́𝐬𝐜𝐚𝐫𝐚𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora