As vezes precisamos passar por um tempo de crescimento, como uma planta precisa ser regada frequentemente para se adaptar ao mundo, precisamos nos regar de pensamentos para sobrevivermos.
Eu não sei o que sou. Isso é algo que parece óbvio, principalmente quando uma pessoa do primeiro ano do ensino médio fala, mas eu não me refiro a que faculdade vou fazer, a que profissão vou me condenar pelo resto da vida, em que lugar vou morar, o poder aquisitivo que vou ter.
Nada disso é o que estou tentando dizer.
Talvez nós, ordinários aglomerados pluricelulares, descendentes de bactérias que um dia já foram aglomerados de poeira estelar e vazio, que damos um significado errado ao verbo "ser". Talvez não sejamos nada, talvez a palavra "humano" não seja realmente o que somos, talvez isso não nos descreva totalmente. Talvez o que fazemos, nossas paixões, nossos trabalhos, nosso dinheiro, talvez isso também não defina a gente.
E, pra falar um pouco sério aqui, a gente realmente precisa se definir?
Eu sou eu, sou o que eu quiser ser naquele dia, naquele momento, as vezes eu posso ser a mesma coisa o dia todo, e nem eu mesma sei que coisa sou, não sei se ser algo tem a ver com seus sentimentos, com o seu jeito de falar, de andar, de tratar as outras pessoas. Talvez eu seja várias coisas em um dia só, talvez alguém morra e eu fique triste, talvez devastada, se eu fizer algo insano, talvez me sinta tanto insana quanto, e se estiver tudo neutro, talvez eu não sinta nada.
E se formos pessoas mortas?
Essa ideia de vivo ou morto é bem superficial, alguém só chegou um dia e disse, em uma língua que se expandiu e se traduziu, que estamos vivos. Mas e se estivermos mortos?
Sempre que falamos a palavra morte assimilamos a algo ruim, porque isso esteve enraizado na palavra desde que o primeiro aglomerado de células do mundo ousasse falar, a inventar, e outros aglomerados que ousaram a usá-la em seus idiomas, e assim, como saberemos se não somos apenas um monte de coisa morta e junta, tentando viver? Tentando se sentir vivo?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Entre Ser ou Não Ser, Eu Não Sou.
Non-FictionEsse one-shot fala sobre devaneios de uma garota comum do século XIX, rodeada do capitalismo, materialismo, autossabotagem e crises de indentidade. Ela gosta de música, desenhos, pinturas, arte, matemática e de validação alheia. Não gosta de escreve...