... Dois dias depois...Meu celular tocou exatamente às quatro e meia da manhã no horário que eu havia marcado, mas não me foi muito útil, já que não dormi nada.
Sair da cama em um pulo, quase caindo por ter tropeçado em uma das malas perto da cama, malas essas que estavam prontas, a dois dias, e já perdi as contas de quantas vezes tinha verificado se estava faltando alguma coisa.Desci a pequena escada que dava em direção à sala, meus pais já estavam acordados, consegui ouvir o som das pisadas no piso de madeira, também havia som de vozes, só que estavam falando tão baixinho que não consegui ouvir direito, coloquei as três malas perto da porta "será que estou levando coisas demais? Ou será que estou levando coisas de menos?!" Segui em direção a cozinha, e como esperado os vi prontos pondo o café da manhã.
— Olha se não é a minha princesa. – disse, enquanto colocava as torradas na mesa, meu pai não tirava os olhos de mim. — Está ansiosa?
— Eu tô tranquila... – quem eu queria enganar? Meu pais se entreolharam, eles sabiam que eu estava mentindo. — Taaa, eu tô uma pilha de nervos.
— Vem, senta aqui. – mãe me chamou, dando umas batidinhas no assento e assim como uma criança, obedeci. — Sei como você está se sentindo meu bem, eu e seu pai também estamos, isso é normal. – suspira. — Coisas novas, mesmo sendo boas, podem nos deixar assustados, ansiosos ou algo do tipo. – e então ela olha para meu pai, os dois se olhavam com cumplicidade.
— Isso, e não é por que estávamos ansiosos ou com medo que essas coisas novas vão ser ruins, e caso você precise eu e sua mãe estaremos aqui, para te apoiar.
— E eu também! – diz Miguel me abraçando por trás.
༺ ❀ ༻
Me despedir dos meus pais e do meu irmãozinho, pela décima vez antes que chegasse a hora de pegar o ônibus, apesar de ter tentado segurar o choro, mãe como uma bela de uma chorona não conseguiu, me fazendo falhar miseravelmente, cara, eu não posso ver ninguém chorando, por que meus olhos começam a chorar, assim sem a minha autorização. Combinei em me encontrar com Hellen, quando chegasse, pois ela tinha que ir antes para resolver algumas coisas, ou seja, iria viajar sozinha.
Agora estava sentada, em uma das poltronas daquele ônibus lotado, por sorte consegui um lugar perto da janela, aos poucos a imagem da minha família, ficavam distante, até que não consegui vê-los mais, suspirei fundo, colocando meus fones para tocar qualquer música da minha playlist bagunçada, observei para fora da janela daquele ônibus, e notei que já estávamos saindo da cidade.Minhas pernas estavam doendo pelo tanto de tempo que estava sentada na mesma posição, a senhorinha que estava sentada ao meu lado cochilava em uma posição nada confortável, algumas vezes soltava uns ronquinhos engraçados, o que me fez achar graça, mais com o passar das horas, tudo ali estava entediante. Às vezes trocava umas mensagens com Hellen, o que acabava me distraindo, mas eu só queria chegar logo.
O céu já estava começando a escurecer quando o ônibus fez sua segunda parada, decidi descer e comprar alguma coisa para comer, como esperado, minhas pernas doeram quando levantei. Paramos em um posto de gasolina, sair daquele ônibus nem que seja por alguns minutos, foi bem vindo, por mais que as janelas estivessem abertas, continuava quente e abafado. Olhei para o relógio, eram quase sete da noite, ainda tinha algumas horas de viagem. Então tratei de comprar uns salgadinhos e uma garrafinha de água e assim voltei para dentro daquele ônibus abafado "céus, eu nunca gostei de lugares apertados e fechados, me sentia sufocada". Agora é torcer para que as horas passem mais rápido.Dia seguinte, às 8:30 da manhã...
Quando o ônibus finalmente parou, não posso negar que foi um alívio, em toda a viagem meus pais me ligaram e bonequinha, não parava de mandar mensagem, e me obrigaram a cada uma hora mandar uma foto dizendo que estava viva, só que acabei dormindo e quando acordei tinha mais de 20 ligações e não sei quantas mensagens, perguntando se tava tudo bem e porque eu não tinha atendido as ligações "é minha família e melhor amiga, são super, hiper, mega protetores".
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(Nem) Todos os Clichês São Iguais
RomanceAs vezes precisamos olhar para dentro de nós, para descobrir quem realmente somos, e isso nem sempre é uma missão fácil, dúvidas, questionamentos, inseguranças, medos, tudo isso fazem parte do processo. Mais a jornada se torna mais fácil quando tem...