Capítulo 13

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Correndo seus dedos pelo chão no auge do desespero, tateou algo no qual se agarrou como se sua vida dependesse disso, afinal realmente dependia. Macarena apertou o pedaço afiado de vidro sem sua luva, o enfiando no pescoço de Said, acertando tão fundo em sua jugular que fez o sangue do homem jorrar para todos os lados enquanto caía ao lado da mulher, aos poucos sufocando nos próprios fluidos.

A loira se levantou o mais rápido que podia, sua visão estava embaçada pelas lágrimas e o sangue que agora escorriam misturados por seu rosto, a deixando ainda mais atordoada enquanto tentava se dirigir até a árabe. Com as mãos trêmulas alcançou a arma, não hesitando em puxar o gatilho, acertando dois tiros no peito do homem que caiu já sem vida sobre o corpo de Zulema, que não tardou em empurrar o cadáver para o lado para enfim tentar buscar algum ar.

- É... - Zulema tossiu algumas vezes, começando a se levantar lentamente com dificuldade, ainda tentando se recuperar da árdua tarefa que respirar havia se tornado. - Parece que não estavam armados afinal.

Finalmente se pôs de pé, ainda sentindo a visão embaçada e a tontura pelo tempo que havia sido parcialmente privada de oxigênio.

- Meu Deus, acho que eu vou vomitar... - Macarena largou a arma no chão mesmo, se sentando no sofá menor livre de qualquer corpo, ainda que o couro do estofado também estivesse pintado de vermelho.

- Mas não aqui. - Puxou a loira pelo braço para que ficasse de pé, logo recolhendo a arma do chão e a travando.

Zulema recolheu as duas taças sujas pelo batom de ambas e o pedaço de vidro cravado no pescoço do homem agora morto, os colocando dentro de uma sacola de lixo preta que tirou de sua bolsa de mão. Não precisaria se preocupar com ter suas digitais espalhadas pelo local, afinal suas luvas serviam exatamente para evitar qualquer tipo de imprevisto que encontrarem seu DNA na cena do crime poderia lhe causar.

Zulema não se perdoaria caso se esquecesse do relógio de ouro em cima do balcão, no qual colocou dentro da própria bolsa junto a mais algumas jóias que conseguiu encontrar espalhadas pelo local e nos próprios corpos ainda jogados pela sala.

Macarena praticamente correu até o banheiro, abrindo a tampa do vaso antes de cair de joelhos e colocar o pouco que tinha em seu estômago pra fora. Talvez tivesse sido emoção de mais por uma noite, mas ainda conseguia sentir seu estômago, já vazio, se contorcer. Finalmente levantou a cabeça da privada com os olhos cheios de lágrimas, queria chorar pelos últimos acontecimentos horríveis, estava cansada.

- Você tá bem? - A loira tomou um susto com a voz da árabe, que agora estava encostada no batente da porta do banheiro, a encarando com os braços cruzados e a típica cara séria.

- Si-sim. - Limpou rapidamente as lágrimas que já estavam prestes a cair de seus olhos, se recusava a ser vista chorando naquele momento, afinal estava ali por um único motivo e sabia que Zulema nunca aceitaria sua fraqueza. Fechou a tampa do vaso, finalmente apertando o botão da descarga. - Acho que foi a bebida, não deve ter me caído bem...

Ao contrário do que Macarena esperava da árabe naquele momento, Zulema ainda séria apenas pegou uma das toalhas de rosto penduradas e lhe ofereceu para que limpasse o rosto. A loira franziu brevemente o cenho, acabando por aceitar, sorrindo gentil com o ato da árabe. Zulema nada disse, apenas coçou a nuca parecendo sem jeito antes de sair e deixar Macarena sozinha novamente naquele banheiro.

Por mais que a árabe não a estivesse a apressando, sabia que não podiam demorar no local, se entrassem e as encontrassem no mesmo lugar com todos aqueles corpos tudo estaria acabado, voltariam pra cadeia antes mesmo de perceberem. Se levantou do chão para molhar a toalha na pia, começando a tentar tirar todo o excesso de sangue de seu rosto e braços, não demorando a se unir a Zulema e jogar a toalha junto da peruca suja de sangue na sacola plástica.

Entre Grades e Sentimentos: Caminhos TraçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora