༺ 08 ༻

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Crystal
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     Depois do esbarrão e da forma constrangedora que cair em cima da garota,  seus olhos verdes não saíram do meu pensamento. Por mais que eu tentasse pensar em qualquer outra coisa a sensação do seu olhar em mim, me fez sentir algo que não sei explicar. A forma que meu coração bateu mais forte só de lembrar me deixava desconfortável, senti minhas bochechas queimando e eu sabia que estava tão vermelha quanto um tomate. Anna, a menina que me sentei ao lado estava tentando puxar conversa comigo, e logo de cara  já achei ela legal, mas era uma pena que ela era do primeiro ano, a gente não se veria durante as aulas.

— Nossa a garota que entrou aí está a muito tempo conversando com a diretora, não acha? – o cochicho de Anna me tirou dos meus devaneios, “sério que depois de falar de séries e hobbies que gostávamos de fazer nas horas livres, a boneca aqui vem falando da dona dos olhos que parecem duas pedras de esmeraldas??!”

— Talvez seja algo importante, ela estava correndo igual um foguete – comentei sem vontade.

— Tanto que esbarrou em você, né Crys? – o rosto da garota começou a ficar um tanto vermelho e um sorrisinho de canto começou a surgir.

— Anna, isso pode acontecer com qualquer um – repreendi, era verdade ué, um esbarrão acontece em todos os lugares...

— Mas foi por que você não viu do lado de fora! Sério, parecia aquelas cenas de filmes onde um do casal tenta proteger o outro, sabe?! Me senti em um Dorama! – diz empolgada.

     Meus olhos cresceram tanto que acho que eles poderiam saltar para fora de órbita "como assim cena de filmes? Doramas?". Ela só pode ter usado alguma coisa para relaxar antes das aulas e está vendo coisas, até porque não tem essa de cenas e nem de Doramas, só.. s-só foi um esbarrão "aí droga, porque tá calor aqui?".

— Nada haver Anna, o que você viu foi duas alunas caindo, e uma delas tentou impedir que isso acontecesse e acabou caindo junto e…

— E amorteceu sua queda, viu! Cena de filme! – fui interrompida, e não tive nenhum argumento, eu assisti e li diversos romances, sabia que isso acontecia mas qual seria a probabilidade disso acontecer, na vida real? E porque estou pensando em probabilidades?!!

— Ana! – a garota disfarçou o sorriso, enquanto eu já estava prestes a roer as unhas ou pegar meu caderno de desenhos e começar a rabiscar qualquer coisa, para tentar distrair e sair dessa conversa. Mas por sorte, Ana ficou quieta e não fez mais comentários sobre o que aconteceu.

   Ficamos em silêncio, esperando a tal conversa que a diretora estava tendo com a garota acabar, para que a gente pudesse falar com a diretora Elisa e ser liberadas para encontrar nossas salas, o que não aconteceu. A senhorita Amélia veio informar que a diretora não poderia nos receber, por algum problema pessoal, então ficando ela com a missão em nos informar as regras e tirar algumas dúvidas que pudéssemos ter.

    As regras eram as seguintes:  Nada de brigas. Nada de atrasar nas aulas, se não era uma advertência garantida. Nada de maquiagens, só poderia usar algum hidratante labial e pronto, brincos grandes nem pensar, então fizeram Anna tirar as argolas douradas que ela usava, sem bonés o que fez o garoto de descendência Oriental resmungar também tendo que tirar o boné e entregar para Amélia, e sem celulares, ou seja, sempre teríamos que deixar nossos celulares em um armário no prédio da secretaria e só buscá-los no dia de voltar para casa, o que me fez lembrar que prometi que sempre atenderia quando Miguel ligasse, ele vai pensar que não cumprir a promessa…

— Alguma dúvida? – ninguém se pronunciou. — Ótimo! Aqui estão as chaves dos armários, e o mapa do colégio. – cada um foi pegando suas chaves, a minha era número 18. — Boa sorte crianças e um bom dia!

(Nem) Todos os Clichês São IguaisOnde histórias criam vida. Descubra agora