CAIO - O METEORITO

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Parte 01
Eram 3h da manhã quando Caio recebeu aquela maldita ligação.

-- Porra Miranda, é de madrugada.

-- Me ajuda. Eu acho que matei alguém.

Caio levantou da cama bruscamente e sentiu uma leve tontura. Sentiu um arrepio subindo de sua coluna até a nuca. Pegou o carro e dirigiu até a pequena floresta que cercava a cidade e encontrou um outro carro. Viu uma pequena trilha e seguiu por ela, iluminando o caminho com uma lanterna. Galhos quebrados, pegadas, folhas misturadas na lama. Com certeza eram sinais de luta, conflito. Por fim, se assustou quando viu Miranda todo sujo de uma estranha mistura de sangue e lama. Ele estava ofegante e sua expressão era de terror. Suas mãos tremiam e ele balbuciava palavras aleatórias.

-- Cara... Que porra tu fez aqui?

Parte 02
Caio se aproximou do homem que estava no chão, desacordado. Sentiu o pulso e constatou que ainda estava vivo, porém inconsciente.

-- Senta aí. Respira e me fala: o que diabos aconteceu aqui?

-- Eu tava com o Lisboa, a gente... a gente ficou até tarde estudando com uns amigos dele e esse desgraçado (o homem desacordado) disse que levaria a gente pra casa, uma carona. Então ele trocou de direção, veio pra essa mata esquisita e começou a dizer que ia matar a gente. O Lisboa saiu correndo mata a dentro e eu reagi, começamos a brigar e...

-- Calma, fica calmo. - Disse Caio, apertando seus ombros.

Miranda ainda estava ofegante e o coração disparado. Adrenalina e cortisol inundavam suas veias.

Parte 03
-- Fica sentado e não sai daqui.

Caio andou mais alguns metros na trilha, cercado de escuridão, enxergando apenas o que a lanterna iluminava. Arbustos se moveram, jogou a lanterna, não viu nada. Escutou passos atrás dele, iluminou e não viu nada.

-- É um maldito filme de terror?

-- _Quase_.

-- Lisboa?

Caio o iluminou e viu uma 'besta'. Seu cabelo estava penteado pra cima, espetado. Seus olhos estavam verdes e possuía um sorriso maligno. As veias brilhavam a cor verde e saltavam em seus braços, pescoço e testa.

-- _O Lisboa não está aqui..._

Caio ouviu um barulho atrás de si, como se uma bola estivesse rolando, até que encostou em seu calcanhar.

Parte 04
A 'bola' estava suja e grudenta e parecia ter... cabelos. Meu Deus!

Caio saltou pro lado com um sincero nojo e iluminou apenas para que tivesse certeza: Miranda havia arrancado a cabeça daquele homem e agora estava ao lado de Lisboa, com os mesmos olhos verdes e o sorriso maldoso.

-- Merda! O que vocês fizeram? Seus loucos!

-- _O meteorito... ele nos escolheu e a sua fome é grande..._ - Disse Miranda.

-- _Vocês foram fáceis. E agora Caio... arrancaremos a sua cabeça e vocês dois servirão de alimento ao glorioso meteoro._ - Disse Lisboa.

-- OUMUAMUA! - Ambos gritaram.

Parte 05
Subitamente, a lanterna de Caio se apagou e a escuridão começou a cercá-lo. O único sentido de luminosidade era o meteorito fumaçante, preso na terra, que brilhava um verde forte e intenso por suas rachaduras. Caio percebeu que estava descalço e sentiu a lama percorrer-lhe os dedos dos pés. Aquele verde era brilhante e bonito aos seus olhos. Se fosse até lá, não ficaria mais na escuridão. Os sussurros começaram.

-- _Mensageiro..._

-- _Somos de muito longe..._

-- _Nós chegamos primeiro..._

-- _OUMUAMUA..._

Caio foi seduzido. Começou a andar em direção ao meteorito e a cada passo que dava, os sussurros tornavam-se mais altos e numerosos. Quando chegou bem perto, Lisboa e Miranda apareceram ao seu lado.

Parte 06
Caio voltou a si e percebeu a desgraça que estava prestes a acontecer. Lisboa o empurrou e ele caiu de barriga, em cima do meteorito. A luz verde começou a soltar uma gosma, uma substância espessa, que começou a corroer sua pele.

-- Socorro! Socorro! SOC-

Caio gritou inutilmente, até que sentiu um forte baque em seu pescoço e em seguida, tudo escureceu. Algo estranho tinha acontecido, ele podia observar a escuridão ao seu redor. Sua cabeça estava no lugar, em cima de seu travesseiro. A sua barriga não tinha queimaduras e sua cama continuava bastante confortável. Fechou os olhos e respirou fundo. O celular tocou. Eram 3h da manhã. Miranda estava ligando.

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