MARINETTE
Um anagrama. Fazia todo o sentido.
Os números acima das frases eram nada menos que uma dica, para sabermos o que fazer.
Olhei para as letras que formavam aquelas palavras, atenta.
Eu não fazia a menor ideia do quê Kubdel queria entregar a Chat Noir e eu, mas eu conhecia o pai da minha amiga, e sabia que se ele não queria que mais ninguém soubesse o que era, não deveríamos contar para mais ninguém.
─ "Leonardo Da Vinci! The Mona Lisa!" ─ Chat Noir falou após certo tempo ─ O anagrama ─ Esclareceu.
Eu não podia negar: ele era inteligente.
Talvez tenha se formado em criptologia. Nunca tínhamos conversado sobre esse assunto, então eu não fazia a menor ideia do curso em que o loiro se formara na faculdade.
Mas eu sabia que ele tinha descoberto sozinho o que a mensagem de Kubdel nos dizia.
Caminhei até o outro lado do corredor em silêncio, analisando o quadro nda Mona Lisa.
Obviamente, Kubdel não iria estragar tal obra para nos passar alguma mensagem. Talvez tivesse escrito algo no vidro.
─ Alix, pode me emprestar essa sua lanterna de luz negra?
─ Claro ─ Jogou o objeto em minha direção.
Apertei o botão e apontei a luz para o vidro, passando devagar pelo local, cuidando para não pular nenhuma parte. A lanterna não era muito grande e a luz não pegava o vidro inteiro.
A Mona Lisa. Acho que aquele era o quadro mais famoso do Louvre, senão do mundo. Mesmo sendo uma obra que absolutamente todos conhecem, ninguém sabe ao certo o que ela representa. Existem várias teorias em relação a isso. Alguns acreditam que aquela foi uma representação de Leonardo Da Vinci em uma versão feminina. Alguns dizem que seria um retrado da mãe do pintor.
Estudos indicaram que, o véu usado por Mona Lisa no quadro, era bastante usado por mulheres grávidas na Itália durante o século XVI. Realmente é uma obra de arte que causa muita curiosidade em algumas pessoas, já outras, não ligam tanto para esse tipo de coisa.
Assim que passei a luz no canto do vidro, as letras apareceram.
─ “So dark the con of men” ─ Li em voz alta, para que todos naquela sala ouvissem.
─ So dark the con of men... ─ Chat Noir repetiu em um murmúrio ─ Talvez outro anagrama.
─ É bem provável ─ Respondi.
─ Façam o seguinte ─ Fache começou a falar ─ Deixem seus contatos com duas pessoas da nossa equipe em quem possamos confiar. Vão para suas casas. Vamos enviar essa mensagem para o Departamento de Criptografia e lhes contataremos em breve. Agora, descansem um pouco.
─ Isso significa... Revelar nossas identidades? ─ Achei melhor perguntar para confirmar.
─ Aham.
─ Não tenho certeza se essa é uma ideia segura.
─ Olha, essa é a única forma de termos contato com vocês. Não estou pedindo para revelar sua identadade para toda a cidade.
Engoli em seco. Tá. Teria que revelar minha identidade para duas pessoas de confiança. A pessoa presente naquele local em quem eu mais confiava era Chat Noir. Mas não adiantaria nada termos o cantato um do outro e ninguém da polícia ter o nosso. Então revelar para ele estava fora de questão.
Pensei um pouco sobre o assunto.
Não fazíamos a menor ideia de quanto tempo levaríamos para acabar com tudo aquilo. Poderíamos levar horas, dias, ou até meses. E eu ainda tinha que ir até o estúdio para fazer as gravações do filme. Não podia passar vinte e quatro horas trancafiada naquele corredor do museu. Aquela nem era uma opção.
─ Tá. Alix, Max, posso confiar em vocês? ─ Sabia que podia, mas perguntei mesmo assim.
Alix apenas assentiu. Max pareceu meio receoso, mas concordou.
Eu os conhecia desde a época da escola e já tinha confiado um miraculous para ambos. Se tinha alguém ali em quem eu sabia que poderia confiar, era eles.
Max estendeu o bloco de anotações e a caneta que segurava em minha direção e os peguei, escrevendo o número do meu celular. Chat Noir escreveu o dele na folha seguinte, para não correr o risco de ver o meu. Não quis arriscar a possibilidade de ele ter memória fotográfica e acabar decorando meu número só de olhar uma vez. Já estava me arriscando de mais ao revelar minha identidade para Max e Alix.
***
alix: [reencaminhada] pergunta pra Ladybug se ela pode me encontrar hoje às 18:30.
alix: Chat Noir me pediu pra te mandar essa mensagem.Encarei a mensagem de Alix por alguns segundos. Aquilo era sério?
Estava començando a achar que Chat Noir em sua forma civil era um desocupado que não tinha absolutamente nada para fazer, então ficava por aí, andando sem rumo por Paris.
ladybug: você tá zoando?
alix: acredite, não estou.
alix: tive essa mesma reação, não se preocupe.Por mais ridícula que fosse aquela ideia, aceitei. Sei lá. Chat Noir era um cara legal, apesar de tudo. Ele era meu melhor amigo e nós não conversávamos muito. Principalmente nos últimos dias.
─ E você acha mesmo que é uma boa ideia ir?
─ Ah, não sei. Acho que sim. Quero dizer, não é como se eu fosse revelar minha vida toda para ele, sabe. Além do mais, nós já derrotamos o Hawk Moth e nem temos mais muito com o que nos preocupar.
Tikki sorriu. Acho que ela estava feliz por eu estar me abrindo mais com Chat Noir. Mas aquilo não significava muito. E eu sabia o que a kwami pensava, apesar de não ter comentado isso com ela.
Naquele momento tudo o que eu queria era passar o tempo com meus amigos, sem me preocupar com relações amorosas. Eu não me sentia preparada para nada desse tipo. Na verdade, estava começando a sentir medo de me envolver amorosamente com alguém novamente algum dia. Acabei ficando com medo de que pudesse ser magoada novamente.
***
Joguei o ioiô na estrutura do prédio logo a minha frente, impulsionando meu corpo, saindo mais uma vez do chão e sendo puxada pelo fio do objeto, recolocando os pés no chão logo em seguida e guardando o ioiô em minha cintura.
Não ia mentir. Tinha sentido falta daquilo. De pular nos telhados de Paris e ter visões da cidade de ângulos que mais ninguém via. A sensação de liberdade. Era uma sensação boa e eu não a trocaria por nada.
Chat Noir estava sentado, de costas para mim, observando a cidade a sua frente.
Me sentei ao seu lado.
─ Hey, Bugaboo.
─ Tá, por que me chamou aqui?
─ É muito bom te ver também ─ fez uma expressão exagerada, fingindo estar ofendido, ao levar as mãos sobre o peito.
─ Desculpa. É muito bom te ver, chaton
─ Uh, chaton. Acho que eu posso me acostumar com isso ─ Falou sorrindo.
─ Bobo ─ Empurrei seu braço de leve, balançando meu corpo para o lado, sorrindo.
─ Eu sei que você me ama.
─ Não força.
Não sei o porquê, mas senti minha boca seca. Não fazia muito sentido, tinha bebido água antes de sair de casa. Ignorei esse pequeno detalhe. Não devia ser nada de mais. Só uma sensação ruim momentânea.
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Strangers
Fanfiction❝ O medo rouba sonhos, destrói esperanças e te impede de viver. Vai deixar o medo vencer? ❞ Marinette Dupain-Cheng, uma famosa atriz parisiense, vive sua vidinha perfeita, junto com seu namorado, mas não imaginava que o erro de outra pessoa poderia...