02.12 | I can't

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MARINETTE

Parei em frente a porta de casa e abri minha bolsa, tentando encontrar a chave. Eu sabia que estava ali, até porque eu tinha usado ela há algumas horas quando saí de casa para ir a minha consulta com a psicóloga.

Onde está?

Tirei algumas coisas dali. Tinha coisa dentro daquela bolsa que eu nem me lembrava da sua existência. É nisso que dá só sair tacando tudo dentro da bolsa sem organizar.

Desde quando eu tenho remédios para dor de cabeça na bolsa?

Eu tinha procurado aquele remédio feito uma louca na semana passada e não encontrei, então tive que correr até a farmácia mais próxima - que por sinal não é assim tão perto da minha casa - e comprar mais. Eu estava com uma dor de cabeça horrível e nem pensei em procurar na bolsa.

Eu poderia descer até a padaria e pegar a chave da minha mãe, mas eu sabia que a minha estava naquela bolsa e não queria ter que ir até lá pedir aquilo para ela. Acho que quero mostrar que posso ser independente, mesmo que seja com um ato assim tão simples.

Parece que desde que as coisas entre mim e Luka mudaram, as pessoas estão mais preocupadas comigo, como se eu fosse uma criança de seis anos que não consegue nem mesmo fazer o almoço sozinha.

─ Marinette? ─ Dei um pulo com o susto.

Eu conhecia aquela voz. Muito bem, na verdade. Eu só pensei que estivesse sozinha ali, por isso me assustei.

Me virei e me deparei com Adrien.

─ Ah. Oi.

─ Oi ─ Eu não sabia se devia voltar a vasculhar a bolsa ou olhar para ele ─ Sua mãe disse que você estava aqui em cima.

─ Ah, sim. Acabei de chegar.

─ Será que podemos conversar?

Pelo seu tom de voz, me pareceu ser algo importante.

─ Tá. Claro. Espere só um segundo.

Me agachei no chão e coloquei a bolsa em minha frente, finalmente tirando as coisas de dentro dela.

No fim, acabei encontrando a chave no bolso pequeno, cujo eu só usava para guardar a chave de casa. Não sei como fui me esquecer de olhar ali. Eu sempre deixo a chave ali.

─ Pronto.

Joguei as coisas de volta na bolsa e me levantei, como se aquilo nunca tivesse acontecido, e abri a porta, a fechando logo após de ter entrado, acompanhada de Adrien.

Eu não fazia ideia do porquê de ele estar ali na minha casa, mas foi bem fácil saber que era algo importante apenas ao notar sua expressão.

─ Quer alguma coisa? Água? Suco?

─ Não, obrigado. A Manon está aqui?

─ Não. Ainda não chegou da escola.

Peguei um copo com água gelada na cozinha e me sentei no sofa, bebendo um gole em seguida.

─ Então... Aconteceu alguma coisa?

─ Eu sei que você é a Ladybug.

Ele foi bem direto.

No momento em que essas palavras chegaram ao meu ouvido, eu quase engasguei com a água que estava bebendo.

Rapidamente, lhe lancei um olhar de confusão, como se eu não fizesse ideia do que estava falando. Naquele momento, eu tinha que fazê-lo pensar que aquilo era uma paranóia de sua mente e que eu não poderia, em hipótese alguma, ser a Ladybug.

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