II - A verdade é que eles se amavam mais do que qualquer coisa...

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Bem distante daí, Jéssica, que vivia na cidade das acácias rubras, acordara feliz graças á noite romântica que Dário seu namorado a proporcionara, sua felicidade durou até olhar-se ao espelho, de repente, muito de repente Jéssica começou a sentir-se feia, e aí ficou deprimida, e graças a sua "bipolaridade", em um dia afundou em um estado de depressão, que uma pessoa "normal" levaria um mês pra alcançar tal nível de depressão. Passara a manhã toda no quarto, destruíra o espelho do seu quarto, pois aparentemente esse era o culpado da sua tristeza naquele dia. Para seus pais aquilo não era nenhuma novidade, era só mais uma crise de Jéssica, já já ela volta ao normal. Mas ela não voltou, a crise já ia no seu terceiro dia e ela estava cada vez mais instável, e naquele terceiro dia, Jéssica saiu de rompante do quarto e antes que alguém a obstruísse, ela correu até ao terraço do seu prédio que fica no coração da cidade de Benguela, prostrou-se na beira do terraço e ameaçou atirar-se para o chão que fica a 60 metros do terraço caso alguém se aproximasse, bem ela ia se atirar de qualquer jeito, mas se alguém se aproximasse, ela ia atirar-se na hora, mas esse não era o plano, ela queria antes que os seus familiares a ouvissem - esses eram os termos.

-EU sou feia, eu sou muito feia, eu não mereço viver. Ela dizia repetida vezes, enquanto chorava. Se um estranho às crises de Jéssica visse aquela cena, acharia ilógico aquilo, como ela pode se achar feia, quando é linda de morrer? O estranho se perguntaria, pois é, Jéssica era linda, muito mais linda do que vocês caros leitores estão a imaginar, tentem apenas multiplicar por 10 o rosto que vocês imaginaram e o resultado dessa multiplicação elevado ao expoente de 2, sim é preciso cálculos exponenciais para calcular a beleza de Jéssica, de tão linda que ela era, e como podem ver através dos vossos resultados Jéssica era realmente linda, portanto só mesmo o bipolarismo pra explicar essa feiura de Jéssica. A noite estava a invadir o céu e Jéssica continuava a dar o seu show, "Eu sou feia" ela cantava, a essa altura já era sabido que ela não iria atirar-se prédio abaixo, tanto que a multidão já havia se dispersado, exceto alguns cinegrafistas que filmavam o escândalo da Jéssica boazona pra mais tarde difundirem nas redes sociais. Estava na hora de baixar as cortinas daquele espetáculo, então os pais de Jéssica recorreram ao último recurso antes de um possível internamento. Dário, seu namorado, esse era o último recurso, foi ele que das outras vezes a salvara das supostas "tentativa de suicídio", Dário não a via desde a noite romântica que os dois tiveram, há três dias, ele bem que tentara mas as ordens de Jéssica eram bem claras. - O Dário não pode me ver assim, FEIA, dizia ela. Seus pais cumpriram as ordens até aquele momento. Quando Dário chegara ao local, Jéssica desmoronou.

-Não, tu não podes me ver, mor, eu estou muito feia pra ti. As lamentações de Jéssica eram de cortar o coração, pareciam as de uma viúva chorando pelo seu marido já ido a anos. - Não, tu não podes fazer isso comigo. Dizia enquanto escondia o rosto com as mãos, que ficavam encharcadas de lágrimas.

- Jess, meu amor vem pra mim. Essas eram as palavras mágicas, tão mágicas que Dário não precisava repeti-las, e lá estava Jéssica caminhado até Dário que se encontrava ajoelhado, como se aquelas palavras exerciam sobre ela um certo encanto quando fosse Dário a proferi-las. E assim dava-se por terminada mais uma crise de Jéssica.

A verdade é que eles se amavam mais do que qualquer coisa, Dário por exemplo, estava disposto a amar Jéssica pra vida toda mesmo sabendo que teria que suportar suas mudanças de humor, que mudavam á velocidade da luz, Jéssica ora estava bem, ora estava triste, ora super feliz, ora estava a ter algo parecido com TPM elevado á mil tristezas multiplicado por dois, sim o mau humor da Jéssica é pesado, mas Dário tinha o seu amor, que estava muito acima de qualquer mau humor que precisava de cálculos exponenciais para ser explicado. Jéssica também amava muito Dário, amava tanto que lhe parecia impossível alguém tão... tão... tão... como Dário ama-la (infelizmente não existe um adjetivo no vocabulário dos homens pra classificar o jovem Dário no ponto de vista de Jéssica). Pois é, Dário era tão.... para Jéssica que ela não sentia-se bonita o suficiente para ele (tah explicado). Seu amor evoluiu tanto que lhe causou uma mutação, o transtorno bipolar, e embora seja matematicamente impossível, Jéssica temia que alguém mais linda que ela aparecesse do nada ou de Luanda e levasse Dário para longe dela, o medo a consumia, por isso a insegurança e as depressões. Os dois realmente se amavam mais do qualquer coisa.


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