Prólogo.

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   A neve ao redor, o vento frio, tudo contribuía para que nossos corações batessem mais forte, seus olhos amarelos brilhantes, transbordando sentimentos indecifráveis. Não sabia o que fazer ou dizer, então comecei a recuar, um passo de cada vez, para não sucumbir à imensidão branca, coberta de neve.

   Enquanto eu recuava, a criatura avançava, deixando marcas profundas na neve com cada passo pesado. Sua respiração formava nuvens de vapor no ar gelado, e, apesar da monstruosidade de sua aparência, havia algo quase melancólico em sua expressão.

- Por que você me teme? - Sua voz era rouca, mas carregava um peso de solidão que me pegou de surpresa.
- Não sou o monstro que você imagina.

   Hesitei, ainda incerto sobre suas intenções, mas algo em seu tom me fez parar.
- O que você deseja? Quem você é, de fato? - perguntei. Insatisfeita com minha própria pergunta, indaguei novamente.

- Por que se oculta sob essa grande capa escura?

   Ele tentou se aproximar sem me assustar, exibindo suas mãos humanas. Fiquei tão surpresa que permaneci imóvel, totalmente paralisada. Pensava: como uma criatura de tamanho colossal poderia ser um humano?

   Observando o homem que se assemelhava a uma criatura, com quase dois metros de altura, ele retirou o capuz lentamente, de maneira tão desprotegida, que me perdi em seu rosto.

   Um rosto tão delicado, marcado pelo sofrimento, não parecia ter a intenção de me ferir. Seus cabelos negros destacavam-se contra a neve branca; sua pele pálida, que se tornava rubra com o toque dos flocos de neve, contrastava com a escuridão ao redor. A única característica não humana que possuía eram suas orelhas pontiagudas e avermelhadas e seus olhos amarelos que, mesmo na escuridão mais profunda da noite, ainda brilhariam.

   Eu, uma mulher tão pequena comparada ao lado desse homem, Encantada pela beleza desse grande homem, que talvez não fosse inteiramente humano, baixei minha guarda, mesmo ciente do perigo. Não hesitei e me aproximei. Então, perguntei: - Por que se esconde sob essa capa? Um homem de tal beleza...

   No mesmo instante, ele respondeu: -Não sou completamente humano; sou meio feérico. Venho do reino das fadas.

   Com a revelação de sua natureza feérica, não entendia o motivo de um habitante do reino das fadas estar aqui diante de mim,o homem parecia menos ameaçador e mais misterioso.
- Venho em busca de ajuda. Ele disse, sua voz um sussurro contra o vento cortante.
- Meu reino está em perigo, e acredito que você possa ser a chave para salvá-lo.

  Eu não sabia como responder. Eu, uma simples mortal, ajudar no resgate de um reino mágico? Era algo saído de um conto de fadas, mas a urgência em seus olhos amarelos me convenceu de sua sinceridade.
- Sua irmã, é a grande feiticeira do reino, servindo diretamente ao rei... - Ele fala, continuando. - Mas, a uma semana atrás, ela lançou um feitiço que deixou o reino em uma estado caótico, deixando todos doentes, principalmente o rei.

"Um reino mágico em perigo", pensei, enquanto tentava processar as palavras do feérico. "E eu, uma mera humana, sou a chave para salvá-lo?"

   Minhas mãos tremiam, mas algo dentro de mim se agitava. Talvez fosse a curiosidade, ou talvez a esperança de que, de alguma forma, eu pudesse fazer a diferença. Engoli em seco e reuni coragem para responder:

- Por que eu? - minha voz soou frágil, mas firme. - O que posso fazer pelo seu reino?

- Você e sua irmã compartilham o mesmo sangue, provavelmente a mesma magia. - Continua ele. - Ela está enfraquecida, você posso assumir o lugar dela para desfazer o feitiço.

- E se eu falhar? - perguntei, temendo a responsabilidade que agora pesava sobre meus ombros.

  Ele sem responder minha pergunta. Avançou para cima de mim e agarrou minha cintura, entrou para dentro da floresta, pulando árvore por árvore, com uma velocidade a normal. Sem entender nada me debate contra seu corpo, querendo sair do seus braços desesperada, Quando solto uma palavra, adormeço.

   A noite se estendia como um véu sombrio sobre o reino das fadas. O vento uivava entre as árvores retorcidas, e a lua, pálida e misteriosa, lançava sua luz sobre o cenário gótico que se desenrolava diante de mim.

  Quando acordo o feérico observava cada traço do meu rosto. Seus olhos amarelos pareciam penetrar minha alma, sondando minhas dúvidas e medos. A urgência em sua voz ecoava como um lamento ancestral.

- Respondendo sua pergunta... - continua ele. - por que você? - ele repetiu, os lábios se curvando em um sorriso enigmático. - Porque você é a única que pode cruzar a fronteira entre os mundos. Sua conexão com o mundo humano e sua herança mágica são a chave para desfazer o feitiço.

E se eu falhar? - sussurrei, sentindo o peso da responsabilidade sobre meus ombros.

   O feérico se aproximou, tão próximo que podia sentir o aroma de folhas secas e orvalho em sua pele pálida.

- Se falhar, sua irmã morre, o rei morre e o reino das fadas será engolido pela escuridão. A magia se dissipará, e os sonhos serão esquecidos. Você é nossa última esperança.

   Conformada, aceitei meu destino, mesmo que ele fosse fora da realidade que eu jamais imaginei viver.

- Conte-me o que preciso fazer - declarei, com a determinação de salvar o reino.

   O feérico assentiu, e as sombras se fecharam ao nosso redor. A jornada estava prestes a começar, e eu, uma mortal perdida em um mundo de magia, estava prestes a descobrir que os contos de fadas eram mais reais do
que já vi.

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⏰ Última atualização: Mar 19 ⏰

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