Capítulo 1

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A festa de Jude tinha sido um caos total. Como sempre. Ele não deveria mais fazer festas sem limite de álcool e eu não deveria participar mais delas. Nos juntamos eu, minha fiel escudeira Loren, John e Michael, o qual tentou a noite toda me pegar, incontáveis vezes, beirando um desespero absoluto, quase vergonhoso, para ele.
- Acho que temos que fazer aquela brincadeira hoje a noite- Loren disse mais caindo do que realmente andando.
- Você acha que temos idade para isso ainda?- John questionou, com razão, aquela ideia era idiota. Estávamos na frente da casa, fora do alcance dos demais bêbados.
- E lá tem idade certa para conversar com os mortos? Quando estamos alcoolizados, fica tudo mais fácil- ela disse como se fosse a ideia mais inteligente da noite.
- Eu não acho que deveríamos- tentei ser a única ser pensante entre eles.
- Qual é? Está com medinho?- Michael me perguntou, olhando diretamente nos meus olhos, enquanto passava os braços pelos meus ombros e foi o bastante para eu querer ir e não aceitar desaforo de macho.
   Fomos no carro de John que apesar de embriagado, dirigia melhor que Loren, o que agradeci mentalmente. A ideia inicial de Loren era irmos para a famosa mansão mal-assombrada da cidade ao lado, que não ficava muito longe, mas que eu nunca tinha ido. Era conhecida como o local onde muitas jovens perderam a virgindade, outros morreram e que era possível ouvir o barulho de correntes de fantasmas que estavam presos lá. A ideia não melhorava com o tempo.
- Você sempre tem cara de brava mesmo?- Michael me perguntou enquanto ouvíamos a música super alta que John havia colocado no carro, quase fazendo meus ouvidos sangrarem.
- São seus olhos, eu exalo simpatia sempre- tentei usar meu maior tom de desdém.
- Não estou julgando. Acho que fica uma gata assim. Gosto de meninas selvagens- ele tentou fazer contato, puxando uma mecha de cabelo que tentava ficar na frente dos meus olhos.
Para minha sorte e a dele, pois estava pensando na melhor resposta que eu poderia dar agora, chegamos. Já havia ficado com ele algumas vezes, então estava acostumada com seu jeito chato, mas infelizmente minha carne era fraca e ele beijava bem, talvez deixasse ele me dar alguns pra não ter que ficar de vela com Loren. A casa era acinzentada, com paredes descascando, num pé direito duplo, que se tivesse sido finalizada, hoje valeria milhões. As árvores a sua volta também não ajudavam, folhas secas, sem flores ou frutos, como se tudo naquele solo tivesse sua energia drenada, assim como a casa. Fico imaginando quem poderia já ter vivido ali, as festas que poderiam ter sido feitas, pessoas que já passaram pelas portas. E agora só existiam paredes, prestes a cair, sem cor e sem vida, mas ainda assim, conseguia ver beleza naquilo. As paredes altas eram cobertas por janelas retangulares grandes, onde era possível ver a grossura das paredes, o que não se faz mais hoje em dia. A lateral tinham vitrais que a luz do dia deviam formar desenhos lindos, uma pena estarem quebradas em partes agora. Dizem que pelo menos uma vez na semana a polícia é acionada por causa de barulhos de janelas sendo quebradas e outros atos de vandalismos que podem ser ouvidos, mesmo que as outras casas estejam a hectares de distância. Foi muito fácil entrar, os portões não ficam mais fechados devido a ferrugem, então tivemos livre acesso basicamente, assim como outras pessoas que vão lá. Para nossa sorte ou azar, estávamos sozinhos aqui hoje.
- Sophie me ajude aqui- Loren me chamou para o porta-malas do carro.
- Eu não acredito que você realmente trouxe isso- Ela havia trazido um tabuleiro ouija.
- Eu te disse que ia comprar aquele dia, eu senti que iríamos vir aqui hoje.
Aquela noite não poderia estar acontecendo. Sou cética para muitas coisas, quase tudo. Mas dizer que acho envolver seres sobrenaturais em nossas vidas uma coisa certa? Existindo ou não, acho melhor não tentarmos. Mas Loren pelo jeito não pensa assim.
- Vamos logo, tem vários segredos que quero descobrir hoje.
Em passou cambaleantes, nos arrastou para dentro da casa. No minuto que entramos, todo o álcool em meu organismos foi evaporado. A casa era tão escura por fora quanto por dentro. No mesmo segundo John e Michael acenderam a lanterna do celular. Por dentro haviam teias de aranha gigantes, que evitei olhar por muito tempo para não achar quem as produziu. Mas ainda assim, não poderia negar que no passado sua arquitetura deveria ser de dar inveja em qualquer um. O piso mesmo descascando, era de um tom amadeirado, deixava o ambiente escuro, mas eu imagino que quando limpo e bem cuidado deveria ser de muito bom gosto. O lustre que pegava todo o pé direito da casa, era enorme, infelizmente bem quebrado já, provavelmente pelos vândalos. Mesmo com as janelas grandes e a lua cheia lá fora, o lugar ficava bem escuro, as luzes dos celulares eram essenciais.
- Esse lugar me dá calafrios- Michael disse passando as mãos pelos seus próprios braços.
- Achei que você não tinha medo de nada- passei por ele, enquanto passava a mão por seu peitoral definido.
- Este lugar está perfeito, vamos subir as escadas e achar um quarto para começarmos!
  Loren amava filmes de terror, o que infelizmente explica muita coisa do por que ela quis vir aqui. John era um medroso, mas jamais deixaria de ter mais chances de ficar com ela. A loira conseguia o que quisesse apenas por ser quem ela era. Seus olhos azuis deixavam qualquer homem hipnotizado, como uma sereia. Ele jamais deixaria de ir e perder a chance de continuar comendo a mais gata da escola. Era a única razão mesmo para ele estar aqui, pois o capitão do time de futebol jamais perderia essa chance.
  Michael com seu corpo másculo, veio para ver se conseguiria ficar comigo outra vez. Havia um boato na escola de que eu era virgem, dizem até que existia uma aposta de quem seria o primeiro a tirar isso de mim. Mesmo sendo uma mentira completa, mas nunca me interessei por nenhum deles da faculdade, então não fazia a mínima diferença para mim. Ao contrário de Loren, eu tinha menos amigos, nos conhecemos quando crianças, ainda não sei porque ela ainda anda comigo, acho que por termos essas esquisitices em comum, como filmes de terror.
  Ela foi na frente, no andar de cima e encontrou um quarto grande, com algumas garrafas de vidro espalhadas, algumas quebradas, deixadas em círculo, o que deixava o ambiente mais macabro ainda e agradeci por não ter cheiro de xixi igual senti em alguns lugares no andar de baixo. A cama grande encostada na cabeceira de madeira escura lapidada, se encontrava sem lençóis ou cobertas, o colchão todo manchado, que não fiz questão de tentar identificar com o que, mas era o qual ficava exatamente para a frente da casa, tendo parcial iluminação pela lua, não fazendo necessário que usássemos as luzes mais.
  Colocou o tabuleiro no chão e nos pediu que sentássemos em roda, para minha sorte, mesmo sendo um idiota, Michael trouxe uma garrafa de vodca, minha bebida preferida, quase nem briguei por ter passado as mãos nas minhas pernas antes de me passar a garrafa, pois sabia que seria agraciada com aquele sabor. Deixei que ele me desse alguns beijos no pescoço nesse meio tempo, até para me fazer relaxar. Minha sorte era que ele era bom nisso, quase conseguia me deixar excitada.
- Vocês sabem as regras né? Vamos fazer uma pergunta e então colocar nossas mãos nessa espécie de triângulo, quem quer que esteja aqui, vai nos dar as respostas.- ela dizia com uma animação que eu nunca vi igual, ela estava feliz, o que me deixava feliz.
- Gata você acha mesmo que um fantasma ou algo assim vai mexer nisso aqui?- John disse ao se sentar ao seu lado, enquanto eu e Michael nos sentávamos lado a lado na frente deles. John aproveitou e deu um beijo nela, o qual foi ficando quente, quase presenciei ela se sentando no colo dele e terminando o serviço.
- É óbvio! Nunca assistiu filmes de terror?- disse cada palavra entre beijos.
- Vamos logo com isso- corte para que começássemos logo e ela percebesse que isso só acontecia em filmes de terror e essa noite acabasse logo. Ou ao invés de filme de terror, eu presenciaria um filme de pornô  muito mal feito.
- Quem gostaria de começar?- Loren batia palmas em animação. Colocamos todos as mãos sob a peça.
- Loren vai me deixar come-la hoje a noite?- John perguntou sério e no mesmo segundo Loren deu um tapa nele.
- Você não precisa de um tabuleiro para saber a resposta- ela deu uma piscada.
- A Sra Hamilton está mesmo ficando com o Sr Wisley? - John perguntou e todos mexeram que SIM em brincadeira.
Rimos, era uma fofoca nova no campus de que a professora careta de física estava ficando com o treinador do futebol, que era todo malhado, garanhão, que sabíamos que também dava encima de várias alunas, inclusive uma vez tentou fazer isso com a Loren.
- Vou conseguir ficar mais com a Sophie hoje?- Michael perguntou e senti a peça se mexer, indo diretamente ao SIM, depois da risadinha dos outros dois eu tinha certeza que isso tudo era uma brincadeira chata e já estava ficando cansada. Estava prestes a levantar, quando a Loren puxou minha mão.
- Estávamos brincando. Vamos fazer sério agora. Todos coloquem as mãos no triângulo, no centro, vamos ver quem está aqui. Tem alguém aqui agora com a gente?- Ficamos segundos em silêncio. Nada se mecheu- Alguém?
Uma porta no andar de baixo bateu e todos olhamos para a porta do quarto em que estávamos para ver de onde o som viria, estava com uma leve brisa lá fora, mas nunca forte o bastante para bater uma porta. Foi então que senti minha mão ser levada, diretamente ao SIM. Olhei para todos assustada.
- Tá bom. Quem foi que mexeu?- pelo olhar de medo e não uníssono, deduzi que não tínhamos sido nós.
- Meu Deus, tem alguém mesmo aqui!- Loren era visivelmente a única pessoa gostando disso, eu ainda tinha dúvidas de se algum deles fez isso, mas Michael agora bebia um gole grande da garrafa de álcool e John olhava para sua quase namorada em total terror- Precisamos saber mais coisas! Você morava aqui?
Nisso a peça mais uma vez movimentou ao sim, neste mesmo segundo, retirei minha mão da peça e me levantei novamente para ir embora.
- Chega dessa brincadeira!- sai do quarto em direção ao andar de baixo, mesmo sem ver se alguém me seguia.
Michael me alcançou indo em direção a outro quarto, achei que estava indo em direção as escadas, claramente perdida naquele novo ambiente, a escuridão e ao álcool. Ele se aproximou de mim, seu cheiro de álcool e colônia fundiu minhas narinas. Ele era muito bonito, alto, do time de futebol, todas as garotas eram apaixonadas por ele. Já ficamos algumas vezes anteriormente, mas jamais passou disso, alguns beijos para passar o tempo enquanto Loren e John ficavam.
- Eu não deixaria nada te acontecer- ele disse como se também não estivesse prestes a mijar nas próprias calças. Se aproximava mais e mais de mim, até o ponto em que eu estava encostada na parede lateral a porta de entrada do novo quarto, encurralada, quase excitada com aquela situação, como disse, gosto de filmes de terror, aquilo tudo, mesmo bizarro, ainda conseguia me deixar assim.
- A sim, e o que você faria exatamente?- perguntei o olhando de baixo para cima. Sabia exatamente como seduzir ele e ainda me aproveitar da fama de virgenzinha.
- Iria te distrair.
Michael colou nossos corpos frente a frente na parede, sentia o material áspero em minhas costas nuas pela minha camiseta que era apenas amarrada no pescoço e na lombar, que eu achava que valorizava meus seios. Ele aproximou nossos corpos e começou a me beijar. Isso nunca poderia negar. Ele sabia beijar uma mulher. Os beijos foram ficando cada vez mais intensos e ferozes, sentia meu corpo todo se arrepiando, fosse pelo medo ou excitação, eu gostava disso. Ele começou a descer os beijos pelo meu pescoço enquanto eu passava as unhas por seu cabelo. Era impossível não gemer naquela situação, sentia minha buceta contrair em imaginação do que poderia acontecer, mesmo eu não querendo aquilo, infelizmente não controlava meu corpo. Fazia alguns anos que já havia perdido minha virgindade, apenas não havia contado a ninguém e também transava com ninguém da faculdade, mas não podia negar que gostava de sexo e muito.
- Você é tão gostosa, nem acredito que nunca te tocaram assim- ele continuava a traçar os beijos, achando que aquilo tudo era verdade, o que quase me fez rir, mas o deixei continuar para que eu pudesse aproveitar um pouco.
Pela minha blusa ser amarrada no pescoço, ficava um profundo decote em duas alças, que desenhava meus seios, virando um corset justo na minha barriga. Ele passou a querer beijar no meio dos meus seios e o deixei. Deixaria abocanhar um deles para que não parasse de quase me dar prazer. Foi o que ele fez. Tirou um de meus seios da alça do top e começou a chupa-lo me fazendo arquear as costas para trás mesmo sendo quase desconfortável pela textura da parede, eu poderia quase gozar com aquilo, se ele não fosse tão chato. Com aquilo, minha posição, podia sentir seu pau roçando minha frente sob nossas calças jeans, novamente quase me levando a loucura. Retirou meu outro mamilo do top e continuo a estimular com uma das mãos um, enquanto chupava deliciosamente o outro. Talvez ele saiba mesmo como usar a língua posso dizer. Mas eu nunca transaria com ele, iria usa-lo até meu limite, sem dar o que ele acha que vai conseguir. Essa altura do campeonato Loren e John já deviam estar transando loucamente, talvez até sob o tabuleiro do jeito que ela tem fetiches estranhos.
- Olha o que está fazendo comigo- ele pegou minha mão indo em direção ao pênis dele que já se encontrava duro como uma pedra, como ele estava dando tudo de si em meus peitos achei que poderia agracia-lo um pouco por cima da calça, apenas para que ele não parasse.
Ele continuou a me beijar, chupar e quase deixar marcas no meu corpo, até que sua mão direita começou a descer indo em direção aos meus botões da calça.
- Michael, não- tentei afastá-lo o mais forte que pude.
- Ah qual é, já fomos até aqui, me deixe sentir sua buceta vai.
Ele insistia, mesmo eu tentando tirar suas mãos de lá. Comecei a colocar meus mamilos de volta na minha blusa, novamente todo o álcool saiu do meu corpo.
- Eu não quero, estava bom até agora, mas é só isso que você vai ter- eu tentava me separar de seus braços, mas ele me prendeu forte e quase não conseguia sair.
Eu poderia transar com ele, mas eu gostava de não ser a garota mais bonita do campus, mas uma das mais desejadas, saber que todos os caras queriam poder enfiar alguma coisa eu mim e tirar minha virgindade, mesmo sendo um mito, fazia bem para minha autoestima e gostava de fazer joguinhos com ele, mas aquilo, com ele, eu não queria.
Então tudo mudou. As janelas começaram a abrir e fechar, forte como se ventos de 500km/h estivem atingindo a casa, mesmo com as árvores do lado de fora paradas. Michael parou de insistir comigo para ver o que estava acontecendo, parecia até que tudo estava ficando mais escuro. Consegui ouvir Loren gritando tentando entender o que estava acontecendo. Michael foi arremessado para longe de mim e a porta ao meu lado se fechou com uma forte batida, senti mãos grandes me girando, me deixando agora de frente a porta fechada, encurralada, com o corpo bem colado ao meu. Neste mesmo segundo Loren começou a bater mais forte na porta tentando entrar.
- O que está acontecendo aí?- ela gritava enquanto batia na porta.
Eu estava em completo choque, sem entender onde Michael estava, quem estava ali, como eu não o havia visto antes, as janelas se mexendo, não conseguia nem ao menos gritar.
- Mente- uma voz grossa me pediu enquanto colava nosso rosto prensando contra a porta. Quase não conseguia ver seu rosto e não sabia o que ele poderia fazer, olhei ao outro lado do quarto e Michael estava jogado longe, não sabia dizer se estava vivo ou não, mas imaginei que precisava mentir para ficar viva e descobrir.
- Fomos nós- gritei- estamos fazendo algumas coisas, tem camas aqui, podem ir embora!- tentei soar o mais verídica possível.
- Tá bom...- Loren parecia não acreditar 100% mas ela sabia que Michael estava tentando ficar comigo, então deve ter imaginado o que estávamos fazendo.
Escutei seus passos descendo as escadas, enquanto a pessoa atrás de mim segurava meus cabelos pressionando meu rosto contra a porta, sentia pequenas lágrimas saindo de meus olhos, estava assustada, sem entender o que estava acontecendo e estava fazendo som de silêncio para mim. Assim que escutei ela dando partida e acelerando. Fui virada bruscamente.

Sophie e a Fera Where stories live. Discover now