Meu pai é gay, e agora ?
Acidentalmente acabei descobrindo algo sobre o meu pai que nunca imaginaria. Ele é gay! Mas calma, isso não é algo para se preocupar, porque não é nenhum problema, por mais que eu não possa negar que fiquei um pouquinho choc...
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Depois de três semanas, durante a aula de física, Clara estava visivelmente mal. Perguntei o que tinha acontecido e ela apenas disse que estava um pouco fraca e enjoada, provavelmente por causa de alguma virose. Eu acreditei, pois sabia da saúde frágil dela, que também me disse que podia ser por conta dos remédios, efeitos colaterais, que isso acontecia as vezes, mas aí da assim não vai nessa conversa.
No meio da aula, Clara pediu a professora para ir ao banheiro, todos perceberam que ela estava ainda pior do que aparentava. Porque antes mesmo da professora permitir sua saída, ela simplesmente saiu correndo pela sala com a mão na boca, segurando vômito. Algo que nem teve conseguiu segurar até chegar ao banheiro, pois ali mesmo no corredor, ela vomitou na primeira lixeira que encontrou. Não demorou muito para que comentários maldosos começassem a tomar conta das conversinhas entre colegas.
"-Parece que deu dois risquinhos no teste de alguém."
"-Daqui a nove meses a gente vê o resultado."
"-Quem será que é o pai?"
"-Ela é mais rodada do que catraca de ônibus."
Aqueles comentários me irritaram muito mas não consegui dizer nada, apenas fiquei em silêncio porque sabia que não importasse o que eu dissesse ia piorar ainda mais o toda a história. Pelo menos a próprio professora pediu para que todos parassem com aquela infantilidade sem noção, o que ajudou um pouco mas não impediu que as pessoas continuassem comentando.
A própria Clara era responsável pela fama que tinha, por causa das histórias que contava, além de sempre bancar a garota sensual, provocando os meninos e o desejo que sentiam por ela. Usando de sua beleza como arma para conseguir o que queria, mas aquilo também afetava ela, como o coice de uma pistola.
-Clara você tá bem? -Perguntei no intervalo, depois que enfim consegui falar com ela.
Porque quando voltou para sala ela mesma fez questão de calar a boca de todos com seus comentários afiados. Falando que não deveriam comprar os salgados da Sofia, uma garota que vendia lanches com a família. Achei um pouco errado ela ter feito isso, porque nós dois sabíamos qual podia ser a causa daquilo.
-Calma Gus. Foi só algo que comi. Nunca mais compro nada da Sofia.
-Tem certeza que foi só isso? Pode ter sido por conta daquela noite.
-Gus! Eu não estou grávida! Não acredito que até você vai cair no papo desse povo.
-Eu tenho motivos para isso. Me contaria se você estivesse?
-É óbvio que eu contaria.
Acreditei nela, pois sabia quando Clara estava falando a verdade e quando inventava alguma coisa. Por que seu tom de voz e expressão fácil mudavam completamente, Clara era uma garota forte e as vezes até um pouco rígida, que se escondia atrás de uma fachada frágil e esteriótipada, diferente da maioria das pessoas ela escondia sua força para parecer delicada; algo que ela não sabia era que podia ser as duas coisas sem problemas.
