Capítulo 1

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 Junho, 1994

Até hoje de manhã Regulus se perguntava qual seria o problema dessa vez, qual seria a tribulação que impediria esse ano de ser tranquilo, ou ao menos sem um perigo mortal aleatório. Todos os anos tem sido assim desde que Potter entrou em Hogwarts.

Porque ser uma horcrux não é o bastante para os azares do garoto. Não, ele tinha que ter situações constantes de perigo e quase mortes.

Ele teve a vaga, e estúpida, crença por alguns relés minutos de que o maior problema que enfrentaria esse ano é Alastor Moody como novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas e nem é porque não acha o homem capaz, afinal o velho foi um renomado auror durante a guerra, prendeu vários Comensais da Morte. Ele também matou alguns como Evan Rosier, o primeiro namorado Regulus e seu ex melhor amigo, e também prendeu Barty seu outro amigo.

Regulus reconhece que ambos, os três na verdade, fizeram coisas tão terríveis que o destino foi minimamente justo no final. Mas isso não impede que seu coração doa um pouco sempre que se lembra do que aconteceu com seus amigos. E que talvez, muito no fundo, guarde um ressentimento contra o auror.

No fim do dia todos era jovens imbecis achando que sabiam tudo e eram intocáveis de algum modo. Errados. Errados em um nível sem volta para Evan e Barty que agora estão mortos.

Mas, não. Dumbledore tinha um talento que não poderia ser negado e é o de irritar Regulus até a morte com suas ideias lunáticas e inacreditáveis que desafiavam a lógica, a moral e a sanidade de qualquer um que estivesse por perto.

— Você ficou maluco — Regulus disse quebrando o silêncio da sala.

Todos ainda pareciam chocados e perplexos, até McGonagall, que se Regulus tivesse que apostar, seria a pessoa com mais chances de já estar sabendo, mas que também estava olhando para Dumbledore como se houvesse crescido uma segunda cabeça, ou como se ele tivesse perdido a que já tinha.

O que considerando a gigantesca merda que ele acabou de falar, é muito plausível que ele realmente tenha perdido a cabeça, ou que a idade o tenha alcançado e a sanidade o abandonado.

Regulus sabe que há muitas formas de se mostrar como um louco para o mundo, o Torneio Tribruxo é uma, embora ele saiba que muitos ignorarão os sinais óbvios em prol  do "entretenimento" e de poder se provar, ou provar como sua escola [entre as concorrentes] é a melhor e com um verdadeiro campeão poderoso, inteligente e habilidoso. As pessoas parecem gostar de esquecer as coisas ruins que envolve coisas como o torneio.

— Isso será uma gloriosa forma de incentivar o contato entre nossos alunos e os das outras escolas — Dumbledore continuou a sua explicação como se ninguém o tivesse interrompido.

Os dedos de Regulus batucam contra a mesa como quando ficava tão irritada que precisava extravasar sua energia, no caso gastar sua energia sem lançar algum tipo de maldição no seu diretor, chefe e colega de trabalho.

— E de ter um funeral antes do último dia de aula — comentou Septima Vector, a professora de Aritimancia.

— Posso ver — Trelawney disse uma mão na testa — um futuro obscuro.

— Novidade — Stevens murmurou ao lado de Regulus, alto o suficiente só para ele ouvir.

— O torneio é conhecido por ser um grande evento... — Dumbledore tentou continuar a falar.

— No qual as pessoas morrem ou são mutilados — Stevens interrompe Dumbledore — todos sabemos disso, por que diabos precisamos de mais um cadáver de criança para que desistirem desse torneio estúpido de uma vez por todas?

O Cálice de Fogo (Regulus Black, o Mestre de Poções - Livro 4)Onde histórias criam vida. Descubra agora