𝐷𝐼𝐴 11

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"Eu tenho uma voz, então me escute rugir essa noite".


Quando Tharion invadiu o apartamento ao lado de Bryce, dizendo que havia se espalhado um boato de que a filha da Corça e do Martelo iria lutar no poço, Lídia não acreditou nele — mas então ela viu a câmera hackeada por Declan mais cedo, onde claramente mostrava sua filha passando pela porta circular bem em direção ao ninho da rainha.

Lídia não tinha pensado duas vezes antes de pegar uma arma e sair pela porta, seu fogo já crepitando nos punhos. Ela se encontrou com Ruhn e Hunt em um armazém abandonado perto da casa da Rainha Víbora, Tharion a tira colo — afinal, fora o primeiro a saber da informação. Juntos, planejaram uma estratégia desesperada, mas era tudo o que tinham. Quando a hora chegou, entraram em ação.

Tharion serviu de distração, fingindo ter se rendido para a rainha. Então Hunt apareceu e os dois enviaram toda a guarda frontal do mercado para o Inferno. Ruhn mal conseguia acompanhar enquanto Lidia incinerava os soldados que se colocavam entre seu caminho até sua filha. Lidia era controlada pelo desespero e pela fúria, e por uma última vez permitiu que a Corça assumisse seu corpo para o resgate de sua filha.

Ela e o parceiro se separaram, e ela seguiu pelo caminho que seu coração palpitava mais forte, aquele sentimento maternal rugindo dentro dela, forçando-a a seguir direto até o poço. E, quando ela chegou ali, vendo sua filha sendo pressionada contra o chão enquanto um tritão a afogava, prestes a matá-la... Lidia deixou aquela ira impetuosa tomar conta e estendeu as mãos, enviando sua magia para os desgraçados que a prendiam. Eles queimaram por três segundos e viraram cinzas depois disso. Seu fogo não os perdoaria. Não perdoaria ninguém que fizera mal a sua filha.

Lidia pulou as arquibancadas ao mesmo tempo em que puxava a pistola do coldre e tirava a trava de segurança. Levou um segundo para que ela apontasse para a rainha e nem mesmo hesitasse ao apertar o gatilho. Lidia queimou as grades de arame farpado com as próprias mãos e se jogou de joelhos ao lado de Morana, que ainda cuspia água, olhando para ela por trás de pálpebras quase fechadas e um rosto ensanguentado. Sangue vazava do buraco na sua coxa e uma ferida feita por garras marcava a pele pálida e impecável de seu ombro. Lidia sentiu vontade de reviver o homem que fez aquilo com ela só para matá-lo outra vez.

Ela deixou a Rainha Víbora semi-morta no chão do poço e colocou a filha nos ombros, a arrastando sobre suas costas. Sairia com Morana nos braços ou morreria com ela.

Ruhn as encontrou, então Tharion e, antes que Hunt se juntasse a eles, Morana tinha desmaiado. A pele estava tão pálida e fria que parecia quase morta, assim como a Rainha Víbora. No carro, Tharion ajudou Lidia com os primeiros socorros enquanto Ruhn dirigia loucamente pelas ruas e Hunt voava em direção ao prédio de Chama e Sombra atrás de Hypaxia e seus dons de cura.

Morana continuava inconsciente mesmo depois de Lidia ter amarrado um torniquete na coxa e pressionado com nenhum pouco de suavidade um pano encharcado de remédio anti bacteriano no ombro rasgado. Sua filha nem mesmo moveu as sobrancelhas, sentindo dor ou desconforto. Parecia tão apagada quanto um cadáver. Os lábios começaram a perder a cor e os torniquetes ficaram ensopados de sangue em minutos.

— Ela não está curando — Lidia começou a repetir desesperadamente, entrando em estado de choque. Ruhn derrapou na pista, desviando de um carro lento. Lidia mal registrou a dor na lateral do corpo ao bater na parte interna da porta. Ela só continuou olhando para o rosto da filha, pousado sobre suas pernas. Tharion, na outra ponta do banco de trás, estava ofegante. — Ela não está curando.

— É o veneno — ele disse, apontando para o resquício de gosma azul no macacão cinza ensopado de água e sangue. — Entrou na corrente sanguínea. O corpo dela é igual ao de um humano agora.

✓ 𝑵𝒐𝒃𝒐𝒅𝒚'𝒔 𝑫𝒂𝒖𝒈𝒉𝒕𝒆𝒓 | (𝐶𝐶𝐼𝑇𝑌 𝑎𝑓𝑡𝑒𝑟 𝐻𝑂𝐹𝐴𝑆)Onde histórias criam vida. Descubra agora